Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Valesca Popozuda, cantora. No episódio 18 da sexta temporada de Pornolândia elas conversam sobre a importância do funk para as comunidades e as mudanças deste estilo musical. Uma conversa esclarecedora que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: De frentista de posto de gasolina à musa revolucionária do funk. Esta mulher linda e empoderada, já faz parte da história da música brasileira. Hoje vamos conversar com a Valesca Popozuda, uma bate-papo descontraído e divertido que termina com a nossa incendiária Xgirl iluminando a nossa noite.
O Funk carioca atual e a visão de Valesca Popozuda
Valesca, eu vou te falar uma coisa: você é muito bonita!
Valesca Popuzuda: Ah, obrigada!
NP: Eu gosto de você, gosto muito!!!
Valesca Popozuda: Ah, eu já estou bem confortável. Bem à vontade aqui no sofazinho!!!
NP: Eu fico feliz com isso! É isso que eu quero, que as pessoas cheguem aqui e fiquem à vontade. Principalmente, mulher forte como você!
VP: Essa coisa de ficar muito certinha não é muito comigo!
NP: Eu queria que você falasse sobre o funk. O que você tem visto no funk carioca atual. E desde que você começou com a Gaiola das Popozudas, que a gente sabe tudo, até hoje. O que você tem visto de mudança?
VP: O funk mudou muito desde aquela época. Para quem não sabe, eu comecei na Gaiola das Popozudas. Eu dançava, não cantava ainda. E não queria cantar, nunca tive essa pretenção, eu não queria ser uma cantora, mas eu dançava e sempre gostei. Então, naquela época o funk era mais comunidade. Naquela época, o funk estourava primeiro na comunidade para depois estourar no asfalto, como a gente diz aqui fora. Existiam muitos homens naquela época, mulheres eram poucas. De mulheres era eu, a Tati Quebra Barraca, que estava ali também começando. Mas, ela já cantava e eu só dançava. Então, de lá para cá, o nosso funk está crescendo, existem mais mulheres no comando. Existem homens, mas são poucos. A nossa batida vem mudando cada vez mais, então hoje os djs misturam trap, batida do hiphop, do arrocha.
O funk para a cultura das comunidades
NP: Falando, então, dessa mistura do funk…
VP: As letras também…
NP: O funk agrega uma porção de… O funk agrega uma porção de ritmos como você diz, de estilos musicais. Qual a importância do funk para a cultura brasileira e para a cultura das comunidades?
VP: O funk, eu diria, que é muito grande, porque além de realizar muitos sonhos daquela criança que cresce na comunidade e não tem espaço, eles se identificam em um Dj. Eles sonham em ser um Dj, eles sonham em ser um MC. O funk abre muitas portas, então assim, a gente emprega várias pessoas. A gente traz as pessoas para dentro do nosso trabalho e aquela pessoa se inspirou. “Ah, eu quero ser cantora como a Valesca”, “Eu quero ser como a Valesca”. A gente coloca a nossa família para trabalhar com a gente. Então, abre a cabeça de outras pessoas e pessoas que estavam ali dentro da comunidade e não tem espaço para, muitas vezes, poder estudar. De tirar, as vezes, a pessoa de se envolver com o tráfico, entendeu.
Libertação
NP: E como você acha que o seu trabalho e o trabalho de outras funkeiras, especialmente o trabalho das mulheres mesmo, você acha que trouxe uma visão de feminismo, de libertação da mulher para as mulheres da comunidade e para as mulheres em geral?
VP: Eu digo que é para as mulheres em geral, né. Eu digo até assim, naquela época em que eu cantava o funk proibidão, que eu nunca parei de cantar, a gente erra apedrejada, as pessoas “nossa, está cantando isso”, “Nossa, que horror!” isso quem não conhecia direito o funk. Mas, hoje eu digo que naquela época que o funk proibidão aceito era 20% do por cento que as pessoas gostavam, aplaudiam. Era mais a comunidade mesmo, porque o asfalto consumia aquela música light que não tinha palavrão. Hoje, as pessoas consomem 80% da música proibidona, é o que elas gostam de ouvir.
Valesca Popozuda e o pornô
NP: Você participou do Prêmio Sexy Hot!
VP: Sim, amei! Nooossa!
NP: É muito legal! Eu já participei também. Você costuma assistir filme pornô?
VP: Olha, não muito, às vezes. Eu vou te dizer que tem muito tempo que eu não assisto.
NP: Eu não costumo assistir, não. Mas, eu acho legal. Quem gosta, gosta!
