Filme trash, é certamente um dos gêneros de filmes mais famosos do cinema. Entretanto, apesar dessa popularidade e como outras obras do cinema independente, esses filmes ainda sofrem uma série de pré julgamentos, e poucas pessoas realmente entendem o que é uma obra desse tipo.

Vamos começar com alguns esclarecimentos

O que é filme trash?

Filme trash ou Cinema Trash são os filmes de baixo orçamento produzidos com baixo custo e geralmente com uma qualidade inferior a qualidade encontradas em filmes B.
A classificação de uma obra como filme trash, pode se referir a um filme tecnicamente malfeito muitas vezes de forma proposital. A estética de obras audio visuais classificada como trash pode ser usada em qualquer gênero de filme ou vídeo.

Quais os melhores filmes trash?

Re-Animator: A Hora dos Mortos-Vivos: Uma adaptação de um conto do escritor H.P. Lovecraft. 
O Ataque dos Tomates Assassinos: É isso ai, tomates gigantes e assassinos. Do que mais precisamos?
Rubber, O Pneu Assassino: Celebra o filme trash através do absurdo conceito de um pneu assassino com avançados poderes psíquicos.
Palhaços Assassinos do Espaço Sideral: Os palhaços são bizarros e assustadores. Até mesmo para quem não tem medo deste tipo de personagem.
Sharknado: Nada menos do que uma cidade sendo atacada por tubarões que vieram viajando num furação.
Planeta Terror: Fácil definir, imagine uma mulher com uma arma no lugar da perna atirando pra todo lado.
Mar Negro: Filme trash brasileiro,  Mar Negro tem um trabalho de maquiagem impecável e realmente assustador. Rodrigo Aragão dirige está obra prima trash.
Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio: apenas a bíblia dos filmes trash. Não perca.
Plano 9 do Espaço Sideral: Dirigido pelo rei Ed Wood, que era capaz de transformar o ruim em algo muito pior. E tem na produção Bela Lugosi.
Pink Flamingos: Um filme perturbador que foi produzido para ser o pior de todos. Nada foi acidental, curtam as delícias do erro proposital, estudado e muito bem executado 

Esclarecidas as dúvidas para os não iniciados, vamos continuar.

Então, pensando em deixar mais claro do que se trata e dando algumas dicas de como apreciar essas obras de arte controversas, decidimos escrever esse artigo falando sobre filme trash e também vamos falar sobre as famosas cenas de sexo, muito comuns neste gênero.

Você conhece algum filme trash brasileiro? E na Netflix, será que tem algúm filme desse gênero?

Para saber tudo sobre esse assunto, primeiramente não deixe de acompanhar esse texto até o final!

E como bônus você vai encontrar uma entrevista com uma das maiores lendas dos filmes trash brasileiros, Petter Baiestorf!

O que é filme trash

poster de Filme
Poster de um filme trash

O gênero trash talvez seja um dos mais difíceis para categorizar, já que não há uma única verdade ou uma única estrutura a ser considerada quando analisamos estes filmes do ponto de vista formal ou estético.

Entretanto, existem alguns fatores comuns que estão presentes em diversas obras que podemos classificar como um filme trash. E é por meio desses fatores comuns que podemos identificar se aquele filme que estamos assistindo pertence ou não a esse gênero cinematográfico.

De uma forma geral, um filme trash tem as seguintes características:

  • Tem um orçamento baixo, ou muito baixo;
  • Não tem um elenco famoso (com atores que ganham milhões)
  • Aposta no humor negro, sangue e nudez;
  • Tem roteiros simples e com formas que se repetem em diversas obras.

Filme trash no Brasil

bastidores com petter baiestorf a coffin souza
Coffin Souza e Petter Baiestorf

Aqui no Brasil, surpreendentemente, há alguns diretores especialistas em filmes trash, como o famoso Zé do Caixão (José Mojica) e Peter Baiestorf (leia entrevista com ele no final deste post).

