Fetiche é um assunto muito importante para a Xplastic. Primeiro, porque somos feitos de muito fetiche: mulheres tatuadas, pezinhos lindos, shibari, cosplayers sexy e até golden shower são assuntos recorrentes no nosso blog e nos nossos filmes. Segundo, porque acreditamos em uma sexualidade plural, na qual os desejos considerados mais proibidos possam ser aceitos e vividos plenamente pelas pessoas.

As várias facetas dos fetiches

Mayanna fetiche
Nossa musa Mayanna Rodrigues é especialista em fetiche

Neste texto você poderá conhecer o fetichismo sexual em seus mais diversos aspectos: a origem do termo fetiche, o que pode ser considerado fetiche ou parafilia, como saber se você é fetichista, uma lista completa dos principais fetiches, indicação de materiais e filmes de fetiche na internet, dentre outras curiosidades. Inclusive, o texto está cheio de links para conteúdos relacionados aos mais variados fetiches. Assim, sua leitura ficará muito mais rica se você navegar por eles também.

Antes de qualquer coisa, é importante falar sobre consentimento, algo que sempre falamos aqui na Xplastic. Práticas sexuais válidas são sempre feitas entre pessoas adultas, que estejam em plenas capacidades mentais, leia-se pessoas capazes de consentir, de dizer sim e não na hora do sexo. Ou seja, tudo o que é feito sem consensualidade é abuso, seja fetiche ou não. Tendo isso em vista, podemos começar a entender os fetiches.

O que é fetiche? Freud explica

Falar de definições científicas sobre fetiches quase sempre significa recorrer às referências da psicologia, psiquiatria e psicanálise, que explicam como o sexo funciona dentro da cabecinha confusa complexa dos seres humanos.

Primeiramente, uma boa maneira de começar a explicar o conceito de fetiche é falando de Freud, o pai da psicanálise. No começo do século XX, ele trouxe uma definição de fetiche a partir do que é considerado o sexo “normal”, ou seja, o sexo com penetração entre um homem e uma mulher. O fetiche acontece quando o desejo sexual deixa de ter como foco a penetração vaginal e passa a dirigido a um substituto desse objeto sexual “normal”. Nas palavras do próprio Freud:

Geralmente é uma parte do corpo (os pés, os cabelos) muito pouco apropriada para fins sexuais, ou então um objeto inanimado que mantém uma relação demonstrável com a pessoa a quem substitui, de preferência com a sexualidade dela (um artigo de vestuário, uma peça íntima). Comparou-se esse substituto, não injustificadamente, com o fetiche em que o selvagem vê seu deus incorporado.

Freud, em Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade

Se essa menção a deus ficou confusa, vale explicar. É que na antropologia, o fetiche significa um objeto, como um talismã ou amuleto, que incorpora um espírito sobrenatural ou exerce uma força mágica. O termo passou a ser associado à sexualidade porque existe um tipo de adoração que o fetichista dirige a um determinado objeto ou situação.

Fetiche x sexo “normal”

Aliás, quando falamos em sexo “normal”, as aspas significam que é o sexo considerado normal e saudável por aqueles que defendem seus preconceitos — justamente com o sexo que não seja o padrão heterossexual voltado para a reprodução. Galen Fous, um psicoterapeuta estadunidense especializado em fetiches nos ajuda a entender a questão:

A colocação de normal entre aspas resume tudo. Hoje em dia, o normal deve ser irônico. Não existe outro normal além da norma sexual de cada indivíduo. A sexualidade é tão distinta e pessoal quanto uma impressão digital.

Galen Fous em entrevista disponível neste link

Definição de fetiche hoje em dia

9 a cada 10 fetichistas que amam pezinhos vão curtir o vídeo acima.

As definições de Freud sobre fetiche sexual não são unanimidade entre os estudiosos do tema. A antropóloga norte-americana Gayle Rubin não enxerga os fetiches como perversões da sexualidade “normal”, mas sim como resultado da vida moderna, da relação do nosso corpo com os objetos industrializados. Enfim, algo como uma nova forma de construir a sexualidade. Ela escreve:

Não vejo como alguém pode falar de fetichismo e de sadomasoquismo sem pensar na produção da borracha, nas técnicas e equipamentos usados para treinar e montar cavalos, no brilho polido das botas militares, na história das meias de seda, na fria qualidade autoritária dos equipamentos médicos (…). Nesse sentido, como pensar no fetichismo sem considerar o impacto da cidade, de certos parques e ruas, das zonas de meretrício e dos entretenimentos “baratos”, ou mesmo da sedução das vitrines das grandes lojas que empilham bens desejáveis e cheios de glamour?