VP: Não, lógico! Quem curte usar os brinquedinhos, ir em Sexshop. Eu adoro ir em Sexshop, adoro entrar…. Eu digo assim, antes de eu ser tão famosa, eu ia muito em Madureira… no meu começo de Gaiola. Tinha um Sexshop e eu tinha uma vergonha de entrar no Sexshop, porque todo mundo ia olhar para minha cara! Depois eu pensei “vou lá dentro saber como é que é”. E, minha filha, toda vez que eu ia em Madureia eu passava lá para comprar uma calcinha bonita, uma calcinha comestível, comprar essas coisas, porque a gente tem que… Eu acho que é isso, a gente não tem que ter vergonha, até porque….
Antes só do que mal acompanhada
NP: Não tem que ter vergonha, a gente tem que fazer o que quer!
VP: A gente está apimentando o relacionamento, até para nós mesmo. A gente tem um boy que não está dando certo lá, a gente não está dando conta, a gente tem que de alguma maneira “se” satisfazer, satisfazer os nossos desejos e a gente brinca sozinha, qual o problema? Às vezes, brincar sozinha é melhor do que brincar com alguém.
NP: Às vezes, a gente está junto e quando vê fala “ih, gente”…
VP: Às vezes você se virou melhor sozinha do que acompanhada!
NP: Eu queria saber também, que eu sei que você tem projetos além da música! Você tem a sua loja e tem seu livro.
VP: É, o livro eu lancei. Sou dessas: pronta pro combate. Foi um sucesso em que falei muita coisa, coisas que eu nunca tinha falado, porque eu achei que não era necessário. Porque, eu acho que a gente tem que vender o nosso trabalho, a nossa vida é a nossa vida! A gente vende conforme a gente está ali mostrando, as pessoas perguntam, eu nunca me neguei de falar alguma coisa. Então, neste livro eu contei muita coisa que eu nunca tinha contado.
Então, assim, é bom para as mulheres também para abrir a mente delas, aquelas que se inspiram tanto, como chegam para mim para dizer, até por letras também. “Ah, eu tinha medo disso e quando eu comecei a ouvir suas músicas, nossa, me identifiquei, sou outra mulher”. E isso não tem preço que pague a gente ouvir isso!!! Saber que de alguma forma a minha música contribuiu sabe, ela sendo proibidão ou light, enfim. Mas, a Valesca também na vida delas, né!
Valesca Popozuda na TV
NP: Você participou do programa Os Suburbanos, né? Você acha que a Valesca está abrindo agora um caminho na tv?
VP: Cara, então, esse lado…. Antes disso tudo da Gaiola, antes de vir meu filho, eu fiz muita figuração. E eu fiquei quase dois anos fazendo figuração. E a televisão me encantou muito, aquela coisa toda você vendo as atrizes atuar e aquela coisa toda. Aquilo começou a mexer comigo. E Os Suburbanos “veio”, que é comédia, Toc’s de Dalila que eu fiz. Assim, quando aparece uma coisa ou outra para atuar e dá, eu super aceito, né. Agora, a gente vem assim, para frente, eu fui convidada pela Cleo Pires para fazer uma série que ela vai exibir nas redes sociais dela, é um projeto muito incrível falando sobre feminicídio, em que eu atuei com outras meninas também. Mas, é uma coisa mais para frente.
NP: Então, esse é um dos teus projetos futuros?
VP: É! Foi tipo top mesmo, das galáxias, tipo foda! E as mulheres vão amar, é um documentário incrível. E tem música, acabei de lançar o clipe agora “Fada Madrinha”, que é uma coisa meio lúdica, aquela coisa de fada e tudo. Quem ainda não assistiu, por favor vai assistir no meu canal Valesca Popozuda. E os próximos é música mesmo e outros projetos incríveis aí que a galera vai amar, elas vão super curtir!
Valesca Popozuda no Instagram
NP: Cara, olha, eu gostei muito de falar com você! Você é uma mulher como eu imaginava, uma mulher poderosa!
VP: Ah, obrigada!
NP: Gostei mesmo! Vou te seguir no Instagram. Qual é o teu Instagram?
VP: @valescapopozuda
NP: Assim, Valesca Popozuda! Estou tão encantada que….
VP: Valesca com V e com C.
NP: E agora chegou a tua hora de ficar com a nossa Xgirl!
A nossa Xgirl
E o programa terminou com a maravilhosa Xgirl Lis, uma morena linda e gostosa que ficou nua em um ensaio sensual que revela suas entrelinhas gostosas de ler!