Riot Queens no Pornolândia

As Riot Queens foram o assunto  retratado no episódio 16 da temporada 5 de Pornolândia. Nicole Puzzi conversou com as mulheres drag queens Ginger Moon e Greta Dubois sobre o coletivo de mulheres drag, sobre preconceito e como montar-se de drag ajuda no sexo. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Riot Queens Greta Dubois e Ginger Moon sendo entrevistadas por Nicole Puzzi

Nicole Puzzi: Elas se apresentam à noite. São artistas magníficas e polêmicas. Hoje vamos conhecer as Riot Queens e terminar a noite com a nossa irreverente xgirl.

As Riot Queens

Vocês vão ter que me explicar o que é Riot Queens.

Ginger Moon: Riot Queens é um projeto que a gente criou entre mulheres que fazem drag… drag queen. Porque a gente tinha uma necessidade, né? A gente não via representatividade dessas mulheres no meio drag. Então, a gente falou: “Por que a gente não… por que nós não sermos a representatividade?”.

Greta Dubois: Por que a gente não monta um coletivo e mostra que estamos aí, para fazer drag, que a gente faz e é profissional também.

Resistência

NP: Então, vocês são mulheres que drag queens. Agora, vocês não encontram algum tipo de resistência por parte do mundo gay, vamos dizer assim? Porque, quando a gente pensa em uma drag, a gente automaticamente imagina…

Greta Dubois: Em um homem vestido de mulher.

Ginger Moon: É que antigamente se via bastante só focar nisso, que era homem vestido de mulher, mas não. É um arte em si, qualquer gênero pode fazer…

GD: Qualquer pessoa.

GM: Qualquer pessoa pode fazer. Então, a gente teve resistência, sim.

GD: Principalmente no começo, né?

GM: Principalmente no começo, porque as pessoas falavam “nossa, que estranho”. Mas hoje em dia muito melhor. E a gente nunca teve uma resistência ao vivo assim, a pessoa chegar e falar “você não pode fazer isso”. A gente tinha muita resistência na internet e era de gente que nem fazia drag.

Críticas na internet

NP: Que nem fazia, que nem… só queria encher o saco. Sabe uma coisa de internet…

GD: É o que mais tem.

NP: A internet é uma coisa tão chata quando a pessoa  é ignorante.

GD: Sim.

GM: Sim.

NP: A pessoa ignorante ela costuma criticar tudo. Ela nem sabe do assunto.

GM: Sim. Se você tiver um pouquinho de noção e pesquisar, você vai ver que quem começou o movimento de stonewall foi uma trans que era drag. Já falaram para a gente que era apropriação cultural.

Apropriação cultural?

NP: Agora pera aí. Se é apropriação cultural, quem se apropriou da imagem da Marilyn Monroe?

GD: Exatamente!!!

GM: Exato.

GD: É o que eu sempre falo, a gente está se apropriando de elementos que sempre foram impostos para a gente.

GM: A gente já ouviu que a gente não representa a sigla LGBT porque as pessoas acham que nós somos héteros, sendo que tem o L de lésbica. Não tem só o GGG de gay, tem B de bissexuais, tem T de transexuais. E o nosso grupo tem tudo isso, abrange tudo isso, tem transexuais, bissexuais, pansexuais, lésbicas…

Ginger Moon, Nicole Puzzi e Greta Dubois

Os shows

NP: Vocês fazem show?

GM: Sim.

GD: SIm.

NP: Vocês dublam também…?

GD: Sim. Na maioria a gente canta e dança, né?

GM: Sim.

GD: A gente nunca cantou.

GM: É, mas eu vou começar, aquelas!!

GD: É, ela canta.  

GM: É que eu sou atriz fora da vida drag e aí canto também. Daí vamos tentar abranger tudo ao mesmo tempo assim.

As dublagens

NP: Quem vocês dublam?

GD: Nossa, pff…

GM: Nossa, de tudo, de tudo.

NP: Gloria Gaynor?

GD: Já fizemos.

GM: Sim. Madonna…

NP: Você tem um sotaque, eu não estou identificando.

GD: Eu sou daqui. Juro que eu sou daqui. Nascida e criada em São Paulo.

NP: São Paulo.

GD: Mas eu ouço muito isso.

Drags mulheres no Brasil

NP: É drag.. é drag. Então ela fala assim… Tem mais alguém no Brasil fazendo o que vocês fazem?

GM: Com certeza, tem muita…

GD : Tem muita menina, né, que…

GM: Tem muita mulher, muita mesmo. A gente acha que é pouca, porque… tipo, quando a gente tá de fora acho que é pouca porque a gente não conhece. Mas quando você entra nesse meio, vê que tem muita mina fazendo isso, sabe.

GD: No Brasil, no mundo.

GM: Tanto no Brasil, como no mundo, sabe.

Como montar uma Drag?

NP: E se eu quiser me montar de drag? Vamo? O que que eu faço? O que eu devo fazer, por onde começar?    

GM: Se joga! É isso que tem que fazer.   

GD: Não tenha medo de exagerar.

GM: Muita gente vem me perguntar “Mas que que eu faço para começar a fazer drag?” e o nosso conselho é: faz. Porque enquanto você não fizer, você não vai saber o que é, sabe.