Gayle Rubin, citada por Paul Preciado no Manifesto Contrassexual

Fetiche para o feminismo

Giovana Bombom em ensaio exibicionista para o Pornolândia
Giovana Bombom em cena de exibicionismo, o fetiche que muitas mulheres curtem

Dos nomes contemporâneos que falam sobre fetiche também vale mencionar a obra de Paul Preciado, um filósofo e escritor feminista transgênero. Apesar de não ser muito convencional, dele podemos retirar uma provocação contra a ideia do que é “normal” e o que é fetiche. Seu manifesto contrassexual defende a ideia da sexualização total do corpo. Se Freud tomava como parâmetro a sexualidade “normal”, centrada nos genitais e no sexo heterossexual entre pessoas cisgênero, por sua vez, Preciado propõe a construção de uma sexualidade que considere o corpo todo como detentor de potência sexual. Mas o que isso tem a ver com fetiche?

Embora o fetiche aconteça quando objetos e partes do corpo não erógenas são alvo de desejo, se ampliarmos a ideia de zonas erógenas para o corpo todo, como propõe Preciado, o que é considerado fetiche passa a ser “normal”. Afinal, se o pé tem o poder de ser tão erótico tanto quanto a vagina, não é possível fazer juízo de valor negativo sobre uma pessoa que pratica podolatria, por exemplo.

Como adaptar o fetiche à realidade?

Ensaio Pit Magrin exibicionista
Neste ensaio, Pit Magrin aparece nua numa pegada de fetiche exibicionista

Além dos objetos, partes do corpo e fluidos corporais como ponto central dos fetiches, as definições mais modernas também levam em conta uma variedade cada vez maior de práticas. Por exemplo, aquelas em que o tesão surge em vivenciar situações específicas.

Muitas vezes essas situações são apenas encenadas, como no fetiche por incesto, ou seja, por transar com familiares. Não é à toa que existem toneladas de pornô sobre incesto. Os fãs desse gênero podem ficar bem satisfeitos apenas em fingir que as pessoas envolvidas são de uma mesma família, porque, afinal, a logística de transar ou assistir sexo envolvendo familiares reais é bem complicada. 

Assim sendo, o fetiche que habita sua imaginação nem sempre precisa ser colocado em prática exatamente como foi pensado. Para ser tornar viável, muitas vezes o fetichista adapta as situações. Por exemplo, para os exibicionistas, ou seja, fetichistas que gostam que outras pessoas os vejam transando, fazer sexo em uma festa pode ser bem complicado. Então, se exibir na internet pode ser uma forma de satisfazer seu fetiche.

Há pessoas que só conseguem se excitar transando em locais públicos. E a adaptação aqui acontece na hora de escolher lugares menos perigosos, como escadas menos movimentadas de prédios em vez de uma rua deserta na calada da noite. Essa capacidade de encaixar o fetiche na própria realidade tem muita a ver com o grau de preocupação que o fetichista precisará ter em relação às próprias preferências.

Fetiche é doença?

Embora a ciência médica sempre estabeleça definições que consideram os fetiches desvios da sexualidade humana, os fetiches não são somente isso. Afinal de contas a medicina busca tratamento para pessoas que têm suas vidas prejudicadas pela atração sexual que sentem, então é esperado que fetiches sejam associados com doenças mentais.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais é a publicação da Associação Americana de Psiquiatria que lista diferentes categorias de transtornos mentais e critérios para diagnosticá-los. Sua edição mais recente é de 2013. Diferentemente das edições mais antigas, o novo manual passou a diferenciar fetiche de distúrbio parafílico.

Para ser considerado um transtorno, o DSM lista que é necessário que o fetichista sinta angústia sobre o seu interesse sexual, não apenas sofrimento resultante da desaprovação da sociedade. Ou que tenha desejo ou comportamento sexual que envolva o sofrimento psicológico, lesões ou morte de outras pessoas. Ou, ainda, alguma prática sexual que envolva pessoas que não querem ou que sejam incapazes de dar o seu consentimento legal, como menores de idade.

