Mulheres tatuadas com mandalas, flores, dragões, caveiras, desenhos tribais, grafismos, borboletas, corações estilizados. Tudo isso e muito mais pode ser visto em forma de desenhos permanentes na pele de muitas pessoas.

A tatuagem é a forma mais conhecida de modificação do corpo, que é feita através da introdução de pigmentos sob a pele, formando desenhos variados que permanecerão ali para sempre.

mulheres tatuadas
Mila Spook e Grazzie

Apesar de parecer uma coisa das novas gerações, surpreendentemente, a tatuagem é mais antiga do que se possa imaginar e é bastante provável que já exista desde os tempos dos homens das cavernas.

Hoje ela pode ser vista não só como forma de exclusão como também de inclusão social. Dependendo do grupo em que a pessoa tatuada esteja inserida – e, principalmente, do papel ela representa na sociedade.


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Para alguns a tatuagem pode ser sinônimo de rebeldia e transgressão das regras sociais, marginalidade, criminalidade, perversão e mais uma infinidade de pontos de vistas negativos.

Enquanto para outros grupos, a tatuagem nada mais pode significar do que uma forma de expressão social e de comunicar ao mundo quais as suas preferências, qual seu estilo de vida e quais suas causas de luta.

Para a mulher, sobretudo, a tatuagem pode representar a quebra de inúmeras barreiras, pois além da luta pela aceitação feminina em vários aspectos sociais, a mulher tatuada ainda esbarra em outros tipos de preconceitos.

Mas isso pode ser explicado no fato que,  ao longo dos tempos a mulher foi utilizando os canais que eram possíveis para se fazer enxergar como alguém de personalidade, ora lutando contra a insegurança, ora lidando com a necessidade de aceitação.

Algumas mídias, principalmente as que utilizam a internet como forma de propagação, tiveram papel bastante relevante na exposição dessa mulher. A mulher que tem consciência da necessidade de lutar pelos seus direitos, para o mundo e também do estilo de vida das pessoas tatuadas.

Aceitação e tatuagem feminina

zero xgirl tatuada e gostosa tatuagem feminina
Xgirl Zero num ensaio para o Pornolândia

Hoje, sem dúvida, o olhar para a tatuagem feminina ou para qualquer pessoa que tenha preferência por tatuar o corpo, percorre o caminho da aceitação e busca ser encarada com mais naturalidade pela sociedade em geral.

Além disso, certamente a tatuagem estará muito mais presente no futuro e, com certeza, trazendo novidades em termos de estilos, cores, tecnologia e outras funções além da ornamentação do corpo.

Neste artigo, vamos falar um pouco da evolução da tatuagem feminina ao longo dos tempos e de que forma ela é encarada hoje. Acompanhe o texto e os seguintes tópicos:

  • Tatuagem feminina, uma breve história;
  • Internet e exposição;
  • Fotolog, o início da exposição na internet;
  • O altporn: exibição e tatuagem;
  • A ascenção do Suicidegirls e a tatuagem feminina;
  • BurningAngel a nêmesis hardcore do SuicideGirls?
  • Xplastic, o pornô com tatuadas no Brasil;
  • Pornolândia, o programa que levou as mulheres tatuadas para a TV;
  • A tatuagem como marcador social;
  • O futuro do corpo tatuado.

Tatuagem feminina, uma breve história

tatuagem feminina
Mila Spook e Liz XXX numa transa a três

Historicamente, a tatuagem acompanha as civilizações ao longo dos tempos e, o registro mais antigo já encontrado data de 3.250 a.C, em uma múmia encontrada nos Alpes, conservada pelo gelo glacial. 

Ötzi, como a múmia tatuada foi batizada pelos pesquisadores, tinha 61 desenhos formados por linhas localizados nos pés, tornozelos, joelhos, punhos e costas e acredita-se que foram feitos através da fricção de carvão nos cortes em sua pele.

Baseado em estudos e exames de raio-x feitos em Ötzi, há uma teoria de que os desenhos teriam uma função medicinal e eram feitos com o objetivo de diminuir a dor.

Decerto esses registros não podem ser considerados os primeiros na humanidade. O mais provável é que o ato de marcar o corpo com desenhos definitivos venha desde que o homem habita sobre a Terra.

Quer seja como manifestação religiosa, divisão de grupos sociais, marcação de prisioneiros e escravos. Quer seja simplesmente para ornamentar o corpo, a tatuagem segue ao longo do tempo fazendo parte da vida das pessoas.

