Aretha Sadick no Pornolândia

Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Aretha Sadick, atriz e miss gay. No episódio 11 da quinta temporada de Pornolândia elas conversam sobre a transformação de Aretha, sobre preconceito e corpo como instrumento de trabalho.  Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay .

Aretha Sadick vestida de preto e Nicole Puzzi com vestido vermelho

Nicole Puzzi: Ela é filha de uma modelista e é apaixonada por moda. Já ocupou Londres em uma intervenção artística representando o Rio de Janeiro e é formada em artes cênicas. Hoje vamos conversar com Aretha Sadick, uma mulher exuberante que vai iluminar nossa noite. E depois vamos nos deliciar com a transensualidade da nossa xgir

Agora é Aretha Sadick

Menina, você é linda. Estou muito feliz mesmo, muito orgulhosa de ter você aqui.

Aretha Sadick: Muito obrigada, fiquei muito feliz pelo convite, de te encontrar pessoalmente. Muito obrigada!

NP: Eu também. Eu queria saber como você se transformou na Aretha ou você sempre foi Aretha Sadick?

Aretha Sadick: Olha, a Aretha Sadick existe mais ou menos desde 2011, quando tudo começou no Rio de Janeiro. Eu recebi a alcunha de Aretha como drag queen no começo, pelo Henrique Filho, que é um estilista do Rio de Janeiro, maravilhosa, num concurso Miss Gay, quando eu tava vestida com as roupas dele. Eu ganhei, me tornei miss e aí nasceu a Aretha. Aí a Aretha drag queen me fez questionar a minha própria identidade de gênero como Robson, porque Robson já não me cabia mais.  Toda aquela masculinidade já não fazia mais parte de quem eu sou.

Transição

NP: Você sofreu essa transformação? Porque não deixa de ser uma transformação de Robson para Aretha. Você passou por uma transformação, uma transição. E toda transição não é sempre uma coisa fácil.

AS: É, muito pelo contrário. O mesmo processo da lagarta para a borboleta, ou da semente para a flor, né…

NP: Alguma coisa tem que ser deixado para trás.

AS: A cobra quando troca de pele… Faz parte da natureza o momento de transição, de troca. Então, não foi nada fácil, não tem sido. Eu acho que, ser quem a gente quer ser ou a gente imagina ser é um processo de crescimento, assim como você falou,deixar coisas para trás. Então dói um pouco, dói várias vezes. Mas acho que a dor faz parte do processo, ela é importante.

NP: A gente cresce com sofrimento.

AS: A gente cresce com sofrimento. Totalmente…

Formação de Aretha Sadick

NP: Qual a sua formação? Você estudou alguma coisa para se tornar Aretha?

AS:  Sim, eu sou do teatro. Sou formada na Martins Pena, no Rio de Janeiro. Mas antes disso, eu sou de Duque de Caxias, na baixada fluminense do Rio. E lá, eu comecei com o teatro lá em 2006 e depois fui para a Martins me formar.

Fiz moda, mas tranquei moda para fazer teatro e me formei em teatro. E quando eu me formei em 2011, foi quando eu fui convidada pelo Henrique Filho para participar do do concurso Miss Gay. E aí me tornei drag queen desde então e a Aretha nasceu.

Ser Drag, ser negra

NP: E o que significa para você ser drag queen a noite e negra?

AS: Sim. É, a arte drag me permitiu conhecer o que hoje, o que a gente chama, minha amiga que fala, a nova geração chama de viada travesti.  Somos as novas viadas travestis. Então, eu performo a noite de uma forma, como eu posso dizer? Num nível máximo da minha feminilidade, mas ainda vivo a minha feminilidade durante o dia cada vez mais.

E enquanto pessoa negra, eu acho que é mais difícil pelo fato de que, duas coisas: dentro do movimento negro ainda é muito binário, homens cisgênero de um lado e mulheres cisgênero em outro falando. E tem um outra coisa, é muito difícil e não é permitido que um homem negro tenha traços de feminilidade.

Porque, por exemplo, na minha adolescência toda eu fui chamada de Vera Verão e era um xingamento. O nome dele, tudo que se tornou a Vera Verão, era um xingamento para uma pessoa negra, porque era muito feminino, muito salto, desmunhecava, o que falava na época, que era muito afeminado. Então não é permitido, não era permitido para as pessoas negras, os homens negros verem o feminino.

