Ressaca, baderna, cartão bloqueado, cofre quebrado e contando as moedinhas. A vida adulta não é como ela pensava. Aos 30 anos de idade, Vanessa (Mia Cherry) vive uma verdadeira bagunça. Mas nada como deixar o caminho te surpreender. “O encontro”, com roteiro e direção de May Medeiros, é um filme exclusivo da Xplastic para o projeto Sexy Hot Produções.
A instabilidade
Espera-se que a fase adulta seja marcada pela estabilidade, seja ela emocional, psicológica ou financeira. A realidade, porém, nem sempre é essa. Esse é o caso de “O encontro”, uma história que narra os impaces de Vanessa dentro de um contexto bem diferente do que se projeta para a vida adulta.
“A vida adulta é uma longa estrada para lidar com frustrações”
Meter o louco como ela fez, significa um pedido de socorro. Ela queria algo além do que estava disponível para ela naquele momento. Por que não meter o pé na estrada? E nesse breve momento de instinto seu, ela conhece um casal, Krista (Dread Hot) e Om (Alemão), que pede carona. E lá vão os três para algum lugar.
O fato de Vanessa simplesmente sair, sem saber aonde ir, é um indicativo de uma necessidade de se descobrir, experimentar e testar. Nesse caminho pela estrada com os mais novos conhecidos, a protagonista escuta frases que a fazem refletir sobre toda aquela situação. Em seus 30 anos, Vanessa abre as portas para o novo.
O lugar desconhecido depois do encontro
Ela se vê em um lugar enorme, lindo e livre. Essa é a casa de dois desconhecidos. Quando Vanessa se vê ali, ainda paira sobre ela um incômodo, um despertencimento, ainda mais por presenciar o sexo de seus anfitriões. O fato de a diretora May Medeiros ter escolhido um casal que, em sua vida pessoal, são namorados, traz uma intimidade particular para as cenas sexuais. É um sexo prazeroso e se percebe isso justamente pela conexão dos atores.
Falando sobre Krista e Om, há uma construção de personagens que quebra o estereótipo das pessoas que pedem carona. Sim, eles são mesmo bem zen, se identificam como artistas e fazem lá seus rituais. Ao chegar na casa, no entanto, aquele sítio enorme e uma casa rústica com seu toque elegante causa uma surpresa em Vanessa, que esperava algo bem mais simples, assim como o espectador.
Apesar da quebra de expectativa, a narrativa se constrói de forma natural e traz essa veracidade nos acontecimentos. Ali, no jardim, ao pôr do sol, eles fazem o ritual da uva (amassam a fruta com os pés) e Krista apresenta uma técnica milenar: as yoni eggs. Essa técnica envolve pedras energizantes que ajudam a fortalecer os músculos vaginais e a aumentar o libido e o prazer. E nesta “aulinha, Krita e Vanessa começam a se beijar.
“Se ouve mais e sai da prisão. Liberdade é não ter medo.”
O que te explode?
Um beijo intenso que vira uma ofegante transição para um excitante sexo. E, mesmo que na cena do casal tenhamos a sensação de que são apenas um, aqui Krista e Om se mostram um casal liberal e de mente aberta.
“Faz quanto tempo que você não explode aí embaixo?”
Eles identificaram o problema pelo qual Vanessa passava e, por isso, toda a história acontece. E a protagonista se deixa levar por seu prazer, sua vontade de sentir. Trata-se de uma situação em que as coisas vão progredindo, assim como no mundo real: um bom beijo pode te levar para a cama (ou para um jardim)!
A narrativa inovadora de “O encontro”
Essa história não tem seu tom militante, ainda que aborde um relacionamento heterossexual aberto e um envolvimento lésbico. Mas é importante ressaltar o quesito inovador presente em “O encontro”. É um filme pornô feito por mulheres. É uma produção que se distancia das tradicionais, trazendo naturalidade e verdade nas relações presentes no enredo. No sexo, é ressaltado o prazer feminino, mas sem excluir o prazer do homem, o que retoma uma proporcionalidade essencial para manter a igualdade.
A junção de todas essas nuances e detalhes, a narrativa se constrói de forma leve e fluida. Isso nos permite embarcar na estrada com os três e aproveitar cada segundo de tesão que eles vivem. A fotografia do filme é impecável! Ela remonta essa sensação zen que a história traça no travessar da estrada. A estrada é a divisão entre o antes e o agora. É a transição da confusão da vida de Vanessa para a aventura e a descoberta de si própria.
E no fim, bem, pode-se dizer que a vida adulta prega as suas peças. As pessoas crescem, mas há sempre uma criança que persiste em permanecer. No momento de dificuldade, instabilidade e confusão, essa criança nos convida a brincar e nos ensina que a vida é nada mais que sentir.
Os caminhos se trilham, mas tudo depende de um encontro.