Diversas civilizações indígenas utilizam os desenhos no corpo como forma de expressão, não apenas para determinar o seu posicionamento na tribo ou como também em rituais de passagem.

Conhecido como o pai da palavra “tattoo”, o capitão britânico James Cook fez registros em seu diário sobre um aspecto cultural dos povos indígenas que habitavam as ilhas do Pacífico Sul.

Da Polinésia pro mundo

mel bee tatuagem feminina
Mel Bee num ensaio Nerd Sex para o Pornolândia

Foi especificamente na Polinésia que o capitão observou esse hábito de injetar um pigmento preto sob a pele utilizando ossos com pontas afiadas e um tipo de martelo. Os indígenas chamavam os desenhos de “tatau”.

Daí então, os marinheiros acharam o ritual interessante e começaram a reproduzir suas próprias tatuagens, como forma de deixar marcado na pele as aventuras vividas no mar ou um grande amor deixado em terra.

No Brasil também não foi diferente e as tribos Waujás e Kadiwéus também utilizavam os desenhos na pele para representar elementos da natureza e fazer rituais de passagem.

Já no oriente, o Japão utiliza a técnica de marcações definitivas pelo corpo desde o século 5 a.C e ficou popularmente conhecida por ser uma característica típica dos Yakuza, membros da máfia japonesa. Talvez provavelmente a máfia mais perigosa do mundo.

A tatuagem é feita de forma rústica e provoca muito mais dor que o método realizado com a máquina, porém, isso não inibe os japoneses de cobrirem todo o corpo com desenhos bem específicos de sua cultura.

Rituais e mulheres tatuadas

loiras tatuadas raquel
Raquel Pasini num ensaio com nudez e tatuagens

E, ao contrário do que se possa pensar, a tatuagem feminina também acompanha a maioria dessas histórias e civilizações, principalmente no que diz respeito aos povos indígenas e culturas mais antigas como a egípcia.

Cerca de 2.000 anos antes de Cristo era bem comum que mulheres realizassem danças nos funerais e trouxessem desenhos no corpo compostos por figuras abstratas, pontos e traços.

Cercadas de rituais que homenageavam seus deuses, as mulheres egípcias também faziam tatuagens que representavam a deusa Bes, responsável por trazer fertilidade e proteção aos lares.

Amunet, uma múmia do sexo feminino que viveu no Egito por volta dos anos 2.160 e 1994 a.C foi encontrada com desenhos na região do abdômen, provavelmente relacionados ao ritual para pedir fertilidade.

No Taiti, os indígenas acreditam que foram os deuses que os ensinaram a arte de tatuar, portanto, deveriam seguir à risca suas instruções para reproduzir os desenhos durante os rituais de passagem.

Lá, enquanto os homens têm a liberdade de tatuar todo o corpo, a tatuagem feminina nas tribos taitianas é limitada às regiões do rosto, braços e pernas e todo o processo deve ser realizado com uma liturgia específica.

Já na África, por terem a pele escura, não é muito comum que tribos africanas utilizem a tatuagem com cores e traços da forma que se popularizou por outras civilizações.

Outras modificações corporais

tatuagem feminina da ray mattos mulheres tatuadas
Ray Mattos mostrando a língua bifurcada num do seus primeiros ensaios sensuais.

Substituindo a tatuagem feminina, as mulheres passam por um ritual de passagem que utiliza a escarificação – marcações feitas na pele que produzem cicatrizes, formando desenhos, como as tatuagens que conhecemos.

Alguns povos do Sudão costumam marcar as mulheres no peito quando elas completam 10 anos de idade. Depois nos seios, após a primeira menstruação e, finalmente, nos braços, pernas e costas em sua primeira gestação.

Porém, especificamente na África do Norte, as mulheres costumam ser tatuadas e os desenhos servem como amuletos que protegem das forças do mal.

O costume é passado de mãe para filha e acabam como método de registro das crenças e códigos que representam o sagrado para esses povos. Essas tatuagens são sempre realizadas no rosto e nas mãos.

Internet e exposição

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Pit Magrin num ensaio sensual com inspiração nas CamGirls

Atualmente vivemos um tempo em que, praticamente, você só existe se fizer exposição da sua vida para um público que, na maioria das vezes, não se sabe nem quem é.

Com o avanço surpreendente da tecnologia, principalmente no que diz respeito aos meios de comunicação – com destaque à telefonia e internet – deixar que os outros saibam da sua vida ficou muito mais fácil.

