Durante o mês de fevereiro publicamos uma promoção envolvendo o envio de contos eróticos. A vencedora foi Ells com seu conto:
Ficou Teu Nome Escrito em Marcas no Meu Corpo

O texto completo você confere logo abaixo. E como a própria autora escreveu:

“Espero que gozem. Digo, gostem!”

Só mais uma noite mal dormida como tinham sido outras nas últimas semanas. Deitar no embalo das reflexões que só um domingo te fazem ter e na manhã seguinte, se arrastar pra fora da cama procurando o ânimo que parece ser repelido pelas segundas-feiras. Ainda na dúvida se valia a pena o trabalho de lavar e secar os cabelo, fiz o meu café com torradas e fui pra frente do computador, li receitas, baixei um disco, arrumei a casa, ignorei a postagem da faculdade sobre a volta às aulas e por fim tomei um banho demorado. Minha cabeça andava cheia e o peito vago de emoções, no livro, Christiane narrava a primeira vez que foi ao Sound e eu pensei que tinha tempo que não ia a alguma festa, dançar me fazia um bem, vai ver era isso que tava faltando… Tanta coisa tava faltando na verdade, mas eu gosto de priorizar o que alimenta a alma, só mais um dos meus males.

Rolei no sofá e deixei o livro de lado um instante pra mexer no celular, mensagem da Dani, uma amiga de São Paulo, enviada há horas que eu não tinha visto:

Thaís, tá de férias ainda? Que acha de levar o Raphael pra tomar umas cervejas? Ele tá por aí a trabalho, não conhece ninguém, lembra dele?

Eu lembrava, lembrava bem, tinha conhecido na casa dela da última vez que fui à cidade. Um olhar e um sorriso marcantes demais pra ser esquecido, quase inevitável não observá-lo de longe a noite toda, mas quando finalmente conversamos desviava pra outras direções. Não sei bem o que eu queria esconder, mas achava que poderia ser lido em mim se mantivesse o contato visual por algum tempo.

Baixei a foto anexada e fiquei olhando por uns minutos antes de responder. Ela disse que passou meu número e ele entraria em contato, não demorou até o celular notificar nova conversa. Dei algumas ideias de lugar, mas voltaríamos a nos falar em algumas horas quando ele estivesse livre.

Joguei várias opções de roupa em cima da cama, tentei dar um jeito no cabelo (e na cara), calor demais, antes que eu decidisse a blusa ele ligou:

Por que eu não vou até a tua casa e então decidimos aonde ir?

Coloquei uma música, ele chegaria em pouco tempo e tentei me arrumar o mais rápido possível. Tinha acabado de fazer o gatinho no olho quando a mensagem dele avisando que estava no portão vibrou no celular.
O mesmo desconcerto da primeira vez eu senti ao vê-lo parado ali diante de mim, sorri, convidei pra entrar. Um abraço desajeitado como cumprimento, foi mais contato do que tivemos há uns anos e eu tentei manter a calma de uma boa anfitriã. A ansiedade escorria através dos meus poros.

Ele elogiou a banda tocando e esperou paciente no sofá enquanto eu terminava o processo de parecer apresentável e esconder uma coisa e outra fora do lugar, como a minha falta de habilidades sociais, por exemplo, até eu finalmente parar pra discutirmos o destino.

Tem bar aqui perto? Algum lugar onde comprar cerveja? Poderíamos ir atrás de umas cervejas e depois ver o que fazer, o que acha?

Foi o que eu pensei em sugerir desde o começo, mas ele não conhecia a cidade e pensei que havia coisas muito mais interessantes pra mostrar e lugares legais pra ir ao invés de ficarmos na minha casa. O caminho até o boteco mais próximo não era longe e apesar de ser familiar com cada trecho do chão até lá, a presença dele simplesmente me deixava nervosa ao ponto de por vezes sentir que ia tropeçar no vento.

Apesar de tudo a conversa fluiu perfeitamente de novo, já em casa falamos desde o preparo de legumes até nossas músicas favoritas dos Doors, enquanto beliscávamos salgadinhos e bebíamos um copo atrás do outro. Cada leve toque dele em mim fazia o meu rosto queimar e os segundos em que ele ia até a cozinha buscar mais cerveja era o tempo que eu tinha pra colocar a cabeça no lugar, afastar os pensamentos obscenos que já flutuavam pela minha mente ou mesmo me convencer que ele não tava dando vários sinais de que tinha segundas intenções naquela visita.

Na minha vez de buscar mais petiscos na cozinha continuamos nos falando de longe, perguntou se eu achava que ele tinha alguma tatuagem e eu disse que achava que sim, mas depois duvidei.
A voz dele parecia mais perto quando disse que me deixaria ver se tinha algo nas partes do corpo que a roupa cobria, respirei fundo, ri, levei na brincadeira e tinha dito que tudo bem já voltando pra sala, quando me deparo com ele em pé no corredor encostado na parede.
Parei do lado oposto, nos olhamos por um breve segundo até ele dar um passo na minha direção.

Espera.” –coloquei os pacotes que segurava na mesinha mais próxima- “Agora sim”.

E nos beijamos daquele jeito intenso que se vê nos filmes, como se um quisesse devorar o outro, como se estivéssemos esperando por isso de outra vida ou não nos conhecêssemos tão pouco.

