E continuando o texto sobre pornografia feita por mulheres, para mulheres (e quem mais quiser assistir). Neste trecho temos algumas reflexões sobre a indústria porn, a ascensão do porno feito por mulheres e alguns motivos “Delas”, cada dia mais, continuar desbravando e assegurando seu lugar no mercado pornográfico.

Brancas como Leite - pornografia feita por mulheres

A negligência ao prazer feminino foi um tiro no pé?

E o mais interessante, no levante de uma pornografia feminista, produzida e dirigida por mulheres interessadas em desenvolver produções voltadas às fantasias, prazer e orgasmo feminino, é que também mostrou aos produtores homens o quando ter negligenciado este nicho foi um tiro no pé.

Hoje até existem N produtoras que passaram a apostar suas fichas em uma pornografia mais intimista, para casais, muito olhos nos olhos, beijos, muitos beijos, inclusive de lésbicas para lésbicas. Porque havia, há mercado, sobretudo com a expansão da pornografia via internet, onde assinar conteúdo pornográfico é rápido, fácil, e ainda ajuda o seu produtor independente preferido.

Quando em 2007/2008 o tema “Pornografia Feita Por Mulheres” entrou em pauta de 9 em cada 10 veículos de mídia tradicional (jornais, revistas e mesmo TV aberta), já era fato. Afinal a pornografia feita por mulheres aconteceu por um fenômeno simples e natural. O mundo mudou e as mulheres também. Produtoras, diretoras, roteiristas que percebessem essa necessidade era questão de tempo. E felizmente para nós mulheres, foi!

Pornografia feita por mulheres para mulheres… E quem mais curtir.

Algumas poucas mulheres pelo mundo (Candida Royale, Petra Joy, Erika Lust e, com orgulho brasileiro, nossa Premiada Produtora/Diretora May Medeiros) ousaram, e continuam ousando dar roteiro, voz e imagem, a estas fantasias do imaginário feminino. Tão simples, mas tão complicado em um mundo que a manifestação do desejo sexual feminino ainda é tabu e o feminicídio é “lugar comum”, infelizmente.

Brancas com o leite - pornografia feita por mulheres
Brancas como leite – direção de May Medeiros

Sobretudo com a representação de mulheres menos idealizadas, corpos realistas, mais comuns, alguém como a vizinha da porta ao lado, com uma pitada de intimidade, que nem precisava ser romance, mas com muito beijo na boca, olhos nos olhos, mão naquilo, aquilo na boca, boca naquilo e aquilo na mão (independente do gênero sexual), hmmm… Dá pra entender de imediato o sucesso, pois há tesão até em imaginar as cenas, quanto mais assistir.

E para finalizar, alguém disse e eu concordo, a diferença entre pornografia e erotismo é relativa. Quase sempre o que é erotismo para um é pornografia para outro. E vice versa. É assim, no cinema, na arte e até na pornografia. Debate sem fim.

Ainda assim eu tenho, e talvez sempre terei, uma tendência forte a ver a pornografia feita por mulheres como pura arte e erotismo.

Interessou, ficou curioso? Leia também os textos abaixo:

Sobre o Autor

Beth Vieira é carioca, designer de moda por formação e escritora por paixão. Desde 2003, vem internetando e desmistificando o sexo por aí..

Visualizar Artigos