Certamente com uma internet cada vez mais rápida, redes sociais que pedem atualização constante e smartphones com câmeras cada vez mais potentes, nos vemos cercados de novas obrigações. A tecnologia determina, como uma espécie de obrigação social, que as pessoas documentem e publiquem cada passo do seu dia.

Por consequência, o que começou como diversão e uma forma mais prática de “encontrar” os amigos, a família, o namorado ou namorada, virou causador de doenças psicológicas e uma falsa sensação de felicidade.


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Em princípio, quem faz uso das redes sociais para registrar momentos da sua vida, procura cuidadosamente mascarar qualquer vestígio de problemas, dificuldades e ausências, seja de saúde, amor ou dinheiro.

Isso gera no espectador da vida do outro um inevitável sentimento de incapacidade em alcançar uma perfeição que ele vê na superfície do que o outro permite mostrar. Em outras palavras: a indústria da frustração.

Em síntese, o ciclo se inicia na vida de outra pessoa que se esforça ao máximo para parecer feliz e realizada tanto quanto aquela, cujas postagens e fotografias ela verifica todos os dias.

No mundo das redes sociais, com toda a certeza, é preciso ser visto para existir como pessoa. Quem não está inserido ainda naquele mundo virtual e perfeito é entendido como um indivíduo que nem faz parte da sociedade.

Tudo deve ser publicado?

É preciso postar o que se come, o que se veste, o lugar em que se encontra naquele momento, os bens que adquiriu, as viagens que fez e as pessoas com quem se relaciona atualmente.

Daí se forma um grupo cada vez maior de pessoas que se escondem por trás de filtros, mascarando imperfeições na pele – que justamente fazem com que a pessoa pareça real. Assim sendo, valoriza-se o hiper real.

Pessoas que forçam o sorriso na publicação da rede social quando estão passando por um grande sofrimento interno, mas que se recusam a ir em busca de ajuda ou tratamento porque isso tiraria sua perfeição de internet.

Do outro lado, outros se sentem frustrados por não conseguirem se equiparar aos seus modelos de postagens, pois acreditam que tudo aquilo que está sendo exposto é verdadeiramente real.

A necessidade da exposição

yalova gorda ruiva e gostosa mulheres tatuadas
Yalova no ensaio sensual para o Pornolândia

A necessidade exagerada de exposição também deve ser entendida como um problema psicológico causado por um motivo distante, mas que deve ser investigado e tratado a fim de evitar consequências mais graves.

Entretanto, nem tudo deve ser visto pelo lado negativo, e algumas pessoas usam as redes sociais com a finalidade de expor um lado delas bem real, e que sentem insegurança de mostrar às pessoas a sua volta. Assim sendo o resultado não é frustrante.

Mulheres tatuadas, por exemplo, usam as redes sociais – principalmente as que têm foco em fotografia – para se mostrarem ao mundo, exibindo sua personalidade e os desenhos no seu corpo.

É bem mais fácil encontrar nesses canais, pessoas que tem a mesma afinidade, que também tem as mesmas inseguranças e outras que admiram a beleza real da tatuagem feminina.

Isso acaba sendo um canal que facilita a aceitação do seu corpo e eleva sua autoestima, consequentemente, vai acabar influenciando em outros aspectos da sua vida que necessitam de mais ousadia e determinação.  

Fotolog, mulheres tatuadas e o início da exposição na internet

Logos do Fotolog, primeira rede social de fotografia a fazer muito sucesso.

O Fotolog deu início a uma era que antecede as redes sociais mais conhecidas hoje, como Facebook e Instagram e mudou completamente a forma das pessoas se conectarem na internet.

Iniciando seus trabalhos no ano de 2002, a plataforma possibilitava a publicação de fotos acompanhadas de texto e a interação com pessoas, conhecidas ou não, através de comentários.

O Fotolog permitia ao seu usuário utilizar o site em versão paga ou gratuita, cada uma obviamente, com suas características específicas que iam desde o número de fotos que podiam ser publicadas à quantidade de comentários.

Na versão gratuita era permitido o upload de apenas uma foto por dia e, no início, quem não pagava pelo serviço também tinha limitação de horário para publicação do seu conteúdo, ou seja, nada de fotos no horário de pico.

Isso incluía também um número mais reduzido de comentários que poderiam ser feitos nas fotos e apenas 20 eram permitidos aos usuários que utilizavam a plataforma gratuitamente.

