Como ser submissa é a maior dúvida que acomete muitas pessoas que começam a praticar o BDSM.
Não importa se você é uma iniciante no mundos da dominação e submissão, ou se já pratica há muito tempo. Há sempre espaço para melhorar seu comportamento como botton, e tornar o BDSM ainda mais prazeroso e divertido, entendendo o que significa submissão.
Se você chegou neste texto procurando na internet como se tornar uma submissa, vamos partir do pressuposto que você já entende tudo sobre consentimento, conhece os principais fetiches e já teve contato com o ABC do BDSM.
Então nós vamos te ajudar a compreender melhor como ser submissa na prática, com uma lista de atividades e conhecimentos que farão você se tornar uma exemplar submissa, ou até mesmo escrava, se for o seu desejo e vocação.
Um guia sobre o que significa submissão
Dividimos nosso guia em três partes para facilitar a leitura e compreensão. Antes das sessões, onde descrevemos as atividades que a submissa deve executar até 24 horas antes do inicio da sessão. Durante as sessões, com dicas e sugestões de comportamento para seguir nas sessões. E fora das sessões, sugestão de comportamentos para quem sente prazer também em manter a submissão ativa mesmo fora das sessões, para escravas e pessoas que se arriscam no 24/7.
Destacamos e reforçamos que este guia é apenas ilustrativo e deve ser lido com bom senso, não precisa ser aplicado integralmente para ser satisfatório. E que também pode ficar apenas no plano das fantasias, sem prejudicar em nada o prazer de quem o utiliza.
Esperamos que você use esta guia de forma consciente, consensual e discuta todos os seus limites com seu parceiro ou parceira antes, durante e depois das sessões.
Boa leitura.
Antes das sessões
1) Avisar alguém de sua confiança que estará em sessão, indicando o local e com quem estará (essa dica é muito útil para iniciantes). Sempre realizar sessões com pessoas conhecidas e de confiança. Desconfie de parceiras ou parceiros que te não deixem você avisar sobre a ocorrência da sessão;
2) Perguntar ao dono o que você precisa levar para a sessão e providenciar o que é necessário ou foi solicitado pelo parceiro (como preservativos, acessórios, gel, etc);
3) Confirmar horário e local e outras orientações que se fizerem necessárias;
4) Revisar e estudar as práticas e seus riscos, contribuindo para minimizá-los o máximo possível (exemplo o uso de luvas, verificar estado das cordas, velas, acessórios);
5) Realizar preparo prévio de práticas (lavagem intestinal, esvaziamento da bexiga, assepsia, banho e higiene pessoal, preparo e higienização dos materiais e acessórios);
6) Fazer exercícios de respiração, caso esteja ansiosa. É comum antes das sessões sentir-se ansioso, com aquelas borboletas no estômago. Para isso tente manter a calma, o foco e faça longas respirações, por alguns minutos;
7) Alimentarem-se de forma correta (alimentação leve). Não é indicado fazer longos jejuns, pois pode haver queda de pressão ou glicemia durante as práticas;
8) Hidratar-se e considerar carregar consigo sua própria água para que não haja riscos de algum mal estar;
9) Para determinadas práticas pode ser necessário realizar alongamento
antes;
10) Certificar-se dos meios de transporte, locais seguros, e tempo de
deslocamento para não se atrasar;
11) Aguardar o tempo necessário. Caso haja algum imprevisto, não
desesperar-se e manter a calma;
12) Manter o top avisado sobre sua localização, a espera, ou quaisquer
intercorrências.
Como ser submissa durante as sessões
1) Falar quando for autorizada
Geralmente na sessão, em eventos ou na presença do Dono, para o bottom falar pode ser necessária autorização. No entanto essas questões são muito sutis e vão sendo construídas pelos participantes da relação.
No início pode ser mais rígido e realmente ter que solicitar permissão, mas
com o passar do tempo e o amadurecimento da relação, as conversas se
tornam mais orgânicas e fluidas e vem dentro do necessário.
O que não pode acontecer é desrespeitar a posição do top e nos seus ímpetos de falar, e atrapalhar o andamento da sessão ou expor o top em público.
2) Ser honesta e clara, caso não consiga realizar alguma tarefa ou ordem;
Uma submissa não é uma máquina e não conseguirá ser infalível todo o tempo, em toda situação.