Esse último é responsável por filmes do gênero trash no Brasil como:

  • Criaturas Hediondas
  • Criaturas Hediondas 2
  • Super Chacrinha e Seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha
  • A Noite do Chupacabras
  • 13 Histórias Estranhas

E a produção pornográfica do Peter Baiestorf também pode ser vista num dos nossos filmes mais legais, com a musa Ljana Carrion o clássico pornô TrashHomens e algas.

Filme trash ljana carrion arrombada
Ljana Carrion nos bastidores de um filme trash do Peter Baiestorf

Filme trash na netflix

Se você é um assíduo usuário da Netflix, mas não está feliz com as produções de primeira linha, lançadas anualmente pela produtora, então saiba que na plataforma de streaming é possível encontrar bons filmes trash.

Aqui vai uma lista de alguns títulos para você assistir nesse gênero:

O Enigma de Outro Mundo

Piranha 3D

As Travessuras de uma Sereia

Espíritos: A Morte Está ao seu Lado

O Ataque dos Vermes Malditos (esse é um clássico do cinema trash com Kevin Bacon)

Filme trash e cinema independente

Filme trash a mosca david cronemberg
Seria “A mosca” um filme trash?

Todo filme de cinema independente é trash?

Podemos dizer que os filmes do gênero trash estão associados ao cinema independente, já que eles são feitos fora dos grandes estúdios e não contam com todo o glamour hollywoodiano.

Entretanto, a grande maioria dos filmes independentes não podem ser classificados como filmes trash, afinal, o cinema independente apresenta uma diversidade de gêneros talvez maior do que a existente no cinema de grande circuito.

De uma forma geral, para simplificar o entendimento do termo para este post, vamos considerar o filme ou cinema independente como aquela produção que é feita longe dos grandes estúdios de Hollywood.

No caso brasileiro o orçamento dos filmes trash ficam muito perto de algumas centenas de reais.

Só pra ilustrar como essa discussão sobre filmes independentes é complexa, filmes como Star Wars, por exemplo, teve parte da sua produção financiada por George Lucas, e de forma alguma pode se encaixar dentro dessa definição.

O fato é que há filmes independentes que são patrocinados por estúdios subsidiários com orçamento até 20 milhões e aqueles produzidos por estúdios pequenos ou livres com orçamento bem abaixo de 10 milhões.

Um exemplo desse último é Doonie Darko, e seria ele um filme trash?

Filme trash e pornografia

Filme trash
Capa de filmes trash pornográficos dos anos 70

Os filmes trash, em geral, contam com muitas cenas de sexo, violência, sangue, vermes e histórias desgraçadas. Não todos, é claro.

O uso destes elementos extremos está associado ao fato de serem temas populares, relativamente fáceis de serem reproduzidos (de uma forma trash) com orçamentos baixos e extremamente divertidos de assistir.

Além disso, há filmes pornôs, como alguns produzidos nos anos 70, que podem ser considerados como trash, por conta do seu roteiro, técnica filmagem e orçamento.

Mas é bom não confundir um pornô de poucos recursos com um pornô trash. Atender apenas um daqueles requisitos que falamos acima (baixo orçamento, sangue, roteiros com formatos simples, e etc) não classifica automaticamente um pornô como trash.

Um dos fatores que melhor definem um pornô trash, como todos os outros filmes trash, é o humor, ou pelo menos o filme não se levar a sério.

Um bom exemplo são as pérolas baseadas nos filmes de brucutu dos anos 80, como este:

Muitos diretores se especializaram em mostrar cenas de sexo nos filmes trash, o que resultou em verdadeiras “obras primas”.

Entre os filmes com essas características, podem ser citados:

Esquisitices na Orgia da Morte de Ed Wood

Orgia da Morte

Horror porn – um canal inteiro de trash porn

Doce Vingança – não é pornô mas a violência é mais do que explícita

Conclusão

Como vimos, surpreendentemente, o gênero trash tem muitos adoradores em todo o mundo, apesar dos preconceitos e da falta de suporte para sua produção.

Neste texto, tentamos mostrar pra você o que é um trash, explorando as características principais que ele precisa ter, falamos sobre alguns filmes desse tipo no Brasil e também do que pode ser encontrados na Netflix.