Como praticar fetiche de forma saudável?

Resumindo, um fetiche praticado de forma saudável e consensual, ou seja, que não causa sofrimento, ameaça física ou psicológica para si ou para outras pessoas, é considerado uma parafilia. Entretanto, ter uma obsessão sexual por menores de idade é considerado um distúrbio parafílico.

Vale lembrar que a homossexualidade era considerada uma desordem sexual pelo manual até 1987. Enfim, muitos avanços ainda podem acontecer. Além disso, também precisamos considerar que profissionais de saúde são humanos muitos não estão preparados para lidar com aspectos contemporâneos da sexualidade. Como resultado disso, uma quantidade grande de fetichistas acabam desistindo de procurar ajuda.

Fetichistas devem procurar ajuda?

Nem todos os profissionais de saúde mental praticam noções atualizadas do próprio DSM e podem prestar verdadeiros desserviços aos pacientes fetichistas. Afinal, bons profissionais de saúde devem se manter alinhados com as boas práticas de sua profissão, sem colocar crenças pessoais na frente de parâmetros científicos.

Outras aspectos sociais, como o machismo, interferem na nossa relação com os fetiches sexuais. Por exemplo, homens que gostam de vestir lingeries podem sofrer uma vida inteira e por não poderem assumir e realizar o fetiche com outras pessoas. Da mesma forma, a repressão que as meninas sofrem desde a infância pode fazer com que as mulheres nunca assumam certas preferências sexuais mais ousadas.

Enfim, todos esses aspectos podem ser trabalhados para reduzir o sofrimento emocional de quem é adepto de fetiches. Aliás, se você está se perguntando se é um fetichista, talvez o próximo tópico te ajude a descobrir.

Eu sou um fetichista?

Ana Vohs em ensaio podolatria
O fetiche por pés é o mais comum entre todos. Ensaio da Ana Vohs

Alguém que desde a adolescência passa a maior parte do tempo fantasiando sobre um fetiche, mas nunca o realizou ainda sim é um fetichista? A resposta é sim. Quando se trata de orientação sexual e sexualidade, a manifestação dos nossos desejos não precisa ser necessariamente concretizada com outras pessoas para existir.

Assim sendo, nunca realizar um fetiche não evita que ele esteja ali, da mesma forma como existem pessoas que passam a vida inteira desejando outras pessoas do mesmo sexo na tentativa de evitar assumir sua homossexualidade. A concretização é apenas uma das fases do desenvolvimento sexual fetichista.

É fato que a maior parte das pessoas que passam pelo processo de se tornar fetichistas são homens. Mas também existem alguns fetiches preferidos pelas mulheres. Conforme o movimento feminista se estabelece e as mulheres vão ganhando voz e assumindo o que gostam no sexo, o número de mulheres fetichistas aumenta.

Samuel Hughes, um pesquisador da área de Psicologia da Universidade da Califórnia, tem algumas ideias interessantes que podem nos ajudar a entender os porquês dos fetiches. Ele dividiu o desenvolvimento sexual fetichista em cinco fases, que você confere no próximo tópico.

Fases do fetiche

1. Primeiras descobertas: quando o fetichista sente atração ou fascínio por um fetiche sem  conseguir entender a dimensão sexual e sem conseguir colocar em palavras o que sente. Um exemplo é assistir a programas de televisão com super-heróis em perigo e se sentir absorvido pelas cenas que envolvem pessoas amarradas.

2. Exercer o fetiche consigo mesmo: ocorre quando o fetichista começa a fantasiar e, assim sendo, procurar material erótico e se masturbar.

3. Desenvolver ideias sobre o próprio fetiche: quando o fetichista começa a avaliar o como aqueles interesses interferem na própria vida. Pode envolver principalmente preocupação e culpa sobre a possibilidade de haver algo errado com aquele fetiche.

4. Encontrar outros fetichistas: perceber que existem outras pessoas “estranhas” por aí,  geralmente ocorre via internet, e é acompanhada por um sentimento de familiaridade, assim como encontrar seu lar, sua tribo. 