Assim ser honesta significa que ela irá falar abertamente ao Dono os motivos pelos quais não conseguiu cumprir uma determinada ordem ou tarefa.
O top deve conhecê-la a ponto de confiar o suficiente para que simplesmente a explicação seja ouvida e compreendida.
Aceitar as justificativas é prerrogativa do top, que se desejar poderá puni-la como achar conveniente. No entanto, em relações onde as falhas não são toleradas e são sempre motivos de forte punição, podem levar o bottom a omitir ou distorcer detalhes.
No BDSM isso não cabe, principalmente porque as relações devem ser construídas na mais absoluta honestidade de transparência do bottom para com o Dono.
3) Saber ouvir e interpretar subtextos e as mensagens do Dono
A capacidade de ouvir atentamente e interpretar mensagens são primordiais para uma boa submissa.
Muitas vezes as mensagens não são tão claras e nesses casos vale perguntar e esclarecer dúvidas do que errar por simplesmente não ter compreendido a ordem.
Mas estas são habilidades cada vez mais raras hoje em dia: ouvir sem julgar ou se antecipar na conclusão, ler e interpretar tudo que o Dono escreve e compreender corretamente a mensagem.
Esse nível de intimidade, percepção e conhecimento do outro vem com o tempo e está muito associado à capacidade de observação do Dono.
4) Ter paciência
Saber que nem sempre as coisas serão no momento em que desejamos, que nem sempre os encontros marcados se realizarão por algum imprevisto, entender que muitas vezes a vida impõe certas condições e limitações tanto para o bottom como para o top.
Em todas estas situações e em outras, a paciência é o maior atributo de uma submissa. Se você não sabe esperar, tampouco conseguirá abrir mão de si, dos seus desejos e imediatismos.
Ás vezes nem as respostas mais simples vêm na hora que precisamos. Nestes casos, é esperar, e confiar que no momento possível ou da vontade do top as coisas acontecerão.
5) Lista complementar para usar durante as sessões
- manter a respiração regular, atenção e foco;
- manter-se hidratada (o);
- ouvir mais do que falar;
- preparar os acessórios e objetos conforme o top orientar;
- aguardar comandos de olhos baixos ou conforme o top ordenar;
- relatar qualquer dor ou desconforto;
- manter a calma e o silêncio, caso haja alguma interferência (o top pode receber ligações ou mensagens por exemplo);
- ser ágil, rápida e certeira nos movimentos para evitar acidentes;
- minimizar riscos desnecessários (tirar do caminho objetos, móveis, tapetes e outras coisas que possam atrapalhar as práticas)
- praticar sexo seguro isso inclui a forma correta de uso de preservativos e luvas, bem como outros EPI;
- ao final da sessão certificar-se de que está se sentindo bem e de volta ao estado normal do (orientado, cuidado, alimentado e hidratado)
- organizar, limpar, arrumar o local conforme orientações do top
O significado da submissão fora das sessões
1) Ser organizada
Para que atendamos as necessidades da submissão, é fundamental ter a vida mais organizada.
Isso quer dizer ter alguns horários e hábitos que podem facilitar a nossa vida. Como por exemplo, regularidade para acordar e dar o bom dia e também para se desconectar e dormir, tempo e espaço para realizar as tarefas impostas durante o dia, priorizar atividades necessárias ao bom andamento da vida pessoal e profissional para que não atrapalhem na entrega.
Manter-se sempre à disposição e com os meios de comunicação em ordem. Nada mais desorganizado do que uma submissa sem bateria no celular,
por exemplo.
2) Dedicar-se ao Dono e seus prazeres
Certamente a maioria dos desejos do top já foi colocada na negociação, porém é durante a relação e com uma maior atenção do bottom que de fato vamos conhecendo os fetiches, prazeres e desejos do nosso parceiro.
Dedicar-se significa que os interesses dele também passam a ser os seus, assim busque conhecer suas opiniões, gostos e para onde se volta o seu desejo para que você possa expandir seus conhecimentos a respeito.
Muitas submissas tem acesso a perfis das redes, convivem com seus Donos então isso é mais fácil.
Já para outras, é necessário intuição apurada, conversar, perguntar e dentro do que ele demonstrar e der abertura, poder ampliar essa dedicação. Sempre fazendo o que ele gosta, compartilhando opiniões e ideias.