Gostou do artigo de hoje sobre filmes trash e cenas de sexo? Então continua lendo, porque a cereja do bolo (em formato de olho humano pra ficar no clima do tema do post) é a entrevista que vemos a seguir.


Aida não acabou! Como prometemos, segue uma entrevista exclusiva com o Peter Baiestorf o brasileiro rei do Filme trash.

O produtor mais ativo do “underground” brasileiro, Petter Baiestorf falou para Xplastic nesta entrevista histórica, feita no inicio do anos 2000. Certamente uma parte importante dos primórdios da história da xplastic está contada nesta entrevista.
Ele é http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Baiestorf

a) Cara, eu te conheci há muitos anos através do José Salles e da Denise V. e do Fanzine Judith Blair. Depois te adicionei aqui no orkut, trocamos algumas idéias rápidas sobre assuntos variados e agora vamos fazer esta entrevista, indiretamente vc é um dos responsáveis por fazermos vídeos, pq quando vimos os vídeos do Salles, e depois os seus, com garotas como a Denise V. percebemos que era possível fazer algo próximo do pornô, ou mesmo pornô, que é o que gostamos, dentro do underground, no esquema de fanzines e essas coisas. E vc foi um dos grandes influenciadores do Salles. Sendo assim vc tbm é culpado!

Baiestorf: Não coloca a culpa em mim, hauahuahauahuahaua… José Salles eu conheci na metade dos anos 90, quando eu já tinha produzido vários longas em VHS e alguns curtas.

Conheci ele em São Paulo, meio de bobeira, aí ele se ofereceu para ser ator, me mandou um monte de livros que tinha escrito que eu gostei bastante e fizemos juntos o “Blerghhh!!!”, depois ele acabou colocando até grana em alguns projetos meus, trabalhamos juntos por uns dois anos, depois ele começou a fazer os próprios filmes e fez muita coisa interessante, foi uma pena ter parado, era um dos cineastas independentes que eu mais gostava.

Fui diretor de fotografia dos primeiros filmes dele, Coffin Souza foi ator, Carli Bortolanza fazia as maquiagens e Denise V. era sempre uma das atrizes, era básicamente a mesma equipe-técnica… Foi uma pena não ter ido prá frente, mas acho que nossos interesses na época acabaram sendo outros.

b) Quando eu vi a Ljana Carrion, há uma hora mais ou menos nas fotos do seu orkut me lembrei das primeiras fotos da Denise V. e outras “garotas canibal” que vi, e senti a vontade irresistível de fazer alguma coisa (!) com ela. Eu quero que ela participe dos meus vídeos tbm !!!! LINDA essa garota !!
Agora vou te fazer uma pergunta que sempre me fazem, onde vc conhece o seu elenco????

Baiestorf: Ela vai trabalhar nos teus vídeos sim, acho que produtores sérios tem que cuidar bem dessas meninas porque elas são especiais e merecem trabalhar em projetos sérios.

Temos que tratar bem essas corajosas atrizes para que cada vez mais garotas bacanas se interessem pela produção de vídeo independente.

Ljana Carrion estava perdida em Florianópolis, ignorada por todos, sendo esculachada por quase todo mundo naquela cidade, ela entrou em contato comigo dizendo que estava preparada prá filmar comigo, que queria fazer um filme na Canibal Filmes, então escrevi um roteiro, mandei prá ela, ela adorou e fizemos o “Arrombada: Vou Mijar Na Porra do seu Túmulo!!!” numa tacada só, tudo no mês de agosto.

Escrevi o roteiro num dia, filmamos em dois dias e duas noites, editamos em quatro dias e no mesmo mês o filme já estava sendo lançado numa exibição teste em Toledo/PR.

Onde aproveitei uma palestra que iria dar numa faculdade pública para fazer uma exibição teste do nosso filme, o pessoal ficou apavorado, mas muita gente gostou do que viu.

Ljana é uma estrela, estou cuidando dos projetos dela até que ela se acostume com o meio e saiba em quem confiar e com quem trabalhar.

c) O que mudou desde ” Criaturas Hediondas – 1993″ comparando com sua produção atual “ARROMBADA: Vou Mijar Na Porra Do Seu Túmulo!!!” ?