Mia Cherry para o programa Pornolândia

Ele tirou primeiro a camiseta, depois a calça e a cueca devagar, duas tatuagens grandes estavam escondidas afinal, deslizei pela parede lentamente enquanto o beijava do pescoço até o fim de um dos desenhos na coxa. Quando levantei ele tirou minha roupa, me virou de costas e por fim tirou minha calcinha devagar e ia assim descobrindo meu corpo.

Sentia a respiração dele no meu pescoço e a mão entre as minhas pernas, enquanto as minhas apoiavam contra a parede, fechei os olhos e comecei a me perder em sensações e batidas da música vinda da sala, estremeci quando ele entrou em mim me segurando firme junto de si, sentia o fogo começar a pegar, estiquei os braços e me empinei mais, o barulho dos nossos corpos ecoava pelo corredor e eu já tinha mandando o nervosismo pra longe a essa altura, me inclinei até tocar o chão com as mãos. Queria que ele gostasse do que visse, queria que fosse memorável. Quando levantei e fiquei de frente pra ele de novo, a pergunta fez minhas pernas fraquejarem:
Gosta de Apanhar?”

“Gosto.” Respondi com um sorriso bobo como se tivesse ouvido as palavras mais bonitas naquela hora, achando eu que não tinha como a coisa ficar melhor. Foi quando começou a ficar interessante de fato.

Ele me virou de costas novamente e o ritmo começou mais forte, os tapas na minha bunda estalavam alto, e o atrito e os meus gemidos… tudo competindo com o vocal da música. Ele me provocava falando coisas no meu ouvido e por alguns momentos eu pensava se os vizinhos estavam conseguindo se concentrar na novela com o barulho que fazíamos.

Suor e fluídos escorrendo, o que era pra ser uma pausa em um banho rápido acabou virando umas chupadas no chuveiro até ele gozar em mim. Depois sentamos uns minutos pra encher os copos de cerveja novamente, conversamos mais um tempo sobre a banda que tocava na hora, mas olhando pra ele eu só conseguia pensar em como tudo aquilo estava sendo surreal e nas muitas formas que eu queria que usasse meu corpo. Queria ser o brinquedinho dele.

Pedi um minuto enquanto eu buscava algo e voltei com as algemas que guardava esperando alguém que soubesse como me dominar. Entreguei-as pra ele e sentei, ele mexeu nelas um pouco e deixou-as na mesa.
Bebi metade do copo ansiosa antes dele se aproximar de mim de novo e recomeçarmos agora no sofá, ele me segurava pelo cabelo enquanto eu estava de quatro com o rosto quase colado na parede e mandava que eu inclinasse cada vez mais, até sentir a coluna doer, e eu fiz, e tava doendo, e ele me deixando cada vez mais com mais tesão.

E eu quis provocar e quanto mais ele dava a ordem, eu resistia e negava e dizia não, não, não, testando o poder dele sobre mim. Parou, pegou as algemas e eu estendi os punhos como uma boa mocinha, como uma boa mocinha sem vergonha ganhando de presente a realização dos fetiches que só vivia na minha cabeça.

Fomos pro quarto onde ele me maltratou mais um bom tempo, eu tava tão excitada que não me incomodei com a dor das algemas apertando por conta da força que eu fazia, apertava, machucava, mas eu queria mais. Eu pedi que gozasse em cima de mim e ele fez. Deitamos até recuperar o fôlego e eu continuava presa, ele buscou as chaves e me soltou antes de se vestir.

Voltamos pra sala e pro último gole da bebida e ele brincava dizendo que tinha adorado o passeio na cidade, mas era uma pena que não ia poder falar sobre ou recomendar. Ele chamou o mesmo taxista que o trouxe e enquanto esperava ficamos pensando em tudo que tinha acontecido, em quando nos conhecemos e nos demos bem, mas apenas anos depois nos encontramos, só pra tomar alguma coisa e visitar uns pontos turísticos, dessa vez no meu território, e acabamos vendo apenas vários cômodos da minha casa e realizando fantasias.

Um lado da minha bunda já estava bem vermelho e eu disse que talvez ele devesse deixar o outro igual pelo menos. Tinha tempos que eu desejava que alguém tirasse minha melancolia no tapa e me fizesse sentir alguma coisa de novo, mas eu desejava baixinho, quase um feitiço que agora tinha trazido o Raphael pra mim.

Ele achou uma boa ideia e eu deitei de bruços no colo dele, e ele bateu, bateu, bateu mais e era a primeira vez que eu apanhava sem estar rolando sexo, e acabou sendo surpreendentemente excitante, não só pra mim, pois quando eu pedi que parasse ao atingir meu limite na dor, ainda tivemos tempo pra uma rápida despedida antes do taxista chegar.

Dessa vez o beijo foi longo e tenro, não fiquei olhando ele partir, não fiquei pensando que talvez nunca mais o visse de novo, arrumei parte da bagunça e tentei dormir logo mas rolei na cama um tanto inquieta porém muito satisfeita até o sono chegar, embalado pela cerveja e o cansaço daquela aventura toda.

Na manhã seguinte acordei leve e muito dolorida, no caminho da cozinha agora sob a luz do sol, marcas de mãos e unhas podiam ser vistas na parede, preparei meu café e no notebook sorri ao ver que ainda estava a playlist montada por ele. A mensagem de “bom dia” eu respondi com fotos dos belos hematomas que ele tinha deixado na minha bunda. Contou pouco mais de cem tapas, ele disse.

por Ells

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