O passado das redes sociais

Xgirl Talita tatuagem feminina mulheres tatuadas
Xgirls Talita num ensaio sensual para o programa Pornolândia

Para quem aderia ao plano “Gold Camera Patrons”, era permitido publicar até 6 fotos por dia e o número limite de comentários subia para 200 por fotografia, além de ter um melhor suporte ao cliente.

No ano de 2008, o Chile era o país que liderava em número de usuários, com 4.827.387 contas ativas, mesmo que o site tivesse sido criado nos Estados Unidos, onde também se encontrava sua sede.

A América do Sul ultrapassava o número de contas ativas com relação a outros países, onde a Argentina possuía o segundo maior número de usuários, seguido pelo Brasil, em terceiro lugar.

A plataforma era usada em sua maioria por amantes da fotografia, fossem fotógrafos amadores ou profissionais e pessoas que se conectavam por interesses em comum.

Muitas pessoas aproveitaram o site para produzirem páginas em homenagem aos seus ídolos, fossem atores, cantores e escritores ou até compartilharem a paixão por caminhões e ônibus, por exemplo.

O sucesso do Fotolog foi tanto, que resultou no surgimento de páginas semelhantes, como o Flogão e o FlogVip, que adicionaram algumas funções além daquelas já oferecidas pelo Fotolog.

No Flogão havia a possibilidade de inserir títulos animados com trilha sonora e até imagem de fundo. No FlogVip era possível inserir animações e músicas nas fotos e modificar o papel de parede.

O fenômeno Fotolog

dri sousa xgirl ruiva nua tatuada mulheres tatuadas
Dri Souza num ensaio sensual para xplastic

No mundo todo, o Fotolog alcançou o número de 22.952.102 contas e em uma época de celulares sem câmera e fotos com baixa resolução, a plataforma foi a primeira a permitir a exposição de um pouco da vida das pessoas.

Claro que, não com o alcance que se tem hoje com o Instagram, por exemplo, mas foi o primeiro passo para formação de um hábito que provocou, inclusive, a evolução das câmeras nos celulares.

Tanto o Fotolog quanto as outras plataformas semelhantes foi a oportunidade que faltava para a união de pessoas com estilos e interesses em comum e várias tribos urbanas puderam interagir com seus iguais de forma mais fácil.

Os rockeiros, emos, góticos e, claro, a turma tatuada também pode utilizar esse canal para conhecer pessoas que falavam a sua língua e até quem não conhecia muito sobre eles teve oportunidade de aproximação desse público.

Não há como negar que o Fotolog teve um papel bastante importante na humanização desses grupos e da divulgação de suas subculturas, desmistificando alguns pontos.

Altporn: exibição e tatuagem

mulheres tatuadas
Ravenna nua no Pornolândia

O altporn começou a marcar presença no início dos anos 2000 e trouxe uma nova forma de produzir filmes pornôs, com atores e atrizes mais próximos da realidade e proporcionando maior interação do público.

Esse movimento de pornografia alternativa trabalha com exibição de corpos tatuados, com piercings, cabelos coloridos e que representavam, no seu início, principalmente a estética gótica e indie.

Claro que essa mudança no cenário das produções pornográficas também aconteceu como consequência dos avanços tecnológicos, principalmente no que diz respeito à internet e a possibilidade de interação online.

Isso resultou diretamente em uma mudança cultural e a forma como os consumidores têm acesso a esse produto abrindo um nicho que se mostrou bastante promissor.

Contribuições do altporn

O altporn trouxe bem mais do que apenas filmes adultos e deu destaque a produções que representavam um estilo de vida, um modo único de vestir, consumir música e a forma de se relacionar.

Filmes com foco na figura feminina, sempre marcada por tatuagens modificaram completamente os padrões já bastante conhecidos de enredo, tipo físico dos atores e das práticas sexuais da pornografia tradicional.

A imagem da mulher tatuada ficou popularizada nesse tipo de produção e algumas produtoras fundadas e dirigidas por mulheres abriram ainda mais o leque de oportunidades, focando exclusivamente no público feminino.

Mulheres tatuadas protagonistas de filmes

giovana bombom nua mulheres tatuadas
Giovana Bombom nua num ensaio sensual para Xplastic

Mulheres protagonizam os filmes, algumas vezes até mesmo sozinhas ou em companhia de outras mulheres, com perfil físico mais próximo do real, sem os exageros e “perfeições” presentes no pornô mainstream.