5. Exercer o fetiche com outros: perceba que esta é a fase final. Talvez nem todos os fetichistas necessariamente cheguem nela. E mesmo assim continuam sendo fetichistas. Samuel ressalta que ainda assim muitos fetichistas só se sentem fetichistas quando atingem esse estágio.

Pesquisa sobre fetiche

Aliás, e você, está em alguma dessas fases? Mais para frente falaremos sobre diversos fetiches, o que pode te ajudar a se identificar com algum deles, porque nem sempre os fetiches precisam surgir na infância. Muita gente se descobre já adulto, ou ainda mais adiante, na velhice — o que pode ser um verdadeiro renascimento sexual.

Galen Fous, o pesquisador que citamos em outro tópico, realizou uma pesquisa com milhares de internautas em seu site. Num universo de aproximadamente 2.700 pessoas levantou alguns dados interessantes:

– 74% das pessoas têm fetiches relacionados a BDSM;
– 69% dos pesquisados perceberam suas fantasias sexuais aos 12 anos de idade;
– 55% começaram a se masturbar pensando nesses fetiches aos 12 anos;
– 54% sofrem com culpa e medo do julgamento sobre seus fetiches.

Como já mencionamos no nosso texto sobre BDSM, muitos iniciantes fazem um teste de BDSM para descobrir suas preferências. Esse teste irá apontar suas maiores afinidades dentro desse universo; a internet está cheia deles, o mais conhecido é o BDSMTest.org.

Fetiches x BDSM e kink

Fetiche bondage
Shibari e bondage são fetiches mais associados ao BDSM

Por falar em BDSM, deixaremos o tópico um pouco de fora deste texto, afinal já tratamos dele de forma super completa em outro artigo e também levando em conta que as possibilidades de fetiche vão muito além do sadomasoquismo.

Quer ver uma lista de fetiches relacionados ao BDSM, ou seja, bondage, sadomasoquismo submissão e dominação? Clica aqui no nosso guia definitivo de BDSM.

Para o Samuel Hughes, os comportamentos sexuais não tradicionais podem ser divididos em kink e fetiche. Kink (algo como esquisitice) se refere a uma ampla variedade de práticas como BDSM e roleplaying.

Fetiche é um termo mais específico que designa o interesse em partes do corpo não genitais, tecidos, cheiros, fluidos, etc. E é deles que falaremos na lista a seguir, principalmente dos que curtimos aqui na Xplastic, afinal uma lista completa com todos os fetiches que existem no mundo seria maior que a Bíblia.

Taí uma boa ideia, uma Bíblia dos fetiches! Mas vamos deixar isso para outra oportunidade. Clicando nos links da lista você confere posts mais detalhados sobre cada um dos termos citados:

Lista de fetiches, letra A

Asfixia erótica: muita gente já experimentou prender o ar durante o sexo ou a masturbação. Até mesmo sem querer acabamos fazendo isso para controlar o orgasmo. No entanto, os fetichistas que curtem asfixia (também conhecida como breathe play), buscam a falta de oxigênio de forma mais intensa, usando objetos ou as mãos do parceiro. As artérias são comprimidas e causam perda súbita de oxigênio no cérebro. Em seguida, o acúmulo de dióxido de carbono pode aumentar a sensação prazer. Vale lembrar que é um fetiche que causa um número considerável de mortes acidentais, então é necessário ter moderação ao realizar.

Asslick (beijo grego): a famosa lambidinha no cu, que alguns amam e outros odeiam, é uma prática verdadeiramente idolatrada por uma parte da turma fetichista. Para as pessoas que curtem estímulos no cu, o asslick é fundamental antes do sexo anal. Para outras, o prazer está no tabu associado à região anal, que dá ao beijo grego um tom de proibição.

Xgirl Mel
Uma imagem como essa pode ser o paraíso para quem curte um bom asslick. Ensaio da Xgirl Mel

Axilismo: é a atração sexual por axilas e tudo a ela relacionado. Alguns axilistas também curtem suor, pelos e até mesmo produtos de higiene. É frequente que gostem de mulheres peludas. Uma das práticas é a masturbação do pênis pela axila (se você procurar por armpit job vai encontrar algumas cenas por aí).

