Quando me deparei com o tema deste texto, sexo anal, dor e prazer, fiquei pensando em como abordaria cada item do título sem perder a conexão e a coerência.
E ao mesmo tempo de que forma brincaria com as palavras tentando trazer uma leitura divertida e leve, já que falar de prazer é bom, mas de dor e anal na mesma frase e na mesma prática, nem sempre…
Sexo anal pela primeira vez
Toda primeira vez é uma emoção. Seja no que for! Aquela expectativa e ansiedade pelo desconhecido é inevitável! E quando isso quer dizer fazer sexo anal pela primeira vez?
Aí então é mais difícil ainda. A começar pelos vários tabus que permeiam o anal, como por exemplo se o moço vai me achar uma puta. Se dar o cu é coisa de mulher rodada. Se dar o cu é isso…ou aquilo. Bobagem!
O cu é parte do nosso corpo, é cheio de terminações nervosas e com isso é muito sensível ao prazer. Isso tanto nas meninas como nos meninos. Então dar o cu é vida!
Mas voltemos ao sexo anal pela primeira vez. O que fazer? Bom, geralmente o que mais causa dúvida é como higienizar o cu para não passar vergonha ou ver o moço fugir. Eu mesma aprendi a fazer a chuca depois de umas boas vergonhas passadas.
Higiene e lubrificação
A melhor forma de fazer um enema é comprar um liquido que vende na farmácia, e aproveitar o próprio frasco para complementar a lavagem com água morna. Este vídeo também dá boa dica sobre enema.
Muitos também usam a duchinha do chuveiro, só recomendo que tenham cuidado com a higiene e possibilidade de contaminação. Então duchinha do motel, jamais!
Se é da sua casa, pode usar sem medo e limpe tudo depois. Encha o reto de água e expulse com força até a água sair limpa. Para pessoas que tem mais dificuldade no esvaziamento do intestino, recomendo um laxante um dia antes.
Estando tudo pronto, se jogue para o segundo passo: a lubrificação. Use sempre produtos à base de água. Depois use e abuse das preliminares gostosas do sexo e se dê o tempo necessário para relaxar e entrar no clima. Feitas essas três lições, certamente o sexo anal pela primeira vez será bom e inesquecível.
Sexo anal precisa ser sempre dolorido?
Foi a primeira pergunta que me fiz e rapidamente respondi: Não, não precisa!
Mas como realizar essa prática somente com prazer e sem dor? Ou a dor para muitos é um estimulante a mais, se pensarmos em sádicos e masoquistas praticantes? Sexo anal sem dor é menos interessante? Sentir dor é ruim? Até que ponto a dor é também prazer nessa prática?
Depois que todas essas perguntas secundárias vieram à minha mente passei a recordar a minha própria vivência e os conhecimentos que adquiri ao longo de três anos treinando dilatação anal extrema regular, e aí o texto foi brotando, se formando no meu pensamento.
Sexo anal comum
Falemos primeiramente no sexo anal comum, que não sei se posso chamar de básico, já que ainda é tão cercado de tabus e preconceitos, mas que boa parte das pessoas já praticou pelo menos uma vez na vida.
Se o ânus está devidamente relaxado, se as “preliminares” alcançaram excitação e lubrificação suficientes antes da penetração, se ela é feita de modo cuidadoso, o máximo de dor que poderá existir é na passagem mais externa do pênis para dentro do ânus.
Com o decorrer de alguns minutos a cavidade anal, que é elástica, se amolda e com o movimento suave relaxa ainda mais e o prazer domina.
Sexo anal intermediário
Se a pessoa já é praticante frequente, mesmo que essa penetração seja mais intensa, a dor é suportável e conhecida, não ocasionando nenhum outro problema, desde que observado o cuidado com o momento inicial da penetração
No entanto, por motivos diferentes, incluindo aí os bloqueios físicos e psicológicos de algumas pessoas, esse relaxamento e essa lubrificação não ocorrem.
Aí é preciso ou recorrer a um gel específico à base de água preferencialmente, para não danificar o preservativo, e um tempo maior de preliminares, que podem começar numa brincadeira gostosa com os dedos.
Vale a imaginação e a vontade de ambos, já que o consenso e a permissão nesse momento são fundamentais sempre. Vai de cada par escolher como melhor chegar ao ponto correto de relaxamento e excitação.
Ainda assim, algumas pessoas não conseguem e algumas se frustram.