A pornografia alternativa foi mais um canal para que a tatuagem feminina fosse vista com naturalidade e, ainda que seja com a exibição de nudez e práticas sexuais, esse tipo de filme traz uma linguagem bem diferente dos tradicionais.

Essa diferença se enxerga principalmente no fato das histórias terem a mulher como foco central, não mais como mero objeto de prazer, mas com domínio sobre o enredo e sobre o prazer feminino.

A ascenção do Suicidegirls e as mulheres tatuadas

Selena Moone é “Missy Suicide”, a criadora do site SuicideGirls: Fonte

O início dos anos 2000 também trouxe uma plataforma que tem como proposta, dar espaço às garotas consideradas fora dos padrões comumente definidos pela ditadura da beleza.

O SuicideGirls é um site completamente idealizado por uma mulher, Selena Mooney – mais conhecida como Missy Suicide – que exibe fotos de mulheres tatuadas, com cabelos multicoloridos e piercings.

Seus corpos não alcançam o biotipo de modelos internacionais que estampam capas de revistas e ganham destaque em qualquer tipo de mídia. Pelo contrário, representam mulheres reais.

A proposta do site deu abertura para um grupo alternativo tanto de modelos quanto do público que consome seu conteúdo, inspirado nas pin ups norte-americanas e que agrada às culturas gótica, nerd, cyber dentre outras.

Beleza fora dos padrões

bunda da gordinha gostosa mulheres tatuadas
Letícia Freitas, BBW tatuada numa entrevista para xplastic.

Além disso, este site abriu as portas para a aceitação de um padrão de beleza mais real e deu liberdade às mulheres de exibirem seus corpos com curvas naturais e apresentando uma nova definição de beleza na internet.

O site publica ensaios eróticos de mulheres tatuadas e reais e promove fóruns e textos, às vezes escritos pelas próprias modelos e, assim como o movimento altporn, produziu um novo nicho de consumo erótico.

As modelos do SuicideGirls e o grande sucesso do site provam que mulheres tatuadas podem desfilar beleza e sensualidade e têm um público cada vez mais exigente, porém bem mais respeitoso.

O canal ainda serviu para que mulheres ultrapassassem as barreiras de sua insegurança e de não aceitação do seu corpo. Surgiu então um novo padrão do que é belo e mais um espaço foi aberto para que ele fosse admirado.

BurningAngel a nêmesis hardcore do SuicideGirls?

Joanna Angel mulheres tatuadas
Joanna Angel fundadora do site BurningAngel

Seguindo a linha do altporn, porém bem mais agressivo que o SuicideGirls, o site BurningAngel traz filmes pornôs estrelados por atrizes e atores tatuados, usando piercings e com perfil mais hardcore.

O site foi criado por Joanna Angel, que na verdade é o nome artístico de Joanna Mostov, uma norte-americana que resolveu produzir filmes com referências do movimento punk-rock.

Ao contrário do SuicideGirls, o BurningAngel não traz a sutileza do primeiro e apresenta um conteúdo mais explícito, porém, os atores principais também carregam as características comuns às modelos Suicide.

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Mila Spook e Duda Balbi num ensaio lésbico e muito sensual

Muitas tatuagens, tanto nos homens quanto nas mulheres, trazem um diferencial sobre a maior parte dos sites que oferecem conteúdo erótico ou pornográfico.

Se no SuicideGirls as mulheres se exibiam em fotos sensuais e eróticas e ainda mantinham alguma interação com os consumidores de seus conteúdos, no BurningAngel os filmes exibem mais a prática sexual em si.

O que também não deixa de ser mais um espaço para que a tatuagem feminina apareça de forma bastante presente, já que é uma condição praticamente obrigatória desse estilo mais voltado para o punk-rock.

Xplastic, o pornô com mulheres tatuadas no Brasil

tatuagem feminina suruba mulheres tatuadas
Foto da cena de orgia só com mulheres: Party Girls

No início era uma banda de punk rock, porém o grupo resolveu se aventurar na produção de filmes pornôs e inaugurou no Brasil o novo cenário intitulado de altporn, oferecendo a um novo público a chamada pornografia alternativa.

O grupo formado por três sócios criou a produtora Luz Vermelha Filmes, alguns anos depois, após obterem sucesso com a produção do curta-metragem Plastic Lesbians, utilizando bonecas Barbie como personagens.