Então, vai, faz um delineado maior, se joga, compra uma peruca, sabe. Porque é só assim que você vai saber, mesmo.

Seja uma Riot Queen

NP: Se alguma pessoa quiser formar um grupo ou participar do grupo de vocês, montando de drag, onde ela procura isso? Procura na internet, isso?

GD: Sim.

GM:Sim, procura a gente. A gente está sempre de portas abertas para ajudar as pessoas.

NP: Ai, um dia então eu vou tocar lá na porta “Ai, eu quero me montar de drag”.

GD: Manda mensagem, a gente faz um workshop rápido.

NP: Eu estou pensando em um nome de drag, como é que seria meu nome de drag. Ei, como é que seria, tem que pensar né? Ai, eu vou pensar.

GM: Tem que pensar.

As outras Riot Queens

NP: E o nome das outras meninas, das outras drags?

GM: Bom, tem a gente, né. Eu sou a Ginger Moon.

GD: Eu sou a Greta Debois.

GM: Tem a Buba Kore, que é a nossa integrante trans. Tem o Valentim, que faz drag king. Tem a Lekisha Glam, Medusa Pandemonium e a Milka, que elas são do Rio.

GD: Rio de Janeiro.

GM: E tem a…

GD: Manoon Toppins.

GM: A Manoon que também é aqui de São Paulo.

Nicole Drag?

NP: Encontrei meu nome!!

Nicole Puzzi com vestido rosê em ângulo de baixo para cima.

GD: Como?

GM: Qual?

NP: Janis Zeppelin. Eu sou roqueira, bicha.

GD: NOOOSSAA!! Tá maravilhoso!!!

NP: Janis Zeppelin. Sou roqueira e só vou dublar música de rock.

GD: Isso, perfeito.

NP: Ah, gente, tô feita. Eu pensei em Georgia, por causa do George Harrison, mas eu falei não vou envolver meu santo George Harrison nisso. Aí já achei Janis Zeppelin. Noossaaa, já virei drag queen, né.

GM: Um dia a gente te monta de roqueirinha, a gente quer só ver.

GD: Nossa!! Ia ser maravilhoso.

NP: Roqueirinha de guitarra e tudo.

GD: Não precisa nem de peruca, a gente pega esse cabelo e levanta todo…

NP: Não, um dia vocês vão me montar.

GM: Por favor.

GD: É só chamar que a gente monta.

NP: Não, então beleza, tá fechado.

GD: Vai ser muito divertido.

A fantasia Drag e o sexo

NP: Um dia vocês vão fazer um show e vão chamar Janis Zeppelin. Pronto. Vai ser maravilhoso. E se montar de drag queen ajudou vocês na vida sexual?

GM: Com certeza.

GD: Sim, ajudou muito. Também em questão do… desde que começou… as coisas mais legais do se montar de drag, dessa persona drag é o… A gente começa a gostar do nosso corpo, a gente para de ter vergonha. Sabe, tipo aquelas coisas de “eu tô acima do peso, não dá para usar essa saia” ou para tirar a roupa…

GM: Você começa a ter uma outra noção do seu corpo, né?

GD: Além de dar mais…

GM: Você começa a conhecer mais você.

GD: É, dá consciência corporal e você começa a gostar mais do seu corpo. Então, nisso você vai se liberando mais…

GM: Sexualmente.

NP: Sexualmente. É verdade.

GD: Sem contar que você pode ser a cada noite uma pessoa diferente. Então… ajuda, ajuda.

Relação com o corpo

NP: O coletivo de vocês, lida assim tão bem com o corpo? Lida bem? Tá lidando cada vez melhor?

GM: Sim, com certeza. A gente vê uma mudança, como a gente é amiga fora disso tudo…

GD: Antes de tudo, a gente é amiga, é um coletivo de amigas.

GM: E você vê essa relação crescer, essa relação de nós mesmas. É, por exemplo, eu sou uma mulher gorda e consegui… eu faço burlesco.

NP: Olha que legal.

GM: Conseguir tirar a roupa em um palco é uma coisa que há 5 anos atrás eu falaria “Que? Nunca na minha vida.”

GD: Até eu mesma, que passei dois anos assim, agora que eu estou me aventurando no burlesco, no tal… Aí a gente vai se libertando aos poucos. É muito louco isso  

NP: Olha, meu amores, em breve vocês terão Janis Zeppelin, a primeira drag da terceira idade.

GD: Maravilhoso!! Precisamos.

Encontre as Riot Queens

NP: Como a gente faz para encontrar vocês, para assistir o show de vocês? Tem alguma página, alguma coisa assim?

GM: Tem. Tem o nosso Instagram @queensriot. O meu Instagram é @moon_ginger.

GD: A gente tem a página do Facebook que é Riot Queens, só procurar lá. E o meu Instagram é @greta_dubois.

NP: Gente, adorei mesmo, muito obrigada por vocês terem participado.

GD: Obrigada você, viu!  

NP: E agora nós vamos para a nossa exuberante Xgirl.

NP: E agora nós vamos para a nossa exuberante Xgirl.

A nossa xgirl

Xgirl Raquel Pasini, loira e nua

E o programa terminou com a xgirl Raquel Pasini, uma loira tatuada que ficou nua em um ensaio sensual que revela seus sabores de menina.