“Benditos e louvados todos os cus do planeta. Cus que cagam, cus que ralam, cus que acordam cedo e enfrentam a labuta diária. Cus clamando por uma piroca monstra – Textos Putos volume – 1” 

Trocamos uma idéia com a @abhiyana, a escritora dos Textos Putos, que tem com matéria prima de suas criações o sexo.

textos putos literatura de bordel

Lançando o segundo volume de seu livro Textos Putos através de financiamento coletivo, ela falou sobre sexo vida e arte.

Contribua com o projeto dela!

Como surgiu o Textos putos 1, e por que fazer o 2?

O livro “Pequenos Textos Putos e Ilustrações Pornográficas Aleatórias” (o volume I), surgiu de uma necessidade profunda de expressar minha arte, liberdade e sexualidade da forma que eu bem entendesse. Surgiu de uma vontade de trazer algo diferente, autentico e impactante que pudesse chacoalhar as pessoas de alguma forma.

Falar sobre sexo é delicioso pra mim. Fazer sexo então… Desde que perdi a virgindade, aos 17 anos, sempre foi meu rolê favorito, meu tempo mais bem gasto, meu parque de diversões.

E um dia me dei conta que sexo é revolução; se você é consciente e pleno sexualmente, nada poderá te dominar. As fichas foram caindo… Tantos tabus, tantas proibições, tanto “isso pode, isso não pode”, tanta merda que jogaram em cima da coisa mais preciosa que a existência nos deu: a arte de fuder! O orgasmo! Não há sensação mais plena.

Com o livro 01, nasceu o projeto TEXTOS PUTOS, que trabalha ações e expressões pornográficas do ponto de vista orgástico-feminino. O projeto contempla livro, videos, fotos e exposições.

O livro 2 nasceu de um amadurecimento de todo processo que vivenciei após o lançamento do primeiro livro. Realizei leituras pornográficas na Avenida Paulista, vendi o livro em faróis da cidade, recebi feedbacks incríveis e um universo imenso se abriu.

Desde então, tudo vem me transformando muito.

Ressalto ainda que meu objetivo intrínseco e primordial, é trabalhar a pornografia como instrumento de libertação.

Os homens têm medo de buceta?

Os homens tem medo do poder feminino, que vai além da buceta; mas que sem dúvida, engloba a buceta.

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Do que você tem medo?

Tenho medo do retrocesso e da falta de sensibilidade. Tenho medo de televisão e dos seus programas malditos, que infectam e robotizam a mentalidade das pessoas. Tenho medo do mundo corporativo e de suas metas inatingíveis. Tenho medo da igreja católica – o câncer da humanidade. Tenho sim, muito medo, de num futuro próximo, ser queimada em praça pública!

 

“É foda. Na primeira cravada do porrete, você vê que a coisa é divina. Que foi detalhadamente pensada, perfeitamente desenhada. Deus deve ser um cara bem interessante. Gostaria de chupá-lo – Textos putos volume 1”

Quais livros foram importantes para sua formação intelectual?

Todos os livros da eterna e amada Hilda Hilst, “A História do Olho”, do Bataille, todos do meu guru Satyaprem, Osho pra caralho!, “Tête-À-Tête”, de Hazel Rowley, sobre Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, “Delta de Vênus”, da maravilhosa Anais Nin, Bukowisk na veia, Milo Manara, com seus quadrinhos foda! Deliciosos!
Os mais recentes: “Testo Junkie” de Paul B. Preciado e “Calibã e A Bruxa”, da Silvia Federici.

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Como a arte entrou na sua vida e de que forma ela está presente hoje?

Aos 21 anos comecei a trabalhar na área de marketing de uma multinacional francesa. Um dia, voltando pra minha mesa, depois de uma reunião interminável, olhei para aquela caralhada de baias, tudo ficou em câmera lenta, e a única certeza que tive é que não pertencia àquele mundo.

Corri pro banheiro, desatei a chorar e tomei a pior e a melhor decisão da minha vida: seguir meu coração. Pedi demissão, entrei num curso de teatro e um mundo totalmente novo se abriu. A ARTE! E toda beleza e incomodo que ela traz. Parecia enfim que a vida fazia algum sentido. Sem arte, ficamos sem ar, sem vida, sem beleza.
Trazendo pro nosso contexto, reflito: tem imagem mais bela e perfeita que um corpo nu? E corpos nus se entrelaçando? E um pau rasgando uma buceta? Uma mulher de quatro, pronta pra receber o mastruço ereto! Duas xoxotas se esfregando! Um pauzão lindo arrombando um cuzinho peludo? Fios prateados e reluzentes do gozo?! Pura arte, não?

Você se considera uma trabalhadora do sexo?

Acho difícil chamar de trabalho a coisa que mais gosto de fazer. Mas sim, me considero uma trabalhadora do sexo; escrever sobre sexo, refletir e expressar minha arte através dele se tornou o meu maior tesão. Um propósito de vida. Hoje, falar sobre isso, acima de tudo, é falar de liberdade. E principalmente para as mulheres. Nós merecemos e precisamos dessa atenção. O patriarcado roubou nossos orgasmos, apagou a nossa luz, nos colocou abaixo de cu de cobra. É tempo de botar a buceta na mesa! E considero meu trabalho um meio de acabar com essa palhaçada.

O futuro merece atenção ou provoca desespero ?

Os dois. Mas se desejamos – de fato – mudanças significativas, nosso foco tem que estar na atenção.

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Por que ainda é importante falar sobre sexo em pleno século XXI?

Poderia listar uma infinidade de motivos, mas vou me ater a apenas um:
PORQUE TEM MULHER QUE NUNCA EXPERIMENTOU UM ORGASMO.
E essa realidade é triste para caralho.

Como a arte e o sexo podem ajudar a humanidade ?

O sexo é o principio de tudo. A razão básica de estarmos aqui, de você estar lendo esse texto agora. Simples assim. Se limparmos nossos olhos, veremos que o sexo é o momento em que ficamos mais próximos de outro corpo, onde temos uma intimidade sem igual. Literalmente entramos no outro, sentimos, trocamos, tocamos, nos entregamos. Na hora do orgasmo, não tem máscara, não tem mentiras.

Tem somente silencio, prazer e plenitude. Se realmente vivenciamos isso, com clareza, não tem como dar errado. Mas é preciso voltar um pouco, nos olhar com honestidade. Precisamos de cura, pois a igreja, a sociedade, o patriarcado, destruíram a vida sexual das pessoas.

Tem muito chão pela frente, mas estamos aí pra isso.
E a arte… ora, a arte é essa força estrondosa que vem sustentando – e aliviando a humanidade. Sem arte, seria impossível.
E a arte e o sexo juntos? Me parece bombástico.

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“Cu é soberano, poético. É foda a sensação de dar o cu de manhã e ter que lidar com isso o resto do dia. Se o cara gozou dentro, você fica dando uns peidos de porra. Tem algo de divino nisso – Textos putos volume 1″

 

 

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Se sexo é um dos seus assuntos favoritos para discussões, conheça nossos documentários sobre sexo.