Relatam tamanha dor e incômodo, muitas vezes gerados por vergonha, medo, pânico, preconceito ou a simples, mas não incomum falta de “tato” do parceiro em perceber a dificuldade.
É importante ter paciência para preliminares e fazer bem feito, que a coisa toda emperra e vira literalmente briga ou um inferno para ambos.
O que fazer com a dor?
Para alguns casos, o melhor é evitar mesmo, ou então buscar algum tipo de ajuda psicológica ou consultar um especialista para verificar se a pessoa não tem alguma outra questão física como hemorróidas, fístulas ou fissuras anais, que causam dor naturalmente, mesmo sem sexo. Aí pode se recorrer a tratamentos e no tempo certo retomar gradativamente a prática.
Porém, se você é daquelas pessoas que adora anal em todos os sentidos e tamanhos, mas sente dor, posso dizer que o sofrimento não é exatamente necessário.
Para um momento intimo e de puro deleite, uma boa saída é treinar um pouco de dilatação antes, de forma regular ou o mais frequente que puder.
Para isso, basta escolher um momento tranquilo, lançar mão de um plug confortável de borracha ou silicone, abusar do gel e brincar sozinho pelo tempo que conseguir, ou até sentir dor.
Nesse ponto deve-se tirar o plug, limpar-se e seguir a vida, até a próxima tentativa real de penetração anal. Com o tempo de prática, nenhuma dor será impedimento e só o prazer reinará.
Ainda sobre o sexo anal dolorido
A dor é entre as causas das reclamações, ou traumas em quem já praticou sexo ou dilatação anal, a maior. Ela ocorre principalmente porque o ânus não foi preparado de forma correta e suficiente para a prática.
E no que consiste essa preparação para o sexo anal sem dor?
Primeiramente a lubrificação. Como a recomendação é para sexo anal sempre com camisinha, o melhor lubrificante é à base de água que não danifica o preservativo.
E tão importante quanto a lubrificação, são as preliminares. A falta de atenção as atividades que ajudem no relaxamento da musculatura é outra causa bastante comum no relato de sexo anal dolorido.
As preliminares incluem dentre outras práticas eróticas e sexuais. Usar os dedos ou objetos menores para promover a abertura do orifício anal e proporcionar prazer, organizar a respiração e com isso trazer o relaxamento necessário.
Outras questões de cunho mais psicológico também podem contribuir, como vergonha, medo, ou traumas sofridos anteriormente. Aí não tem jeito, o cu trava, a musculatura se retrai e tudo fica muito difícil.
Então é bacana investir nas preliminares e ao final praticar sexo de forma segura e com muito prazer para ambos.
Se a dor persistir, talvez seja necessário procurar um especialista, pois problemas como hemorróidas, fissuras ou fístulas anais tornam o sexo anal muito dolorido e às vezes inviável.
Para todas as práticas anais, ter um sistema digestório regulado ajuda muito e para isso é preciso investir em muita fibra e água.
Penetração com objetos grandes
No meu caso, por treinar progressivamente há um bom tempo, no momento da penetração não sinto nenhuma dor.
Porém, tenho um limite para essa abertura, ao utilizar objetos ou consolos muito grandes e grossos, chega um nível em que ânus dói, e esse é o indicativo mais seguro de que cheguei ao meu máximo.
Aí paro o treino, me limpo e descanso essa musculatura bastante exigida, por alguns dias.
No entanto, se é essa “dor” que te “pira”, vamos lá conversar para que ela não seja prejudicial, mas continue fazendo parte do seu prazer.
Sexo anal também é cercado de muitos fetiches e muito relacionado as práticas BDSM. Há quem goste de bem apertado, há quem enlouqueça com um cu aberto e arrombado e há inclusive os que gostam de prolapso que é a projeção da parede interna do ânus, formando uma rosa carnuda e suculenta.
O prazer do arrombamento anal
Pensemos que para alguns o prazer de “arrombar” ou ser “arrombado” seja o ápice, porém ainda assim, é preciso tomar algumas precauções, pois ninguém quer estragar o “brinquedo”.
As mais importantes são:
- limpeza;
- segurança;
- lubrificação;
- recuperação.
O ânus é extremamente vascularizado, sensível, menos elástico do que a vagina e cheio de bactérias, as quais num eventual rompimento da mucosa (fissuras e fístulas) podem causar infecções com consequências bem desagradáveis e muito mais doloridas, até o ponto de intervenções cirúrgicas.
Da mesma forma, se a área não estiver bem limpa, essas bactérias também “penetram” no pênis, que sofre micro fissuras e podem igualmente causar infecções e outros problemas, incluindo DSTs.