Letra B

BBW Juliana Santana
Juliana Santana é uma das maravilhosas Xgirls BBW

BBW e gordelícias: antes de tudo, precisamos falar que tornar pessoas gordas alvo de fetiche é uma questão complicada. Assim como outras características físicas, ser gordo é alvo de preconceito e muitas vezes as pessoas com o peso acima do considerado normal são julgadas como parceiras sexuais inferiores. Por outro lado, existem pessoas que dirigem a maioria de seus impulsos sexuais a pessoas com corpos maiores. E desde que você, que curte pessoas gordas, não tenha comportamentos que as tratam como objetos, provavelmente ninguém sairá machucado disso.

Afinal, o mundo seria um lugar bem melhor se mais pessoas reconhecessem a gostosura de corpos fartos, né? Aqui na Xplastic, temos paixão pelas gordelícias, sejam as gordinhas tatuadas, como a Letícia Freitas. Ou as que têm um visual mais “rainha fatal”, como a Micaela Andrade e a Debora Porto.

Letra C 

Chuva dourada (golden shower): consiste em sentir prazer com o xixi. Também conhecido como water sport, pode rolar com a prática de receber a urina em diversas partes do corpo, ou ficar excitado com o cheiro ou sabor da urina. Os water sports também podem incluir squirt. Alguns praticantes de chuva dourada também curtem farting ou scat, que é o tesão por merda. No entanto, essa prática é mais extrema, então a maioria fica apenas no golden shower.

Crossdressing: ocorre com homens que se caracterizam como mulher. As crossdressers, muitas vezes, personificam uma identidade feminina, além do visual. Muitos amam lingeries e gostam de vesti-las escondidos ou no sexo. É comum que gostem de ser crossdressers submissas da parceira ou parceiro e também que curtam praticar inversão, ou seja, serem penetrados, fazerem sexo oral… Apesar do jogo de gêneros ser marcante, assumir-se crossdresser não impacta diretamente orientação sexual ou identidade de gênero. Aliás, é bem comum que heterossexuais, homossexuais e bissexuais, cis e trans, curtam esse fetiche sexual.

Imagem da reportagem e fotonovela sobre cornos que fizemos

Corno e cuckold: alguns homens percebem ter fascínio pelo universo cuckold ainda na adolescência. Esse fetiche envolve relacionamentos entre um homem, sua companheira e outros caras que transam com ela. Enquanto a maioria percebe cedo, alguns cuckolds só se assumem após anos de casamento. O fato é que o desejo reside em ver a mulher amada transando intensamente com outro homem — ou outros homens, na prática conhecida como gangbang. Os cuckolds não sofrem com falta de material de inspiração, afinal no Brasil e no mundo é vasto o arsenal de pornô de corno. Alguns praticam o fetiche apenas com amigos, mas outros frequentam assiduamente as casas de swing.

Letra D

Devoteísmo: assim como no caso das BBW, o fetiche por pessoas com deficiência precisa ser conceituado com cuidado. Há quem não o considere um fetiche. No entanto, alguns devotees apreciam o contato com objetos, como próteses, muletas e cadeiras de rodas. O fato é que a maioria deles vivem em uma busca sistemática por parceiros com deficiência, e essa frequência é fator importante na identificação de um fetiche. Aliás, já fizemos uma matéria com depoimentos de devotees e pessoas com deficiência, confira para saber as opiniões sobre esse fetiche tão polêmico. 

Letra E

Estigmatofilia: o nome complicado é usado para descrever os apaixonados por piercings e tatuagens. Alguns homens são fascinados por tatuagens femininas e buscam sempre parceiras tatuadas. Outros preferem as tatuagens nos pés, misturando a paixão pelas tatuagens com a podolatria. Vale lembrar que aqui na Xplastic você encontra um vasto arsenal de tatuadas nuas, gostosas tatuadas e de mulheres tatuadas transando.

Exibicionismo: antes da existência da internet, era tudo mato na terra do exibicionismo. Os exibicionistas tinham que se contentar em transar na sacada — na esperança de que um vizinho os observasse. A internet trouxe diversos tipos de chat, desde os antigos bate-papos, em que sempre aparecia um casal querendo se exibir, até a ascensão do Chatroulette e os serviços de webcam, que passam por um boom ainda atual. Alguns gostam apenas de se exibir sozinhos, se masturbando. Outros gostam de exibir apenas o parceiro. Podem ser maridos submissos que gostam de mostrar suas esposas para outros homens. Alguns casais vão realmente a fundo no exibicionismo e se tornam referências no pornô amador.  