3) Ter claro os próprios limites e respeitar a vida pessoal (trabalho e família)
Ser submissa requer muita abnegação e dedicação, mas isso não pode significar que irá prejudicar sua vida pessoal.
As relações saudáveis, seguras e consensuais respeitam a individualidade baunilha e as questões de trabalho, estudos e família.
Além destes, na negociação devem ser esclarecidos quais são os demais limites: restrições médicas, traumas, fobias, pânicos, questões religiosas e/ou morais, limitações físicas se houver, entre outros.
Por outro lado, conhecer o próprio corpo, prazer e desejos, ajuda e muito a identificar o que pode ser superado, o que é ainda desconhecido, mas pode vir a se tornar uma vivência e o que é uma vontade de ser experimentada.
4) Saber portar-se em qualquer ambiente
Isso significa que tanto em ambientes Bdsmers ou fetichistas, quanto em ambientes baunilha, o bottom saberá qual comportamento adotar.
Inicialmente o top pode e deve orientar como gosta que se comporte e assim a submissa deve obedecer. Já longe do Dono, o cuidado é ainda maior, pois do seu comportamento dependerá a reputação do mesmo.
Podemos definir como bons comportamentos: discrição, respeito à hierarquia, ao dress code e protocolos do ambiente, falar baixo, saber quando se dirigir ao Top e às demais pessoas.
Sempre obedecer, seguir as orientações dele ou de pessoas que ele designe. Ser útil, e servi-lo, dar toda a atenção necessária.
No caso de eventos, vai depender do nível de protocolos estabelecidos e sempre se comportar de modo a orgulhar o Top.
5) Ter autonomia e pró atividade;
Não são todas as submissas que poderão viver 24/7 sob o mesmo teto ou sob a atenção constante do Dono, assim nos momentos em que estiverem distantes, a submissão continua.
A presença do top vai além da física, pois psicologicamente continuamos entregues e obedientes. Assim, ter proatividade não significa cumprir o que já é a rotina do bottom e sim se antecipar nas questões que dão prazer ao top.
Estudar as práticas, conhecer os riscos, estar sempre disposta a agradá-lo, provocar e manter a relação aquecida, ter assuntos em dia para eventuais conversas e ter interesses em comum buscando uma sintonia saudável.
6) Manter o foco na relação, dentro do escopo determinado na negociação.
Dentro do escopo da relação, já estabelecida na negociação e aceita por ambas as partes, a submissa terá que dosar o seu foco e tempo de dedicação à relação e ao Top.
Vamos começar lembrando o que significam as siglas:
- TPE – transferência total de poder;
- PPE – transferência parcial de poder;
- EPE – transferência erótica de poder.
Muitas vezes algumas submissas dão mais atenção do que o desejo da relação exige, como por exemplo uma escrava natural que se encontra numa EPE (transferência erótica de poder – sessão avulsa).
É quase automático que ela vá ter foco e o pensamento diário e constante, porém isso irá desgastá-la pois a relação em si não lhe dará o respaldo necessário para suprir suas necessidades.
Assim é preciso equilibrar o formato da relação com a natureza do bottom. Escravas naturais podem ter dificuldades com avulsas e relações com entregas parciais.
Já outros bottons são o contrário, não conseguem dedicar-se 24/7 e abrir mão totalmente de si e serem controladas constantemente. Para estas as formas mais brandas de entrega de poder são mais indicadas.
7) Manter-se saudável (física e psiquicamente)
Para vivenciar o BDSM da melhor e mais prazerosa forma, é necessário ter boas condições físicas e psíquicas.
Assim é obrigação do bottom cuidar de si. Manter exames e boas rotinas de alimentação, sono, atividades físicas para que tenha resistência nas praticas.
Além disso, a saúde mental é muito importante e isso significa que deverá se sentir respeitada, acolhida e cuidada pelo Dono, além de confiar na sua condução.
Muitas vezes o controle dentro de uma D/s pode ser grande e para isso é preciso combinar antes os limites para que não sobrecarregue o bottom no dia a dia.
Todas as questões relativas à saúde física e mental devem ser imediatamente ditas ao top, sendo inclusive uma boa prática compartilhar os resultados de exames.
E isso vale para ambos, já que neste quesito a saúde do Top também influi no bom andamento da relação.