NP: Eu acho que para muitos homens, e muitas mulheres também deveriam rever esse conceito. Ver porque você se torna fiscal do sexo alheio, né?

AS: Nossa, com certeza. Vai viver o seu bom sexo e deixa cada um…

NP: Vai ser feliz.

AS: Vai ser feliz.

Nicole Puzzi no colo de Aretha Sadick

O corpo como instrumento

NP: Você falou que fez teatro, fez cinema também.

AS: Sim.

NP: Dá palestras, né?

AS: Sim.

NP: E que mais você faz? faz performance… me fala sobre isso.

AS: Meu trabalho… hoje, o meu corpo é o meu trabalho cada vez mais, né. Então, de todas as possibilidades das que ele pode se apresentar, se manifestar, eu coloco ele na cena. Pelo teatro, no cinema, como atriz, na música, tem um trabalho que eu interpreto a cantora Grace Jones aqui em São Paulo.

NP: Tem tudo a ver.

AS: Ela é uma grande inspiração desde o começo. Então, da performance cantando ou sem cantar também, usando o corpo como estética também. Então meu trabalho vai por esses caminhos, como meu corpo pode se manifestar, como ele pode se apresentar como resistência.

O estilo de Aretha Sadick

NP: Como você… eu tô vendo… eu tô perguntando isso porque eu to vendo, eu tenho certeza que foi você que montou tudo isso, né. Esse anel que eu acho deslumbrante, né. E eu tô vendo que é uma coisa feita por você.

AS: Basicamente, desde que eu vim para São Paulo, o meu trabalho desenvolveu mais nesse sentido de vestir outras pessoas. Comecei a fazer parcerias com estilistas, tem estilistas importantes aqui de São Paulo, jovens estilistas aqui de São Paulo que eu visto também. Esse look de hoje foi todo pensado por mim, mas eu visto outras pessoas também, porque aí a gente vai também se conectando, se ajudando, fomentando o trabalho da amiga que faz o look e tudo mais.

NP: Cara, você tem um bocão tão sensual.

AS: Aí, por isso que eu venho no vermelho. Vermelho é minha cor preferida.

NP: Por isso eu coloquei vermelho.

AS: Aí eu vou lamber todinha.

NP: Aí, que delícia. Uii.

AS: Eu amo vermelho, eu amo.

Encontre Aretha

NP: Agora,eu queria que você me falasse como as pessoas podem te encontrar, é… dos seus novos projetos e deixar um jeito para as pessoas entrarem em contato com você.

AS: Sim. As pessoas podem me achar no Facebook. no Instagram. @aretha com TH em homenagem à cantora Aretha Franklin.

NP: Eu amo a Aretha Franklin.

AS: Sim, sim. Sempre no céu e na Terra. Então, Aretha com TH, Sadick, S A D I C K. No Facebook e no Instagram. Hoje eu tô mais no Instagram, fomentando mais. Nos próximos trabalhos, eu tenho trabalho de música, assim como eu falei, são músicas sexuais inclusive.

NP: Uii.

AS: Humm. Estamos preparando o primeiro videoclipe, então ela já já vai sair. E nas festas, eu continuo performando, cantando Grace Jones, amo. As festa eletrônicas estou lá, Mamba Negra… tô lá performando também.

NP:Amei. Amei, amei, amei!

AS: Obrigada!

Nicole, sua atrevida!

NP: Vou ser muito atrevida agora.

AS: Por favor.

NP: Me dá um beijo?

AS: Sim, com certeza! Aí que delícia!!

NP: Nossa…

AS: Amooo. Você já tem a chave, já é sua.

NP: Pronto, você abre o meu coração.

AS: Maravilhosa. Muito obrigada!

NP: Eu que agradeço. E agora nós vamos para nossa, também maravilhosa, xgirl.

A nossa Xgirl

Xgirl Uni Corrêa nua


E o programa terminou com a maravilhosa xgirl Uni Corrêa, uma morena que TRANSborda sensualidade. Ela ficou nua em um ensaio sensual selvagem para dar luz ao novo Éden. Ela é o próprio pecado.