A proposta dos seus filmes vai de encontro ao padrão já conhecido da indústria de filmes do gênero e apresenta um conteúdo onde o foco principal são mulheres tatuadas com seus corpos reais.

O site faz questão de destacar as produções dirigidas e estreladas por mulheres como forma de agraciar também ao público feminino e mais uma vez a tatuagem está presente e rompendo as barreiras do pornô tradicional.

Hoje, com duas sócias e muitas outras mulheres envolvidas nas decisões de muitas produções, a marca alcançou reconhecimento no segmento de pornografia alternativa. E as mulheres consumidoras do seu conteúdo sentem-se mais representadas pelas histórias dos filmes e suas protagonistas.

Já que o público consumidor de filmes pornô, em sua maioria, é formado por homens, a indústria sempre teve seu olhar mais voltado para eles e nem sempre as mulheres gostavam dos filmes que vinham sendo produzidos.

Qual é a do Altporn?

casal alternativo fazendo sexo mulheres tatuadas
Cena de filme pornô para mulheres

Portanto, o altporn veio tanto para agraciar aos homens que já fazem parte desse estilo de vida mais alternativo e têm a mulher tatuada como um padrão de beleza, como para mulheres que queriam histórias mais reais.

E se a tatuagem feminina sempre foi vista como uma forma de expressão fora das convenções normalmente aceitas, o Xplastic veio para colocá-la em evidência, exaltando as culturas nerd, indie, punk, dentre outras.

Tanto, que a produtora trabalhou em um documentário que conta um pouco sobre as atrizes tatuadas que fazem parte de seus filmes e mostram mais de suas personalidades e seus trabalhos.

Além disso, também produziu um ensaio fotográfico apenas com mulheres tatuadas, fazendo questão de enfatizar sua beleza e mostrando que esse padrão de beleza pode ser tão atrativo quanto o comercial.

Pornolândia, o programa que levou as mulheres tatuadas para a TV

nicole puzzi gostosa mulheres tatuadas
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi, produção de Luzvermelha.tv

Saindo do mundo da internet, a Xplastic foi convidada em 2013 para produzir conteúdo também para a TV. E passou a produzir o programa Pornolândia, exibido pelo Canal Brasil, um canal por assinatura pertencente à Globosat.

Apresentado pela atriz Nicole Puzzi, a atração leva aos telespectadores uma gama de entrevistas sobre os mais diversos temas, envolvendo desde sexo, arte, cultura, comportamento e até política.

Menos surpreendente do que isso é o fato da apresentadora ser uma atriz bastante conhecida por seus papéis no cinema, mais especificamente em filmes de pornochanchada.

AltPorn na casa do cinema brasileiro

Por ter como lema: “a casa do cinema brasileiro” e ter em sua programação atrações ousadas e que fogem do lugar comum da TV aberta, a produtora Xplastic viu a oportunidade de ultrapassar as fronteiras da internet.

O foco da programação, claro, passeia pelos diversos aspectos da sexualidade e da diversidade sexual humana, porém com uma abordagem que foge da vulgaridade e informa de um jeito aberto e bastante consciente.

Mais uma vez, as garotas tatuadas – que são marca registrada da plataforma digital – ganham destaque também no programa de TV e, a cada episódio, uma delas aparece em um ensaio sensual.

As estrelas dos ensaios, que já são bastante conhecidas no site Xplastic, levantam a bandeira da aceitação de seus corpos que, como sempre, fogem aos padrões impostos pela ditadura da beleza.

Um lugar na mídia

nua na praia mulheres tatuadas
Nicole Rose num ensaio com nudez em público numa praia do nordeste

Entre elas, é unânime a ideia de que conseguiram um lugar onde finalmente se sentem encaixadas, enxergando finalmente sua beleza individual e exibindo suas tatuagens sem pudor ou receio de serem julgadas.

Em qualquer que sejam as declarações, a produtora sempre faz questão de deixar bem claro que a intenção é não replicar o tipo de conteúdo que já é visualizado em outros sites.

A busca é pelo diferente e alternativo que agrada a uma parcela do público que quase nunca é levada em consideração na hora de produzir conteúdo, seja ele qual for, inclusive pornográfico.

Barreiras sociais

A inserção da mulher que ultrapassa essas barreiras sociais vai desde a escolha da apresentadora até o estilo das modelos que participam dos ensaios, com suas marcas registradas tatuadas na pele.