Letra F

Pornô Hacker com homem fardado
O pornô Hacker, da Xplastic, pode ser uma boa para quem curte fetiche por farda

Fardas e uniformes: assim como os homens têm fetiche em mulheres vestidas de enfermeiras, empregadas e outros papéis geralmente associados a cuidado e submissão, muitas mulheres e caras gostam de homens fardados e uniformizados como policiais e bombeiros. As fardas representam uma autoridade, o que acaba tornando o sexo bem mais intenso.

Cena de fetiche fist fuck
Uma das cenas da Xplastic que mostra o fetiche fist fuck

Fist fuck: o fisting ou fist fuck é a inserção da mão ou antebraço na vagina ou no ânus, este conhecido como fist anal. O fist anal é uma das maneiras de fazer sexo anal extremo. A prática pode envolver também dupla penetração (é pros fortes). O tesão está em aprender a apreciar as sensações que são proporcionadas pela distensão do ânus ou da vagina. Há quem diga que existe um tipo de prazer atingido somente com o fisting. O barato também pode ser curtir a humilhação por ser penetrado de um jeito extremo. 

Fraldas e infantilismo sexual: em comparação com os outros, o fetiche por fraldas é bem distribuído entre homens e mulheres. Os que praticam o infantilismo sexual curtem imaginar que são bebês para relaxar e gozar. Babygirl e babyboy são os que fazem o papel de crianças e daddy ou mommy são seus parceiros, que podem estabelecer relações em que a dominação e submissão estão presentes. Existem, ainda, os infantilistas que focam no uso de fraldas e também fetichistas que gostam apenas de usar as fraldas sem se aprofundar na encenação de papéis infantis.

Letras I e K

Incesto: o universo do fetiche de incesto envolve principalmente irmãos de criação, madrastas e padrastos, sogras e sogros. Fetichistas que curtem parentes consanguíneos mais próximos são mais raros, mas existem. As relações entre irmãos são bastante comuns nos hentais, o que pode explicar a onda crescente desse material na pornografia, já que a indústria de animes e hentais continua em ascensão, puxando as grandes audiências de pornografia relacionada a animes e cosplays. No último levantamento estatístico feito pelo site Pornhub, termos como “cosplay”, “hentai” e “futa” (termo derivado de futanari, personagens de hentai que resumidamente são mulheres super gostosas com pênis enormes) aparecem entre os mais buscados pelos brasileiros.

Kosupurefilia: kosupurefilistas são os fetichistas que curtem cosplays, ou seja, pessoas caracterizadas como personagens de hentai e quadrinhos, videogames, filmes, séries, RPGs, enfim, produtos culturais voltados para a cultura geek. Aqui na Xplastic temos muito material de cosplay erótico com nerds lindas e especialistas nesse nicho, fizemos até um documentário sobre as mulheres nerds e atrizes pornô.

Letras L e N

Lugares públicos (agorafilia): os riscos e o frio na barriga atraem os fetichistas, nesse caso, um grande número de mulheres é adepta do fetiche por transar em lugares públicos. Carro, elevador, praça, banheiro do avião são apenas alguns dos exemplos dos lugares preferidos. Uma das práticas específicas da agorafilia é o dogging, pegação geralmente feita com carro em points específicos das cidades. A prática também pode estar fortemente associada ao exibicionismo.

Narratofilia: você provavelmente já ficou excitado ao ouvir uma voz gostosa ou um conto pornô bem narrado. Ou, ainda, ao trocar sussurros sem vergonha durante o sexo. Pois bem, imagine que os narratofilistas buscam o tempo todo esse contato com a voz. Vozes femininas delicadas ou sensuais são o principal foco, mas há também os fãs de vozes masculinas roucas. Com a onda recente do ASMR erótico, os famosos orgasmos mentais causados por vozes e barulhinhos sensuais, muita gente se descobriu narratofilista. E para a sorte desses fetichistas, não param de surgir a cada dia novas musas do ASMR erótico

Letra P

Pegging (cintaralha ou strapon): a imagem de mulheres “armadas” com uma cintaralha, ou seja, uma calcinha com dildo, é idolatrada pelos fetichistas que curtem pegging. Homens também podem usar o acessório, seja na região sexual, ou até mesmo na boca. Apesar da associação fálica, quem não gosta de pênis pode também curtir o fetiche, afinal a penetração por objetos é prazerosa independentemente do órgão sexual. Inclusive, alguns preferem ser penetrados por dildos que não se pareçam com pênis. O pegging pode estar relacionado à inversão. Nesse caso, quem penetra faz a vez de ativo e o penetrado é o passivo.

