Um mandado de busca e apreensão no endereço de IP que tentou invadir a central de crimes virtuais da delegacia. Hacker é um filme dirigido por Roy LP, uma produção exclusiva da Xplastic para o projeto Sexy Hot Produções.
Cuidado, ele está te observando!
O enredo de Hacker
O homem que observa e os olhos que ninguém vê!
O filme “Hacker” aborda de forma criativa a temática dos crimes virtuais, tão comuns em nossa era chamada “digital”. Dizer que se está sendo observado, hoje em dia, é quase que um pleonasmo. Vivemos em um contexto social em que nossas informações não nos pertencem mais, portanto, deixam de estar na esfera privada e estão disponíveis na rede.
Isso é fácil de entender se você lembrar dos seus aplicativos do celular, uma vez que sempre pedem permissão para acessarem sua câmera, seu microfone, sua galeria, seus contatos e muitos outros dados. Sem contar os termos de uso que somos obrigados a aceitar, mas nunca os lemos. E lá permitimos acessos aos mais variados tipos de dados pessoais que nem imaginamos.
Assim, vivemos em uma espécie de “Big Brother”, como propôs George Orwell em seu livro “1984”. Por isso, o filme Hacker é tão interessante do ponto de vista temático, pois aborda muito do que hoje está em voga.
A construção do enredo é inovadora para o mundo pornô, já que entrelaça de maneira inteligente a história às cenas explícitas de sexo que tornam todo o filme bem interessante. Além disso, o hacker, que é o anti-herói da narrativa dá sua volta por cima, quebrando aquele final clichê em que “o bem sempre vence”. Talvez a narrativa não abrigue maniqueísmos, mas, sem dúvidas, o hacker se sai bem.
O Hacker e a crítica
Não só abordando os crimes virtuais, o filme também retrata as posturas policiais. Delegado Pacheco (Nego Catra), Agente Costa (Fernandinha Fernandes) e Agente Nogueira (Vinny) são as autoridades encarregadas de colher as provas que incriminam o Hacker (Vaguininho) de invadir os arquivos da polícia.
Eles são firmes, cutucam o suspeito e fazem algumas ameaças. Mas quando vão colher as provas, uma surpresa: pastas com seus nomes e vídeos íntimos ali guardados. Eles também estavam sendo observados.
O delegado transando com a secretária no gabinete. Os policiais que trabalham juntos fazendo sexo na cena do crime. Aqui, o filme aborda a hipocrisia da polícia com relação aos valores morais pregados publicamente que, na prática, ficam em segundo plano, dando protagonismo aos desejos corporais.
Pacheco fica desesperado ao ver os conteúdos, afinal, ele tem família. E a sua reputação? Com o vazamento dos vídeos sua credibilidade seria rechaçada. Agente Costa e Nogueira também ficam nervosos com toda a façanha do Hacker e seus empregos estão em cheque. Mais ameaças: eles prometem meter bala na cara do Hacker e queimar tudo.
Mas o Hacker está um passo à frente, quem sabe, até dois! Se os policiais fizerem algo com ele, teria alguém vendo em algum lugar do mundo, pois estava sendo tudo gravado. E, claro, alguém realmente estava do outro lado da tela.
Credibilidade em cheque
Há uma disputa substancial presente na narrativa. Escancaradamente, está a relação polícia versus crime. Mas, com o passar das cenas, o jogo vira e se tece outro raciocínio. Agora, trata-se da credibilidade do indivíduo enquanto instituição e autoridade diante de quem era o “vilão”.
Isso nos revela a importância da postura profissional e o jogo de aparências que nos é posto. Parecer é tão importante quanto ser nessa sociedade difusa baseada na estética e relações de poder. Ter credibilidade é se manter em um patamar moral de acordo com as regras.
Toda essa credibilidade dos policiais é colocada em risco ao serem revelados alguns de seus segredinhos obscurecidos pelo silêncio. Por debaixo dos panos, tudo bem expressar seus desejos; mas ao mostrar-se para o mundo, há a predominância das travas sociais e morais. As aparências enganam.
E por tudo isso que o Hacker se dá bem! Ele os pega de surpresa e mostra que todos estão sendo observados a todo momento.