Um perfil que nem tanto se vê em programas da TV a cabo, TV aberta ou mesmo nos filmes pornôs mais tradicionais que costumam trabalhar com roteiros comuns e atores que transmitem uma perfeição física inexistente.

Dos canais de internet para a TV, a tatuagem feminina vai ganhando cada vez mais espaço e as mulheres que carregam esses desenhos em seus corpos são vistas de forma mais natural e, possuidoras de personalidades bem marcantes.

A tatuagem como marcador social

mia cherry bunda gostosa mulheres tatuadas
Mia Cherry num ensaio para o Pornolândia.

Desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, é notório, pelo acompanhamento da história da civilização que a presença de tatuagens, na maioria das vezes, é utilizada para marcar uma divisão social.

Seja para diferenciar homens e mulheres e deixar claras as suas funções, seja para diferenciar os guerreiros dos homens comuns, os escravos dos homens livres, as marcações na pele tem um fator social bastante presente.

E se antigamente eram usadas por tribos indígenas, hoje, as tatuagens são uma forma de identificar outros tipos de tribos, mais contemporâneas: as chamadas tribos urbanas.

As pessoas, como seres sociais, sempre tiveram a necessidade de se sentirem encaixados em algum tipo de grupo e é a partir do encontro com o grupo pelo qual se identificam que se reconhecem como seres individuais.

O papel das tatuagens

E as figuras marcadas na pele também tem esse papel de agrupar e caracterizar de forma específica determinados grupos, através de seus desenhos, estilos, cores e formas.

Na maioria das vezes, só de olhar para a tatuagem de alguém, seremos capazes de saber que tipo de música aquela pessoa gosta, qual sua classe social e as causas sociais com as quais ela se identifica.

Essa procura por um grupo com interesses afins também faz parte de uma necessidade do indivíduo de ser aceito no meio em que vive e isso acaba lhe trazendo mais o sentimento de pertencimento.

No que diz respeito à tatuagem, determinados grupos sociais tem a marcação na pele como um padrão de beleza próprio e aquele que não traz um ou mais desenhos definitivos em seu corpo, não são providos de beleza.

Sociedade, comunicação e mulheres tatuadas

loira tatuada mostrando a buceta mulheres tatuadas
Juliette Blonde, um ensaio de fotos exclusivo da XPlastic.

E dentro daquele determinado grupo, com suas causas e predileções, as tatuagens que cada um carrega funcionam também como forma de expressão social e de comunicação com o resto do mundo.

Acaba sendo um jeito bastante particular de deixar que outras pessoas saibam dos seus desejos, das suas dores, das suas saudades, de experiências de vida e se elas foram positivas ou negativas.

No passado, as tatuagens já foram sinônimos de marginalidade e transgressão das regras sociais, não tendo se afastado completamente desse tipo de classificação, porém, têm conquistado cada vez mais espaço.

Hoje, não se vê mais como correto o julgamento de uma pessoa tatuada como alguém ruim e de má índole. Um grupo cada vez maior vem aderindo às tatuagens em todos os grupos sociais e nas mais variadas idades.

O que vai determinar a identificação do grupo ou classe social a que aquela pessoa pertence pode ser, na verdade, o tipo de desenho que escolheu para permanecer em seu corpo de forma definitiva.

Tatuagens nas prisões

tatuagem na prisão e mulheres tatuadas
Cena do filme Histórias Sujas – Depois da Prisão

No sistema prisional, por exemplo, elas são usadas como forma de identificar que tipo de crimes aquele personagem cometeu e até o seu grau de periculosidade.

As chamadas “tatuagens de cadeia” têm padrões específicos, muitas vezes, feitas dentro dos centros de detenção, de forma improvisada e na clandestinidade.

Talvez ainda venha daí a imagem negativa que uma parte da sociedade insiste em ter de pessoas tatuadas, porém, visivelmente não é fator determinante para concluir que alguém faça parte do mundo do crime.

Movimentos chamados de subculturas como o punk, geek, os nerds, góticos, dentre outros, tem como característica o uso de tatuagens e cada grupo tem um tipo de desenho específico que define como próprio.

Tatuagem feminina

A tatuagem feminina também pode ser vista como um marcador social, como meio de expressão e porque não, divulgador de lutas por causas sociais e sua identificação com um grupo específico.

O movimento feminista hoje é, sem dúvida, um exemplo de causa social que usa as tatuagens como forma de facilitar a identificação de mulheres que simpatizam ou lutam pela causa.