Podolatria: a atração sexual por pés é o fetiche mais comum existente. Ao se descobrir como podólatra, o fetichista associa os pés a entidades que devem ser adoradas e idolatradas. Essa adoração dos pés tem até um nome em inglês conhecido no meio podólatra: foot worship. O podólatra pode curtir os pés lisinhos com unhas bem cuidadas das miss feet, ou pés sujos. Pode curtir saltos, ou pés descalços. Inclusive, muitas mulheres curtem pés, no subgênero conhecido como podolatria feminina ou podolatria lésbica. Alguns podólatras focam em partes específicas envolvendo os pés, como sapatos e botas ou apenas o chulé vindo direto da fonte desses sapatos ou pés. As possibilidades de “transar” com os pezinhos são muitas. Alguns curtem o footjob , outros preferem coisas mais intensas como o trampling.

Pés de salto e meia-arrastão
Quem curte pés de salto vale conferir o ensaio da Duda Balbi

Letra R

Roleplay: você gosta mais de transar em situações encenadas, como nas clássicas historinhas de professor/aluno, médico/paciente, chefe/empregado? Talvez você seja um adepto do fetiche de roleplay, cuja imersão em um personagem pode ajudar a desinibir ou a relaxar pelo grau de desconexão com a realidade que proporciona. Alguns adeptos do BDSM juntam as práticas de sadomasoquismo ao roleplay. Assim como no fetiche de incesto, o roleplay pode ajudar a adaptar a situação de fetiches mais extremos a uma realidade mais acessível. Também pode estar associado ao fetiche por fardas, principalmente nos roleplays que envolvem autoridades, como policiais, bombeiros, etc.

Letra S

Sêmen e bukkake: o sêmen é uma parte muito comum do sexo, mas não é por isso que deixa de ser curtido por fetichistas. Quando a preferência atinge o nível do fetiche, o praticante quer ter experiências com jatos de esperma em suas mais variadas formas: engolir esperma, passar no corpo ou até mesmo armazenar no ânus pode ser algo fundamental para essas pessoas. O creampie (quando o sêmen escorre pelos orifícios) é uma cena super comum desse fetiche, assim como o bukkake (quando uma pessoa recebe ejaculação de diversas outras). A textura, a temperatura e também o cheiro do sêmen provocam o prazer, assim como a sensação de sexo bem-sucedido que uma gozada pode proporcionar.

Swing, ménage e orgias: esta categoria realmente suscita dúvidas. É realmente um fetiche? Afinal, para os viciados em sexo a três, orgia e suruba, o foco ainda é o sexo em si. Por outro lado, existem pessoas que constroem toda a sua identidade sexual centrada em situações que envolvam mais de dois participantes. Ou que só têm relacionamentos no modelo de poliamor. É um fetiche amplo, afinal todos os outros fetiches podem ser feitos com múltiplos parceiros.

Se quiser ver um vídeo que fizemos com depoimentos e transas reais de swingueiros, é só dar play:

Orgia de Natal da Xplastic
Orgia e mulheres: tem como ficar melhor?

Letra V

Voyeurismo: eis um fetiche bastante comum. Se por um lado, os exibicionistas gostam de mostrar sua potência sexual, os voyeurs gostam de observar. A origem do prazer é nítida: sexo excita as pessoas. Mas o voyeurismo também tem contornos menos óbvios: alguns curtem a sensação humilhante de estarem “de fora” da transa, outros usam como inspiração para colocar em prática outras formas sexo. O voyeurismo também pode estar associado aos fetiches de cuckold, ménage e swing.

Chegamos ao fim da nossa lista de fetiches. É claro que muuuuitos fetiches ficaram de fora. Existem dezenas deles, muitos catalogados com nomes científicos, que evitamos aqui para maior clareza do texto. A Wikipedia tem uma lista bem completa de parafilias, se quiser ir mais a fundo no assunto dê uma olhada.