Portanto, combinemos que sexo ou dilatação anal é para fazer com preservativo sempre!
Então continuemos pensando na prática mais sadomasoquista e numa forma de manter alguma dor, sem riscos e sem perder o prazer, ainda que seja uma penetração mais bruta ou uma inserção de objetos maiores.
O principal é evitar fazê-la sem qualquer lubrificação. Garanta que o objeto ou pênis irá deslizar e não “colar” na mucosa provocando aquela sensação de “rasgar” o cu, porque rasga mesmo.
Durante os movimentos observe se há qualquer tipo de sangramento. Neste caso, é muito importante quem está sendo penetrado relatar como se sente, e se acaso essa dor for acima do limite suportável ou houver sinal de sangue, ser imediatamente interrompida a penetração.
Cuidando da saúde anal
Para após essa sessão intensa, podem ser usadas pomadas específicas que ajudam na recuperação da mucosa, e o devido descanso dessa musculatura pelo tempo necessário.
Assim, mesmo que a dor seja um componente de excitação, é preciso avaliar qual o nível seguro e tolerável, a fim de evitar problemas futuros.
Ao persistir a ardência durante a penetração, peça ao parceiro para observar as condições externas do ânus e se for necessário interrompa a prática. Se tudo estiver bem, mantenha sem movimentos por alguns minutos até o corpo se acostumar e só então retome o ritmo mais intenso.
Práticas anais podem ser extremamente intensas e prazerosas, mas devem ser realizadas com cuidado, responsabilidade e maturidade.
Não é incomum e eu mesma já passei por isso, histórias de pessoas que deixaram de praticar algo tão bom e que traz tanta intimidade e prazer aos casais, por conta de um parceiro que não sabendo praticar, erra de endereço e penetra o cu sem qualquer cerimônia fazendo você ver literalmente “estrelas” nem um pouco românticas. Ou que quer fazer sexo anal e não se atenta às preliminares, ou ainda aqueles que não respeitam o fato de você não ter feito a preparação e depois ainda te fazem querer sumir chão abaixo, porque se sujou.
Então dor, além de física, pode ser psicológica, psíquica e essas às vezes trazem mais consequências, principalmente numa prática onde quem é penetrado tem pouco controle sobre a situação e não raro muitas experiências sejam consideradas abusivas.
Sangramento anal
Durante estes cinco anos de prática, algumas vezes durante o arrombamento por fisting, ou no treino de dilatação mais hard o cu expeliu um pequeno rastro de sangue. Uma coloração avermelhada no gel, ou um pequeno sangramento anal mais aparente.
Na dilatação anal extrema, a presença de sangue indica que os limites do corpo foram ultrapassados. Mostra também que houve uma micro ou pequena ruptura do tecido da mucosa anal.
Às vezes o sangramento anal acontece por falta de uma correta lubrificação, por não ter relaxado o esfíncter suficientemente. Ou mesmo por ter ficado por um tempo maior sem dilatar e tentar utilizar um plug, dildo, vegetal ou objeto qualquer maior do que a minha capacidade de dilatação naquele momento.
Ou por não dar ao corpo o tempo necessário para relaxar e se amoldar aos objetos inseridos no ânus ou a uma penetração anal com punho.
Quando isso acontece, eu paro tudo que estou fazendo, me limpo, deixando correr bastante agua morna, seco bem o local e utilizo uma pomada naquele dia.
Geralmente não é necessário mais do que isso. Como prevenção, faço um intervalo nos treinos ou sessões de arrombamento, por uma ou até duas semanas, a depender da intensidade do sangramento.
De qualquer forma, caso persista dor, ou novo sangramento é necessário buscar uma opinião médica de especialista. Vale uma consulta regular a um proctologista, pois além de verificar se houve algum dano maior, poderá ser consultado para tirar todas as dúvidas.
Conclusão
Assim, sucintamente, sexo anal, dor e prazer podem ser evitáveis no caso da dor, às vezes possíveis, admissíveis e podem até vir associadas a esse prazer mais rude.
Mas que não deixam de serem escolhas conscientes, compartilhadas e corresponsáveis, onde a observação de todas as etapas de higiene, segurança, relaxamento e recuperação a tornem o que sexo anal é: uma delícia a mais sem causar traumas!
Autora convidada
Este post foi escrito por pérola, uma submissa que pratica dilatação anal e preza muito pela saúde e vigor de seu prolapso.