Hey, você, já teve um squirt ou fez uma mulher ejacular alguma vez na vida? Nem eu até fazer esta reportagem, na qual entrevistei especialistas e fui cobaia da técnica White Tiger, que promete litros de ejaculação feminina
O que é a ejaculação feminina?
A ejaculação feminina é um mistério tão grande que faz leigos e doutores duvidarem de sua existência. Foi justamente da descrença de alguns relatos que surgiu a ideia de pauta para esta matéria. Afinal, na minha cabeça era uma proeza sexual restrita às poucas mulheres que têm algo “mágico” em sua anatomia pélvica ou que treinam pompoarismo.
No Brasil o termo mais popular nas buscas do Google relacionadas ao assunto é “squirt”, verbo no infinitivo em inglês que significa “esguichar”. O termo “ejaculação feminina” é apenas uma aproximação do fenômeno masculino. Ou seja, a humanidade como sempre mostrando sua má vontade com o prazer das mulheres.
Estudos científicos rejeitam a existência da ejaculação feminina e afirmam que os jatos fortes na verdade seriam urina liberada no orgasmo. No entanto, todos foram feitos com poucas mulheres, ou grupos altamente selecionados. O mais recente é de 2015, feito na França com sete mulheres que esguichavam.
As voluntárias fizeram xixi antes de começarem a estimulação do ponto G. Quando estavam perto de gozar foi observado que a bexiga de todas elas estava cheia.
Squirt ou xixi?
Em todos os casos o líquido que saiu no final foi analisado e continha os mesmos elementos da urina, mas o de duas voluntárias apresentou também antígeno prostático específico (PSA). Essa é a substância eliminada pelas glândulas de Skene que também está presente na próstata masculina.
Uma das teorias defendidas é que é necessário diferenciar a ejaculação feminina da produção de jatos. Na verdadeira ejaculação há um fluido espesso que sai em pequena quantidade das glândulas de Skene. Resumino: aquilo que conhecemos como squirt é na verdade eliminação de urina diluída pela bexiga.
A certeza é que as substâncias e a origem do líquido pouco importam pros milhares de usuários que acessam os pornôs de squirt e que inspiraram a Brazzers a compilar no site She’s Gonna Squirt diversas produções sobre o assunto.
Quem quiser uma pausa na leitura para conferir um belíssimo exemplar de ejaculação feminina, dá uma olhada neste vídeo aqui que a eFe gravou pra Xplastic.
Como ter squirt?
Uma das minhas desconfianças iniciais sobre o tema era semelhante às conclusões dos cientistas: será que as atrizes pornôs e camgirls que minam água como se fossem mangueiras de alta pressão estão mesmo ejaculando? As mulheres que produzem esguichos relatam que a sensação é diferente de urinar e que o líquido não tem cheiro nem cor de xixi.
Conversei com Vivian, ex-camgirl que revelou alguns dos segredos dos seus shows e me deu um verdadeiro tutorial de squirt:
“Eu tinha 18 anos e na época trabalhava com webcam, fazendo shows de strip e masturbação. A quantidade de caras que pediam squirt era alta, mas eu pensava que era algo muito único e especial, até que um cliente encasquetou que ia me ensinar. Como que um homem desconhecido, pela internet, vai me ensinar a lidar com meu corpo? Mas ele estava pagando pelo tempo, então por que não?
As instruções eram relativamente simples: coloca dois dedos na vagina, virados para cima. Você vai sentir uma parte rugosa, com textura diferente do resto e, se estiver com tesão, ela estará inchada.
Esse é o ponto G, que você deve apertar de forma rápida e forte, sem parar. Quando a excitação estiver muito grande a ponto de um orgasmo, você vai sentir uma vontade parecida com a de fazer xixi. A maioria das mulheres param aí, pois ficam com medo de estarem realmente urinando. Mas para realizar o squirt não pode ter medo: tem que se entregar ao momento e permitir seu corpo sentir por completo.
Por fim, você terá um orgasmo e um líquido vai sair da vagina. Às vezes é em forma de esguicho, às vezes pode apenas “vazar” um pouco.”
Tantra e pompoarismo podem te ajudar a ejacular
Vivian também ressalta que é importante estar bem hidratada (beba muito líquido). Com esse tratado sobre squirt em mãos eu não tinha mais desculpas, então resolvi testar em mim mesma.