Baiestorf: To mais gordo e mais careca, hauahuahauahuaa…

Bem, acho que o estilo peculiar de filmar, que é a exploração da tosquice estética continua intacta, mesmo filmando em digital hoje em dia, consegui fazer um vídeo digital que ficou mais porco que uma VHS dos anos 90.

Mas de resto acho que até evoluímos um pouco, sei lá, acho que essa pergunta deve ser feita pros nossos fãs, hauhauahauahuaahu

d) E a distribuição? Vc sente alguma diferença de vendas pela Net em relação ao que acontecia na época dos fanzines? Pra eu sinto que esta mais difícil vender um DVD de 60 minutos hoje , mesmo cobrando o mesmo preço que cobrávamos por um VHS de 30min, há 10 anos. Pra vc como tem sido?

Baiestorf: Olha só, nos anos 90, lá por 1994, 1995, eu vendia VHS podre à R$ 25.00 e todo mundo comprava, todo mundo achava maravilhoso, todo mundo queria ter em casa.

“O Monstro legume do Espaço” (de 1995) vendeu quase mil cópias, financiou todas as minhas experiências visuais por uns dois anos.

Em 1996 e 1997 eu fiz praticamente só filmes experimentais ou eróticos podreiras, assustou todo mundo, não vendeu mais e entrei o ano 2000 completamente fudido de grana.

Só vindo a me recuperar direito lá por 2005, se bem que minha produção de 2000 até 2006 continuou completamente experimental, passei muito tempo fazendo vídeos de invenção prá exibir em festivais e ficar viajando de graça pelo país todo.

Foi bom, mas foi minha ruína financeira. Hoje em dia até que vendo bem, mas acho que mais porque meu nome é bem conhecido e o pessoal sabe que vai ver filmes bem diferentes de qualquer outro produzido aqui no Brasil.

Mas acho que DVD está vendendo menos e a um preço menor.
Sabe, as duas perguntas que mais ouço são essas: “Onde tem prá baixar teu filme?” e “porque tu não está fazendo um filme novo?”, hauihauahauhauauaua…

Bem, acho que as duas perguntas se respondem, se todo mundo quer ver de graça, dá onde um desgraçado independente como eu poderá arranjar a grana pro vídeo novo?

e) Como é a repercussão do seu trabalho no exterior? E a cena na sua cidade? Acho as pessoas conhecem Palmito por causa da Canibal Filmes, não?

Baiestorf: Na minha cidade sou um cara bem conhecido, praticamente uma lenda, o figura da cidade, essas coisas.

No Exterior estamos tentando vários contatos, o único contato que temos dos anos 90 são a Troma e Nick Zedd, o resto se perdeu.

Tava tentando uma edição nos USA do meu livro “Manifesto Canibal” que é um arregaço sobre como produzir filmes sem grana, mas to achando que não vai rolar, a editora não mandou mais resposta…

A revista “Ultra Violence” iria lançar por lá meu média “Palhaço Triste”, um filme que é uma viagem de LSD, mas por enquanto não sei.

Também estou negociando o lançamento nos USA do “Arrombada” pela Troma, mas estamos esperando o filme “Mamilos em Chamas” do Gurcius Gewdner ficar pronto para um double feature.

De concreto mesmo, só uma mostra de cinema anarquista brasileiro que vai acontecer no ano que vem em New York com aval da Troma. Estamos tentando novos contatos, mas é cedo prá falar sobre eles.

f) Do que trata “ARROMBADA: Vou Mijar Na Porra Do Seu Túmulo!!!”, e como será este lançamento na sua cidade. A irmã de muita gente participou deste vídeo?

Baiestorf: Venho do cinema exploitation, títulos mirabolantes e frases de efeito nos cartazes são regras que precisam ser seguidas, “Arrombada” é minha volta para este formato.

Se definitivo ainda não sei, mesmo porque tenho alguns projetos surrealistas em vídeo prá tocar prá frente, mas por enquanto to curtindo muito ter voltado a produzir um sexploitation.

