Flávia e Diogo falam sobre amor livre no pornolandia

Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Flávia Amorim e Diogo Batalha, adeptos do amor livre. No episódio 22 da primeira temporada de Pornolândia eles conversam sobre as diferentes formas de se relacionar, sobre estigmas sociais e valores arraigados no imaginário coletivo. Uma conversa libertadora que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Nicole Puzz, Flávia e Diogo

Nicole Puzzi: Amor livre! Eu estou com uma dupla aqui que sabe tudo e pratica o amor livre! Mas, o que será que tem, em pleno século XXI, para falar de amor livre? Um tema muito discutido nos anos 70. A gente vai conversar com eles dois, eles vão contar coisas que vocês vão gostar, espero. Mas, antes, nós vamos ver uma Xgirl toda livre para o seu prazer. Depois a gente volta!

A nossa Xgirl

Xgirl Bruna Alencar

E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Bruna Alencar, uma morena tatuada que ficou nua em um ensaio sensual artístico gostoso de ver!

O Amor livre

NP: Flávia Amorim e Diogo Batalha, o que significa para vocês falar sobre amor livre nesta época?

Diogo Batalha: Então, significa muita coisa na verdade, porque quando a gente fala de amor livre, a gente não fala só dos relacionamentos. Esta embutido aí também questões como machismo, como posse. É muita coisa que envolve não só a questão de relacionamento, é como estes relacionamentos se inserem na sociedade. Por exemplo, eu não posso achar que a garota é minha namorada, sendo que a gente se relaciona com várias pessoas. Ela está minha namorada, mas ela pode deixar de estar quando quiser.

A questão do ciúmes

Nicole Puzzi, apresentadora do Pornolândia

NP: Não tem ciúmes? Não rola ciúmes?

Flávia Amorim: A gente passa por processos. Então, em primeiro momento, a nossa educação emocional é sempre muito arraigada de valores de possessividade, em que só existe um único modelo, que é um modelo compulsório, a gente discute muito isso. Então, é um processo que cada um vai aprendendo como lidar. Mas, isto está muito mais ligado aos valores que nos são colocados de que o outro é quase uma coisa sua e não um convívio, uma relação entre seres humanos.

Ideias pré concebidas

NP: Mas, quando a gente fala em amor livre, a gente costuma a associar, estou falando a gente porque é a maioria das pessoas mesmo! A gente começa a associar amor livre à putaria, à baixaria, sacanagem, essas coisas. Como é isso para vocês?

Flávia Amorim: Tem muita distorção ainda com relação ao que a gente acredita. Mas, aí vem, claro, uma visão de que é putaria, por conta de valores machistas, porque sempre o homem que tem a possibilidade de amar, transar com várias mulheres. E a sociedade é permissiva, tudo bem. Só que, quando uma mulher se coloca no amor livre, ela é vista como…

NP: Puta.

FA: Puta. É visto como promiscuidade, é a vadia, ela é fácil, vai dar para mim e tal.

NP: Você é namorada dela?

FA: Não. A gente já trepou, é isso? Sim.

Orgias x Amor livre

Flávia e Diogo, adeptos do Amor Livre

NP: Falou em amor livre, você pensa em sexo, você pensa em orgia. É isso que se pensa mesmo?

Diogo Batalha: É um pensamento…

NP: Errado?

FA: É um pensamento equivocado no sentido de que ele está arraigado a esses valores tradicionais. Você tem uma relação e aí entra uma terceira pessoa, por exemplo, aí alguém tem o poder ali naquela relação. Se por exemplo, aparecesse o Diogo e outras duas mulheres, ele é o rei, o gostosão, porque ele tem duas. Então, sempre tem essa visão de poder.

NP: E se aparecer uma mulher com dois homens, ela é puta. A verdade é essa!

DB: A gente tem que encarar que são pessoas, não é o homem e a mulher. Não, ela é uma pessoa, ela tem a vontade dela, ela pode ficar com quantas pessoas ela quiser, porque não tem essa relação de poder. Tem que desconstruir essa relação para poder começar a ter esse tipo de relação.

A mulher no amor livre

Diogo, Flávia e Nicole Puzzi

NP: Sabe, vou tirar esse casaco, mas não é por nada não, é porque eu estou com calor. Eu não estou com sedução, não. Porque tem gente que fala assim “você fica fazendo umas caras de sedutora”. Ah, sério que eu faço? Mentira. Pronto, estou livre. Mas, eu acho assim, as pessoas mal resolvidas jamais vão conseguir encarar o amor livre assim como vocês encaram. Porque, as pessoas mal resolvidas vão sempre estar criticando a atitude do outro. Porque, se ela não consegue atingir o prazer, não consegue se liberar, ela vai criticar o outro, como se o outro tivesse culpa. “A culpa é sua. Eu não tenho prazer, então a culpa é sua”. Então, eu acho que elas entram no amor livre não para se liberar, elas entram para se desesperar e para criticar os outros. Eu queria saber da experiência de vocês dois.

FA: Falando enquanto mulher, há uma dificuldade de entendimento enquanto para o outro talvez “A Flávia é acessível sexualmente, então ela é uma pessoa livre, despojada, aberta sexualmente”. E às vezes você quer, sexo eventualmente, ok, vai acontecer e passar e acabou. Mas também é gostoso quando você cria algum vínculo, esses laços que fortalecem a relação das pessoas. Então, para mim, foi passando por isso, entender e conhecer que eu tenho a possibilidade de me relacionar com as pessoas de uma forma tranquila e também entender os anseios do outro.

Para quem eu quiser

Nicole Puzzi sentada em um puff

NP: Eu vou fazer uma pergunta machista, horrorosa, péssima para você. Mas, eu acho que deve ter muita pessoa que está pensando isso. Você faz sexo ou trepa com qualquer um que aparece na sua frente? Porque, você é livre?

FA: Não!

NP: falei que era machista!

FA: É justamente essa a visão que a gente tenta evitar. E é um problema que não é só meu, é de várias meninas que vêm conversar com a gente que têm essa dificuldade com os homens enquanto heterossexuais de que ela vai transar se ela quiser. Eu dou para quem eu quiser, não para qualquer um.

Entendimento e as outras formas de se relacionar

Nicole Puzzi, entrevistando Diogo e Flávia, adeptos do Amor livre

NP: Eu adorei isso! “Eu dou para quem eu quiser, não para qualquer um”. Sou eu! Apesar de que eu nunca fui adepta do amor livre, mas estou curtindo isso cm vocês.

DB: Mas, você não precisa necessariamente ser adepta.

NP: Eu estou curtindo com vocês.

DB: Isso é ótimo! A gente não precisa que todos seja, a pessoa tem que ser do jeito que faz ela se sentir bem. Por exemplo, se eu conhecer uma pessoa amanhã que eu tenho vontade de ficar com ela, e ela só quer ficar comigo, e a gente morrer estando juntos só nós dois, nós teríamos sido monogâmicos. Mas, é entender que existem outras formas de relacionamento, que tem outras maneiras ou que tem pessoas que são felizes de outras maneiras e não recriminar isso.

NP: Eu gostei da nossa conversa! Obrigada, gostei mesmo. E se você está aí criticando a postura deles dois, cuidado! Procure um psicólogo para você se liberar sexualmente e não ser fiscal da trepada alheia. E agora nós vamos conversar com uma mulher gostosa. Ah se eu gostasse de mulher! Eu gosto de mulher, mas não para a cama. Mas, se eu gostasse, eu pegava ela!

Cozinha ao Ponto

E este episódio termina com a receita de X Mico, preparado pela deliciosa tatuada Sweetie Bird!