Passei muito tempo pensando em como eu poderia começar a escrever sobre o mundo BDSM e consensualidade, especialmente para um público que ainda não sei se também faz parte disso.
Então, depois de muito pensar se haveria alguma história que pudesse chamar mais atenção para contar, decidi começar pelo básico. Aproveitando um assunto que em todo período de carnaval fica em voga: a consensualidade.
Os pilares do BDSM e a consensualidade
O BDSM tem três pilares que sempre são recordados por todos os praticantes em todas as situações. São eles: São, Seguro e Consensual (também chamado de SSC).
O primeiro — São — é para garantir que as duas partes estejam plenamente conscientes do que estão fazendo, sem estarem alcoolizadas ou sob efeito de algo que as possa fazer se arrependerem depois.
O segundo — Seguro — significa que antes de tudo, é necessário saber como e o que você está fazendo: o shibari, por exemplo pode te deixar sem movimentos dos membros por meses se não for feito corretamente. (Já ouvi história de gente que passou meses sem conseguir mexer os dois braços. Não faço ideia de como essa pessoa fez pra usar o banheiro). Então é preciso conhecer a técnica correta para não causar danos nem ter consequências indesejadas.
Por último — Consensual — uma das expressões mais conhecidas da consensualidade quando falamos de BDSM é a palavra de segurança. Que nada mais é que uma palavra (ou até mesmo um gesto, no caso de não ser possível falar) acordada antes da prática para dizer a quem está no controle da situação quando deve diminuir a intensidade ou parar tudo o que está fazendo.
Além dos 50 tons de cinza
Muita gente imagina o BDSM parecido com 50 tons de cinza, em que alguém faz um contrato que não pode ser quebrado, colocando vantagens e controle apenas na mão do dominador. Isso nunca seria aceito numa relação BDSM saudável.
Antes de tudo, é preciso lembrar que uma pessoa que costuma estar no papel de dominado (bottom) não tem obrigação de se submeter a alguém que costuma estar na posição de domínio (top). Pois BDSM é uma relação de confiança, não uma hierarquia imposta no meio.
Aos que levam os três pilares a sério (e isso é esperado nesse meio), as práticas são discutidas antes de terem início, para saber quais são comuns às duas partes. Às vezes pode ser difícil encontrar pessoas com os mesmos gostos que você, pois os fetiches são infinitos. Há quem goste de bater e não de apanhar. Quem goste de humilhação e quem não goste. Quem goste de ser um pet ou uma criança (não tem nenhuma relação com zoo ou pedofilia). Pessoas que gostem de sangue, outras que não gostem de nenhum tipo de dor e assim por diante.
Depois de saberem o que os dois gostam ou têm curiosidade de experimentar, é combinada a palavra ou gesto de segurança. Estando todos de acordo, a diversão pode começar.
BDSM, um jogo de poder e riscos
BDSM é um jogo de poder que pode ter riscos, sejam eles físicos ou mentais. Estar atento ao básico é a garantia de muito prazer para todos.
E bottom, por mais que seu papel seja obedecer, está em seu poder dizer que algo chegou ao seu limite.