Segui passo-a-passo as explicações de Vivan, mas aconteceu o que eu já havia visto antes em alguns orgasmos que tive: senti e vi apenas o vazamento de um líquido esbranquiçado, que saiu sem pressão nenhuma. Fuén.
Ao pesquisar sobre squirt, boa parte dos resultados das buscas são de cursos de pompoarismo que prometem a cura da anorgasmia, da dor durante a penetração, da incontinência urinária, além de orgasmos mais intensos, facilitação do parto natural e, claro, da ejaculação feminina. Através de exercícios de respiração, contração e relaxamento dos músculos, com ou sem as famosas bolinhas tailandesas introduzidas na vagina, a mulher pode chegar mais perto de ter um squirt.
Squirt e espiritualidade
Entrevistei Antar Surya, terapeuta do espaço Consciência Tântrica, que tem como uma de suas especialidades o pompoarismo tântrico. Ela explica que no tantra tudo parte do princípio de que a sexualidade é uma porta para a espiritualidade e que o parto é o ápice dessa experiência. Para isso, o fortalecimento do assoalho pélvico é fundamental:
“A prática do pompoarismo tântrico aumenta o fluxo sanguíneo na região pélvica, o que facilita os orgasmos, aumenta a lubrificação e a libido. A ginástica intima faz com que a mulher tenha mais consciência de sua musculatura, com que estes músculos fiquem mais fortes e a partir daí a sensação peniana será mais evidente, melhorando a conexão com o próprio corpo e o do parceiro.
Pela repressão sexual vivida pela mulher há vários séculos poucas vivenciaram a ejaculação, mas a meu ver toda mulher saudável estimulada corretamente pode obtê-la.”
Com a palavra, o especialista em squirt
Daniel Carletti, terapeuta e massagista tântrico do Tantra Lótus, me contou que um segredo milenar chamado White Tiger estava fazendo suas clientes “ejacularem litros”. Essas técnicas surgiram no século oitavo a.C., quando o indiano Nandikeshvara escreveu o Kama Shastra, um apanhado de textos sobre sexualidade. A intenção do autor era instruir a população sobre a arte sagrada da cura através do sexo e sistematizar uma prática sexual transcendental.
Sua obra ficou esquecida no tempo até que no século quarto d.C., quando um filósofo chamado Vatsyayana estava compilando textos para o Kama Sutra, um sacerdote tântrico apresentou a ele antigos escritos do Kama Shastra. Eles estavam enterrados nas catacumbas de um palácio. Esses trechos haviam se tornado apócrifos devido a seu enorme poder de conquista feminina.
Os excertos foram roubados e chegaram às mãos do rei, que de tão surpreso com as informações, ordenou que fossem banidas. Dizem que seu objetivo era usar aquele conhecimento para ter todas as mulheres da região e formar seu hárem. No entanto, o rei não sabia que uma sociedade secreta conhecida como o Sagrado Clã do Tigre Branco já havia sido apresentada às poderosas técnicas.
Infelizmente rumores sobre a existência do clã chegaram até o palácio e o rei ordenou que todos os membros fossem assassinados. Ao saberem do infortúnio que os aguardava, os “tigres brancos” fugiram para o Tibete. Assim, conseguiram manter seus conhecimentos preservados.
“Se você não conseguir o squirt hoje, eu corto o meu dedo fora”. Daniel Carletti, terapeuta tântrico
Palavra e técnica gringas
Quem ensinou os segredos do squirt a Daniel foi o inglês Steve P., que dentre as controversas técnicas de sedução do estilo pickup artist leciona também o tantra com foco em White Tiger. Daniel explica seu método:
“Eu começo observando a barriga da mulher, que vai inchando na medida em que ela fica mais excitada durante a sessão de massagem tântrica. Aí sim coloco o dedo no ponto G sem fazer movimento nenhum. Sigo com um estímulo anal até sentir que o ponto G está inchado. Posiciono meus dedos na vagina, começo a fazer os movimentos e quando a excitação aumentar, a mulher vai ter vontade de fazer xixi.
É importante que ela não se preocupe com isso e solte, aí sim vem a ejaculação. Eu já atendi mulheres de sessenta anos que nunca tinham ejaculado na vida. Se você não conseguir o squirt hoje, eu corto o meu dedo fora.”