8) Estudar e buscar evoluir na relação e nas práticas;
O sucesso de uma prática ou de uma relação não pode estar condicionada apenas ao top. O BDSM é um jogo que não se joga sozinho, assim, as responsabilidades e deveres são compartilhados. O direito do bottom, se estamos falando de uma D/s, é o de sair da relação, ou mais conhecido como entregar a sua coleira.
Nem sempre o top irá conhecer todas as práticas ou mesmo ter experiência
prévia. Como a maioria, senão todas, envolvem riscos é dever do bottom
também conhecê-las bem como aos riscos iminentes e consequências.
Estudar novas formas de praticar, ler a respeito, assistir a vídeos, filmes, ou dialogar com outros praticantes mais experientes, faz parte do que podemos contribuir na relação.
Individualmente buscar suas superações e evolução naquilo que se propõe como práticas é uma das formas do bottom manter-se focado.
9) Buscar o próprio prazer quando o Dono não estiver disponível
O BDSM é um jogo erótico e de prazer sexual, porém nem sempre o casal ou o grupo de praticantes estará junto ou em sessão. Nos momentos em que estiverem longe, o bottom deve se dar prazer, buscar conhecer e explorar seu corpo de forma a experimentar desejos e sensações sozinho.
Para isso devem conversar a respeito e identificarem quais formas são mais interessantes para ambos, desde que permitidas pelo top.
Há muitos deles que justamente utilizam a distância para cercearem ou proibir o prazer como uma forma de aumentar o desejo e a libido para o momento do encontro.
Também pode ser assim, desde que essas restrições não prejudiquem a saúde mental do bottom.
10) Manter interesses pessoais, desde que não interfiram na relação (esportes, atividades físicas, leitura, estudos, vida social)
Para a boa saúde física e mental do bottom ele precisa realizar tanto atividades físicas que lhe confiram força e resistência, já que a maioria das práticas exige longos períodos na mesma posição, ou esforços musculares importantes, como atividades sociais.
Estas porque fazem parte da vida pessoal e trazem relaxamento e aspectos
positivos ao estado psicológico do bottom, já que muitas vezes é exigido
também mentalmente.
Manter interesse em boa leitura, boa música e arte também é esperado do bottom para que possa desenvolver conversas agradáveis com o top ou demais praticantes do meio.
11) Desenvolver novas habilidades pessoais (fotografar, escrever)
Ao vivenciar o BDSM e suas práticas é natural que surjam necessidades
específicas como registrar os momentos vividos, sejam em fotografias, vídeos ou textos.
Assim se o bottom desenvolve essas habilidades e possui recursos para isso (câmera, celular, meios de escrever), tanto mais será agradável e favorável à relação.
Além disso, por questões de segurança, é preferível que o bottom mantenha fotos e vídeos sob a sua guarda, cabendo ao top orientar quais devem ser postados ou compartilhados.
12) Ser parceira para além do BDSM e manter boas relações com os praticantes do meio
O jogo é vivido por pessoas que também tem um lado comum, baunilha, profissional e pessoal.
Desta forma poder contribuir noutros aspectos da vida do Dono traz sempre muitas alegrias e orgulho.
Ser útil, ouvinte, parceira e amiga é o que pode em muitos momentos agregar valor à relação.
Desde que não interfiram na dinâmica da D/s e na hierarquia, poder estar alinhada as ideias e vivências do top é recomendável e salutar, pois sempre haverá o momento em que a vida exigirá que o bottom apoie o Dono noutros aspectos.
13) Manter boas relações com os praticantes do meio
Não estamos isolados e muitos de nós tem inserção na comunidade, seja por meio de eventos, de grupos de whatssap que são bem comuns, ou outras mídias sociais.
Assim manter o respeito, bem como a interatividade com outros praticantes é muito importante.
Principalmente para iniciantes que ainda buscam uma relação ou conhecer novas práticas, é fundamental aproximar-se da comunidade para que possam sentir-se acolhidos e seguros, bem como tenham a possibilidade de obter referências e indicações.
Conclusão sobre como ser submissa
Neste guia sobre como ser submissa você teve a oportunidade de aprender um pouco mais sobre o que significa submissão e como colocar isso em prática na sua vida pessoal.
Lembre-se sempre de praticar o BDSM com segurança, respeito, e muito estudo. BDSM não é um sinal verde para a violência e abuso. Se o seu parceiro ou parceira quiserem praticar o BDSM mas dizem não se importar com regras, com respeito e boa comunicação, fuja que é cilada!