Criou uma expectativa muito boa entre o pessoal que curte filmes independentes e me motivou a fechar um novo filme no estilo que deverá ser o “Uma Vagabunda Para Os Mortos-Vivos”, com mesma equipe-técnica e elenco do “Arromabada”.

Estou com vários roteiros cafajestes para filmar, só precisaria de um parceiro financeiro para essa empreitada de vários título sexploitation explorando violência e erotismo quase explícito.

Tem público fiel, meu nome é conhecido e rende grana. Por enquanto to embarcando sozinho nessa empreitada, mas se alguém quiser se habilitar a co-produzir esses sexploitations sou todo ouvidos.

Já o roteiro de “Arromabada” fala sobre como o poder corrompe as pessoas, é sobre uma festinha de amigos “respeitáveis” da sociedade que comprar uma menina de um traficante para barbarizar com ela.

É um média sexploitation na tradição dos filmes de Jesus Franco e sua musa Lina Romay.

g) Estou baixando o trailer aqui no torrent, mas já mando a pergunta, tem sexo explicito? Já gravou alguma cena de sexo explicito nos seus vídeos?

Baiestorf: Apesar de muita gente que está vendo o filme dizer que as cenas de sexo filmadas são explícitas, a resposta é não, as cenas do “Arrombada” não são explícitas.

Já fiz alguns filmes com cenas de sexo explícito, os mais conhecidos são “Gore Gore Gays” e “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos”, ambos de sexo bizarro e violentos, carregados de muita ironia e sarcasmo.

h) Tem contato com o salles e outras pessoas dos anos 90?

Baiestorf: Acabei perdendo contato com o Salles, mantenho contato com a Denise V. via MSN, atualmente ela está morando no Japão.

Foi uma pena ela ter se afastado das produções, ela era uma estrela, eu devia ter auxiliado ela mas a falta de um mercado atrapalhou também.

Bem, vou tentar fazer direito com a Ljana agora. Mantenho contato mesmo é com várias bandas undergrounds que sobreviveram até hoje, bandas mais extremas como Rot, Lymphatic Phlegm, Flesh grinder, Muzzarellas e outras que surgiram na primeira metade dos anos 90.

i) Que equipamentos vc usa na produção dos seus vídeos? Da captação à edição.

Baiestorf: Eu uso qualquer tipo de equipamento, acabei de filmar em 16mm com o Nilson Primitivo, agora só estou esperando ele me enviar a película prá riscarmos ela e pintarmos quadro a quadro umas viagens.

Nos meus filmes novos estou usando uma mini-DV e editando com premiere, meu sócio Gurcius Gewdner é quem cuida da edição de meus vídeos.

Acho que não devemos ficar presos, devemos experimentar todos os formatos e estéticas que surgirem ou inventarmos. 

Falo exatamente sobre isso no meu livro “Manifesto canibal”, co-escrito com Coffin Souza em 2002 e lançado em 2004 pela editora anarquista Achiamé do Rio de Janeiro.

j) You Tube , x tube, pornotube, agora é possível qualquer disponibilizar o que fizer pra quem quiser ver. E ai o que aconteceu? Acha que as pessoas estão usando estes recursos? Onde vc acha que estamos e onde vc acha que vamos parar?

Baiestorf: Acho que temos que usar esses recursos para exibir trailers e dar informações aos interessados, mas o filme mesmo só em mostras ou em DVD.

Cara, a gente trampa prá caralho, eu trabalho todos os dias até 3 da madrugada prá manter a Canibal Filmes funcionando. Não to interessado em fazer filmes prá deixar o pessoal ver de graça.

Agora, com o “Arromabada”, estou criando uma rede de exibições em várias cidades com ajuda de amigos, são exibições em butecos com telões e cobrança de ingressos.

“Arrombada” me custou dois mil reais, vou recuperá-los antes de lançar o filme em DVD.

Infelizmente tudo não passa de um grande negócio, o público quer ver os filmes e a gente só quer continuar podendo realizá-los.

k) O que vc assiste? O que te inspira?