O primeiro squirt a gente nunca esquece
Daniel tinha mais certeza sobre meu squirt do que eu mesma, que àquela altura já estava bem ansiosa. A sessão transcorreu quase da mesma maneira da outra que fiz para a reportagem sobre massagem tântrica. Primeiro recebi uma massagem feita com a ponta dos dedos no corpo todo, que me deu um misto de prazer e cócegas.
Depois vieram os toques com os dedos e vibradores em toda a vagina. Tive diversos orgasmos seguidos, emendados um no outro e que se confundiam entre si. Até que em algum momento esse tanto de “dedo-vibrador-orgasmo-repete” começou a doer e a ponto de me fazer gritar. Daniel sempre explica no começo da massagem que isso é normal.
O segredo é contrair e relaxar
“Contrai e relaxa”, ele ordenava. Meio difícil, sendo que eu mal conseguia saber quantas coisas estavam dentro de mim e o que cada uma delas estava fazendo — nas massagens tântricas a gente sente que o profissional tem mil braços. Daniel continuou por mais alguns doloridos orgasmos até que a vontade de fazer xixi veio.
“Solta”, ele sussurrou. E eu soltei. Não vi como foi meu primeiro squirt decente nessa vida, porque estava de olhos fechados, mas senti um esguicho sair de mim e ouvi sinal de aprovação do massagista.
Missão cumprida, Daniel encerrou a sessão abruptamente, correria compreensível diante do fato de que eu estava ali há quase duas horas e ele tinha cliente logo depois de mim.
Outras mulheres contam como ter squirt
A cliente, não por acaso, é Bia, uma advogada de 36 anos que ejacula litros desde que começou a se aprofundar nos conhecimentos tântricos. Ela foi atrás do tantra para ajudar uma amiga e hoje em dia vive uma história de amor com a prática:
— Uma amiga minha não tinha orgasmo e eu achava isso um absurdo. Eu e ela fizemos uma massagem tântrica, ela não teve sucesso, mas eu percebi que os orgasmos que eu tinha no sexo não se comparavam ao paraíso onde eu havia chegado. Depois fui conhecendo a parte espiritual do tantra e não parei de frequentar as sessões e os cursos.
Quando ela conseguiu sua primeira ejaculação numa sessão logo se lembrou de um episódio tragicômico que viveu:
— Eu já tinha tido uma ejaculação com um namorado, que ficou bravo porque achou que eu tinha mijado nele. Eu não entendi muito bem, mas sabia que aquilo não era xixi. Acabei reprimindo, só que quando eu descobri o que era a ejaculação feminina, ela passou a ser meu objetivo novamente. Quando o Daniel me apresentou o White Tiger e eu “lavei” a sala. Hoje em dia toda vez que meu ponto G é estimulado eu consigo ter ejaculação.
Histórias de lençol molhado
Ao perguntar sobre o que Bia sente nos orgasmos com squirt ela teve certa dificuldade de colocar em palavras, mas deu uma boa descrição:
— É como se algo explodisse dentro de você, eu sinto um bem-estar enorme, vontade de rir e muita leveza. Depois de um orgasmo clitoriano eu tenho vontade de empurrar a pessoa, por exemplo. É diferente.
Daniel estava pronto e Bia parecia apreensiva para sua sessão. Ela permitiu que eu observasse do começo ao fim, então sentei num sofá que fica no canto do quarto de massagem. O mais fantástico em ver o Daniel atuando ao vivo foi poder trilhar visualmente o mesmo percurso de dedos, mãos e objetos que eu havia sentido no meu corpo há poucos minutos.
O ritual foi muito semelhante ao que descrevi acima com o gran finale dedicado às técnicas de White Tiger.
Cheguei mais perto para poder ver os jatos saindo: uma parte escorria pelas coxas de Bia, outra saía “competindo” com os dedos de Daniel e o vibrador. Na foto, se você se esforçar bem, conseguirá ver a mancha que ela deixou no lençol:
Apesar de ser sido bem divertido (e prazeroso) encarar o desafio do squirt, a seguinte colocação de Vivian serve pra que ninguém se perca nessa busca:
— Eu acho que a maioria das mulheres podem conseguir, pois acredito que é uma reação normal do organismo, mas devemos nos questionar às vezes se estamos procurando certas coisas por pressão de um parceiro ou da sociedade, que meio que impõe que a mulherada tem que fazer de tudo. Se não acontece com a pessoa ou se não curte, eu realmente acho que não se está perdendo nada. Há infinitas formas de ter prazer.