Patricia Svalvi no Pornolândia

Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Patricia Scalvi, atriz e dubladora. No episódio 11 da quarta temporada de Pornolândia elas conversam sobre a pornochanchada, sobre cinema e televisão, além de conversar sobre dublagem. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Nicole Puzzi beijando Patricia Scalvi, relembrando o filme Tessa, a gata.

Nicole Puzzi: De atriz de filmes, como “Eros, o deus do amor” e “Tessa, a gata” a uma das maiores dubladoras do país. Hoje vamos conversar com Patrícia Scalvi. E depois, igualmente erótica e inteligente, a nossa xgirl.

De longa data

Cara, a gente se conhece há 500 anos, né?

Patricia Scalvi: Pois é!

NP: Em 79, fizesmos “Convite ao prazer” do Walter Hugo khouri!

Patricia Scalvi: Foi! “Convite ao prazer” do Walter Hugo khouri. Acho que antes já trabalhamos juntas também.

NP: Sim!

PS: Eu acho que… Tessa não foi antes?

NP: Não! Tessa foi em 81. 82.

PS: Ah, então foi esse.

NP: Em 81 foi “Eros, o deus do amor”.

PS: Eros. Olha, fizemos “Eros”, “convite ao prazer”…

NP: Acho que fizemos algum filme com o David Cardoso. “19 mulheres” você fez?

PS: “19 mulheres” eu fiz. Pronto!

Trabalhos de Patricia Scalvi

NP: Pronto! Antes de falar da nossa cena sensual em Tessa, aguardem a nossa cena. Antes de falar em Tessa, quero perguntar quantos filmes você fez.

PS: Por volta de 50. Algo em torno de 45/50, não sei exatamente, é por aí. Mas fiz muita coisa!

NP: Eu fiz pouco! Eu fiz por volta de 30, trinta e alguma coisa.

PS: Pouquinho, pouquinho! Se a gente tivesse nascido nos Estados Unidos, estaríamos milionárias!

NP: Milionárias!!!

PS: Porque os filmes que a gente fazia davam uma renda fantástica, você lembra? Ipiranga, Marabá, quatro semanas…

NP: Pois é! O Marabá tinha mil lugares e ficava 4 semanas de segunda a segunda! Lotado!

PS: De segunda a segunda lotado!

NP: E era censura 21 anos.

PS: Exatamente. A gente tirava todo mundo de casa. Não era em casa. As pessoas saíam de casa, pagavam ingresso para ir assistir a gente, olha!

NP: Eu nunca imaginei que fosse para a televisão.

PS: Pois é!

NP: Hoje a gente vê novela e…

PS: Está tudo bem! Aliás, eu comecei a fazer cinema por sua culpa, dona!

Culpa sua, Nicole!

Patricia Scalvi conversando com Nicole Puzzi

NP: Minha culpa?

PS: Não estou culpando não, estou dando graças a Deus!

NP: Por minha causa?Não sei desta história.

PS: Por sua causa!

NP: Por quê? Como assim?

PS: Teve um teste na Boca para fazer o primeiro filme que eu fiz. Um filme chamado “Presídio de mulheres violentadas”.

NP: Sim! Nós fizemos esse filme!

PS: Você não fez.

NP: Eu não fiz?

PS: Não, você ia fazer o que eu fiz. Você ia fazer a Tininha.

NP: Ah, verdade!

PS: Aí, eu fiquei sabendo que ia ter esse teste. O que eu fiz? Corri lá, eu queria fazer cinema. Eu já fazia teatro, já tinha feito teste com o Antunes Filho… eu estava fazendo teatro, enfim, outra história. Então eu corri lá, porque eu queria fazer cinema, era louca para fazer cinema. Cheguei lá estava o Castelini e o Galante, o produtor do filme. E eles falaram “tem papel para você”, porque eles precisavam de muitas mulheres, era um presídio de mulheres. Eu ia fazer uma moça, bailarina pressa, que ficaria fazendo barra de balé na cadeia. Fui feliz da minha vida para casa, já estava… Não tinha telefone nessa época, eu nem tinha telefone em casa!

NP: É verdade!

Você tinha sumido

NP: Eu sumi. Eu sumia mesmo!

PS: Era em 73, por aí. Passou um dia ou dois, eu chego em casa e tinha um recadinho embaixo da minha porta. “Vem aqui, precisamos muito falar com você”. Corri lá. Falaram “Olha, a atriz central do filme era a Nicole, ela está no Rio de Janeiro e nós não encontramos ela”. Você sumiu do mapa.

PS: Você sumiu! Você fez assim PUFF, desapareceu!

NP: Eu era meio inconsequente mesmo!

PS: Eu nem te conhecia. Eu falei “vocês querem que eu faça o central? Eu nunca fiz cinema!”. “Nós vamos lançar você, porque achamos que você tem o biotipo”, não sei o quê.

NP: Tinha mesmo!

Dandos as caras

PS: E eu fui lá. Eu lembro que eu estava fazendo uma cena no Carandiru e você apareceu lá. Você não lembra disso, você ainda olhou lá, fez assim para mim e eu fiz assim para você. Eu falei “ela vai ficar pê da vida comigo, né”.

NP: Jamais!

PS: Porque era você que ia fazer, mas nunca aconteceu. E, neste filme, o Castelini teve uma desavença com o Galante. Eu acabei que não terminei o filme, me mataram de costas, alguém lá. O Galante falou que eu nunca mais ia fazer cinema e logo em seguida eu estava fazendo.

NP: O Galante falava demais, mas era uma boa pessoa.