Baiestorf: Eu assito de tudo que é tipo de filmes, mas sou inspirado por cineastas surrealistas, como Jan Svankmajer, Makavejev, Arrabal, Terayama, Wakamatsu, Jodorowsky e outros.

Nos lances exploitations sou influenciado por Jesus Franco, Joe D”Amato, Jean Rollin, John Waters, George Kuchar e outros.

Mas a vida é uma influência para quase todos meus projetos.

l) E a trilha sonora dos seus vídeos? Como consegue? Que tipo de som usa?

Baiestorf: Tento usar praticamente só bandas undergrounds ou músicas esquecidas pelo tempo. Conheço uma grande variedade de bandas de todos os estilos aqui no Brasil e prefiro usar só o som dessas bandas. È mais uma questão ideológica do que qualquer outra.

m) Acabei de ver o trailer, ela é realmente a nova musa ! O MUNDO precisa dela !!!! HAHAHHAHA

Baiestorf: Sim, é o que eu acho, o planeta inteiro precisa de Ljana Carrion, ela é linda, ela é divertida e na maioria das vezes genial.

Cara, eu amo essa mulher, quero torná-la conhecida em todos os lugares, quero fazer todo mundo, homens e mulheres, se apaixonarem por ela, seus sonhos eróticos serão com ela daqui prá frente, heheheheheh…

n) Como a pirataria tem afetado o seu trabalho?

Baiestorf: Tem feito eu produzir cada vez menos, cada vez estou sentindo maiores dificuldades em arranjar grana pros meus filmes. Mesmo porque, devido a temática dos meus filmes nunca consigo investidores.

Tenho muita gente que diz que quer fazer parcerias comigo, mas de concreto mesmo são poucas. Mas vou seguindo, estou nessa à 15 anos, não sei fazer outra coisa.

Se me fodo hoje fumo um baseado, respiro, vou trabalhar em algo, junto grana e volto a produção. To acostumado a ser sacaneado, nada mais me surpreende, hauhauhauauaua

o) Sua equipe vc estrutura seguindo padrões tradicionais de cinema? Diretor, diretor de fotografia, assistentes…e etc?

Baiestorf: Não, geralmente sou eu e Coffin Souza quem fazemos quase tudo na equipe-técnica dos filmes. Carli Bortolanza geralmente nos ajuda nos efeitos e Gurcius Gewdner edita os filmes. Quase nunca tenho grana sobrando no orçamento para ter uma equipe-técnica tradicional.

p) O que vc acha do cinema exploitation voltar ao mainstream com filmes como “Grindhouse” do Tarantino e “Robert Rodrigues”?

Baiestorf: Olha só, na qualidade de um diretor exploitation que se aproveita de modas, eu acho ótimo, lá por 1994 todo mundo adorava trash-movies, Ed Wood, Roger Corman e etc.

E a gente vendia bem, muito bem, depois teve uma modinha underground envolvendo Nick Zedd e o estilo transgressor de fazer filmes. E a gente, que fazia alguns filmes neste estilo, vendeu bem aqui no Brasil.

Acho bem interessante que diretores mais famosos coloquem gêneros esquecidos pelo público de volta ao mercado, acaba ajudando diretores pé de chinelo igual eu, por exemplo, hauhauahuahaua…

p) Comente sobre novos projetos, mande um recado pra todo mundo que estiver lendo a entrevista.

Baiestorf: Bem, meu projeto novo deverá ser o “Uma Vagabunda Para Os Mortos-Vivos”, novamente estrelado por Ljana Carrion com visual novo e possivelmente mais apetitosa.

Se nada der errado estaremos filmando este novo projeto em breve, depois vou fazer um média surrealista com gordas e um curta metragem em Porto Alegre com o pessoal do Queer Fiction (Atualização em 2020: atualmente o QUeer Fiction tornou-se a dupla Kill Pornstars).

São vários projetos, toco tudo junto e vou vivendo intensamente, como a vida deve ser vivida, hauhauahuaia.

Apóiem os independentes comprando sua tralhas, se quer poupar dinheiro sonegue impostos!!!