Filmes de fetiche

Imagem da Fetishboxxx, filmes de fetiche da Xplastic
A Fetishboxxx é a marca de filmes de fetiche da Xplastic

A pornografia nem sempre oferece materiais de qualidade para os praticantes de fetiche, principalmente sobre os fetiches mais específicos. Algumas produtoras simplesmente não entendem nada do universo fetichista e desenvolvem roteiros de filmes pornô com atores que tampouco sabem o que estão praticando.

Provavelmente você já viu filmes de exibicionismo com situações completamente fake e forçadas, filmes de podolatria em que as cenas de adoração dos pés duram apenas alguns segundos — e depois a transa segue no formato batido de sempre: sexo oral, penetração, orgasmo (só do homem).

Mas para a felicidade dos fetichistas mais exigentes, surgem cada vez mais diretores e, principalmente, mulheres diretoras de filmes pornô que exploram os fetiches com perfeição.

Filmes de fetiche gringos

logo da produtora de filmes de fetiche AORTA Films
O logo da AORTA Films diz tanto sobre filmes de fetiche…

A AORTA Films trabalha com fetiches de maneira bastante inovadora. Babás, lugares públicos e podolatria podem ser encontrados nos filmes super vanguardistas da marca, que também inclui muitas pessoas trans e não-binárias em suas produções.

A Belladonna, uma das atrizes pornô mais famosas, principalmente por ser especialista em pornô hardcore, produz os próprios filmes há quase 20 anos. Asslicking, exibicionismo, roleplays e diversos outros fetiches são frequentes nas produções dessa atriz e diretora.

Dani Daniels, outra atriz pornô consagrada, também dirige pornô e muitos deles são fetichistas. A lista inclui podolatria, creampie e até materiais sobre o fetiche em axilas.

A produrota Kink explora diversas facetas do fetichismo. Eles são especialistas em sexo extremo em lugares públicos e também muito squirt e cintaralha.

Filmes de fetiche da Xplastic e Safada.tv

Filmes de fetiche da Xplastic
A Xplastic já é maior de idade na terra dos filmes de fetiche

Além de todos esses nomes, algumas produções da Xplastic (principalmente da nossa sessão Fetishboxxx) e da Safada.tv que não foram citadas durante o texto merecem ser lembradas:

5 para 1: a história mostra o smoking fetish e o poder da fumaça na vida sexual de um casal.

Golden shower: com a maravilhosa Mila Spook

Documentário pornô fetiche: um retrato do pornô de fetiche no Brasil

Brancas como Leite: uma produção finíssima com muita podolatria lésbica

Lov*Feet: série de filmes de podolatria alternativa com mulheres tatuadas

A Ninfeta Psicóloga: roleplay com uma ninfeta psicóloga e sua cliente coroa. Tem até parte 2

Tia Augusta: a dica é para os ladrões de calcinha e também pra quem curte roleplay com primos (rola também um 69 com o primo)

Uma Ceia da Putaria: a menção honrosa vai para um filme da Safada.tv que tem muito roleplay de putaria em família (incluindo a empregada doméstica protagonizada pela Emme White)

Conclusão sobre fetiches

Se você chegou até o fim desta breve enciclopédia dos fetiches, provavelmente você é um fetichista. Mas, caso não seja, tenho certeza que você se identificou com algum dos fetiches do texto. E se não se identificou com nenhum fetiche, tudo bem também!

Tão importante quanto estar por dentro de todas as noções sobre saúde mental e segurança envolvendo os fetiches é a busca por não se deixar limitar por definições, rotinas e preferências que, muitas vezes, encaramos como inquestionáveis.

Afinal, fetiche é a terra onde as contradições encontram o tesão, onde coisas corriqueiras podem virar objetos de adoração e proporcionar prazeres antes desconhecidos. Assim, o fetiche, por si só, já é um questionamento.

Para quem já se sente seguro com seus fetiches e consegue proporcionar segurança para seus parceiros, o próximo estágio é tentar estar à vontade para explorar outras possibilidades, outros ritmos e todos os significados ainda desconhecidos de sexo que os fetiches podem proporcionar.

E aí, vai encarar?