PS: Eu adorava o Galante. Eu volte a trabalhar com ele, magina! Ah, você não sei o quê e eu falei sinto muito. Eu estava apaixonada pelo Castelini, a gente estava pra casar, ele brigou e eu saí junto com ele. É lógico, a gente estava junto, né. E foi assim. E nem lançaram, meu nome não aparecia. Apareceu no meio da figuração. O Biáfora, na época, foi assistir e perguntou. Ele era crítico de cinema, um dos famosos, um dos fortes. Não sei se era do Estado ou da Folha, não lembro. E ele colocou na coluna dele “quem é aquela moça maravilhosa que está lá e não tem o nome? Eu quero saber!” Era para ter “apresentando Patricia Scalvi”, né. Era para ser isso, mas não tinha meu nome lá. Aí ele perguntou e daí para frente…

A cena ardente

NP: Agora eu quero falar uma coisa muito pessoal. Fizemos uma cena muito ardente!

PS: Muito!

NP: Em “Tessa, a gata”. Nenhuma das duas era lésbica e fizemos uma cena que convenceu muita gente!

PS: Aliás, eu costumo dizer assim, eu tive a oportunidade de saber como é um contato com outra mulher sem precisar ir para a cama com nenhuma!

NP: É verdade! Eu também.

PS: E sei que sou hétero mesmo!

NP: Também sei! Nada contra.

PS: Nada contra! Não, por favor, nada contra!

O buraco

NP: Eu queria que você falasse como a gente gravou em um buraco feito na hora, numa terra.

PS: Pois é, Nicole!

NP: Porque entrou terra até onde não devia!

PS: Uma semana depois eu estava tirando terra do ouvido… A gente é cheia de buraquinho, né. E nós duas, eles fizeram na hora… Gente!

NP: E nós vimos. A gente estava vendo eles fazendo o buraco, jogaram água…

PS: Jogaram água para ficar aquela lama e nós duas no meio daquela lama. Fazendo sexo no meio da lama, olha que coisa…

NP: Bonita! Gente…

PS: Lindas, maravilhosas, com terra entrando por todos os buracos.

NP: Como que ia acontecer alguma coisa nessa situação, gente!?

PS: Pois é, que coisa mais maluca!

Patricia e Nicole relambrando a pornochanchada

A pornochanchada

NP: Ter trabalhado na pornochanchada, como isso impactou a sua vida pessoal e a sua vida artística?

PS: Eu devo muito à Pornochanchada, porque a partir dela surgiram outros trabalhos, fui chamada para outras coisas, fui fazer televisão. Eu fiz uma novela em televisão, só, né. Fiz lá com o Sílvio, né, no SBT. Para mim… Porque o pessoal costuma de falar “Ah, porque eu não gostei de fazer”. Eu adorei fazer, para mim foi tudo de bom, foi o melhor tempo da minha vida. Posso dizer de boca cheia, porque a gente trabalhava muito e fazendo o que gostava. a minha vida pessoal não foi afetada em absolutamente nada, nunca ninguém me desrespeitou por ter feito a pornochanchada. Nunca ninguém falou “nossa, você fez aquilo”. Eu só acho assim: nós não fomos muito aproveitadas!

NP: Você sabia que o Almodóvar é fã incondicional da pornochanchada? Ele ama a nossa pornochanchada.

PS: Eu sei!

Patricia Scalvi, a favorita de Almodóvar

NP: Você sabe porque você dublou o filme dele. Parece que você é a dubladora favorita dele, é isso?

PS: Não sei se sou a favorita, mas sou uma das, modéstia parte! Quando eu vi a notícia no jornal, eu fiquei com vontade de, eu não fiz isso mas deveria ter feito… Eu ia mandar um email dizendo “Almodóvar, olha eu aqui, fui eu quem dublei…”. Porque ele falou que uma das melhores dublagens do “Todo sobre mi madre”, “Tudo sobre minha mãe”, que a Cecília Roth fui eu quem dublei, a central, foi a brasileira. E eu que dublei, então me sinto homenageada por ele. Mas eu adoraria… O Almodóvar é um diretor que seria uma delícia fazer um filme com ele, não acha? E a gente tem tudo a ver, viu!

NP: Eu acho que ele ia amar trabalhar com a gente! Tem algum personagem que você dublou que ficou marcado?

PS: Ah, tem alguns. Eu fiz muito anime, né, que o pessoal ama de paixão. Dublei a Kathleen Turner em várias coisas. O “Guerra dos Roses” é um filme que eu adoro. É ela e o Michael Douglas. Enfim. E “Cavalheiros do zodíaco”!

Mais dublagens

NP: E você dublou uma atriz maravilhosa que eu amo muito!

PS: Quem?

NP: Eu!

PS: Você! Verdade!

NP: Bem no início da minha carreira, porque eu acho que eu tinha um sotaque muito paranaense, né?

PS: Pode ser! Eu dublei você, eu dublei um filme da Helena que me pediram.

NP: Você dublou a Anjelica Huston, não foi?

PS: Sim, sim, em “Convenção das Bruxas”! ~fazendo a voz da personagem~”Bruxas da Inglaterra, você não prestam para nada! Ahahahah”. A gente tem uma técnica para fazer e vai fazendo.

NP: Patricia Scalvi, vamos repetir Tessa?

PS: Vamos!

NP: E agora vamos para a nossa Xgirl!

A nossa Xgirl

Xgirl Gween Black

E o programa terminou com a maravilhosa Xgirl Gween Black, uma morena linda e gostosa, que ficou nua em um ensaio sensual todo delicado que traz a doçura da nudez!