Alguns desenhos já são bastante conhecidos e identificados imediatamente como sendo do universo feminino e sinônimo de empoderamento e entendimento do posicionamento da mulher como ser social.

O mais comum deles, conhecido como “espelho de vênus” e usado para identificar o sexo feminino, é um dos mais escolhidos pelas mulheres para demonstrarem que estão inseridas no movimento feminista.

O poder das garotas e as mulheres tatuadas

poder nas meninas na suruba mulheres tatuadas
Cena do filme: Tesão além do tempo

Outros bastante utilizados são as palavras de ordem “girl power” ou “lute como uma garota”, ao lado de reproduções do rosto de personalidades tidas como símbolo do feminismo, como Frida Kahlo.

Não deixando de também fazer parte da causa feminista, as mulheres que se sentem mais livres para expor o corpo e se expressarem de forma mais sensual, chamadas de periguetes, também exibem tatuagens.

As tatuagens carregadas por elas são bem características e quase um método de identificação das mulheres que se definem dessa forma, trazendo uma proposta mais feminina e localizada em lugares que remetem à sensualidade.

Esse grupo que também faz parte das tribos urbanas, seguindo a ideia de padronização de estilo de vida, traz em suas tatuagens uma forma bastante específica e que diz muito sobre a sua forma de viver.

O futuro do corpo tatuado

Do passado distante em que as tatuagens eram usadas para identificar os grupos aos quais as pessoas pertenciam ou como parte de rituais de passagem, o futuro da tatuagem já começou.

Já há alguns anos, cientistas ou entusiastas da tecnologia estão em busca da evolução das tatuagens para darem sua contribuição desde o tratamento e prevenção de doenças até a forma de se comunicar.

Se hoje as pessoas ainda buscam se tatuar como forma apenas de destacar a estética ou definirem seus grupos sociais, no futuro elas recorrerão a elas para monitorarem a pressão alta ou diabetes, por exemplo.

Chips implantados sob a pele já são utilizados atualmente para acesso a informações pessoais como número de identidade, seguro social e até o endereço residencial.

Propostas alternativas

Outras propostas continuam evidenciando a estética e estão em busca de diversos tipos de tintas para as tatuagens, com efeitos diferenciados, como a reprodução de gifs animados na pele.

Muitas pessoas adeptas do BioHack, também já chegaram a fazer tatuagens utilizando tintas ultravioletas que deixam os desenhos escondidos e apenas a exposição à luz negra é capaz de mostrar as tatuagens.

Porém, tanto essa forma inusitada de fazer tatuagem como outras técnicas que já estão sendo testadas pelo mundo afora ainda não dão a segurança de que não causam danos permanentes à saúde.

Agora, seja com características tecnológicas ou da forma tradicional, o que se tem realmente certeza é de que a tatuagem continuará fazendo parte da vida das pessoas e de forma cada vez mais presente.

Novas gerações e as mulheres tatuadas

novinha tatuada
Ensaio sensual com a xgirl Dri Sexy

As novas gerações são cada vez mais adeptas da tatuagem, principalmente por serem vistas com uma naturalidade maior hoje do que no passado e mesmo aquelas pessoas que não pensam assim, vão ter que pensar diferente.

Um dos maiores obstáculos para pessoas tatuadas é a busca por uma vaga no mercado de trabalho, pois, empresas ainda utilizam métodos de seleção que desprezam candidatos que possuem alguma tatuagem.

Mas o que essas empresas têm que entender é que, futuramente, ficará impossível formar um bom quadro de funcionários sem que algum deles tenha tatuagem.

Minha tatuagem minha opinião

mulheres tatuadas
Xgirl Bianca, nua num ensaio para o Pornolândia.

Faz parte dessa nova geração e, muito provavelmente das futuras, o uso da tatuagem como forma de expressão, interação com o mundo e exposição da sua criatividade.

Pessoas talentosas, criativas e com personalidade terão uma ou mais tatuagens e isso não vai poder definir a qualidade do trabalho desempenhado por ele ou ela.

A tendência é que a tatuagem seja vista com mais naturalidade e que o olhar preconceituoso fique apenas no passado, um passado tão longe quanto aquele em que desbravadores ingleses tiveram o primeiro contato com essa arte.

Embarcando nessa onda de evolução, é claro que a tatuagem feminina ganhará cada vez mais espaço e qualquer mulher se sentirá livre para tatuar o que quiser, onde quiser.