Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Vanessa Alves, atriz da pornochanchada. No episódio 11 da terceira temporada de Pornolândia elas conversam sobre a carreira cinematográfica de Vanessa, os filmes da Pornochanchada e histórias da década de 70. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Delicada, meiga, talentosa e musa. Não foi à toa que o Carlão Reichenbach se apaixonou pelo trabalho dela. Vou conversar hoje com uma amiga que admiro muito como mulher e como artista, Vanessa Alves. E a nossa Xgirl vem mantendo a beleza nesta noite deliciosa.
Vanessa Alves, melhor atriz coadjuvante
Vanessa, nós estivemos juntas no filme do Carlão Reichenbach, o “Anjos do Arrabalde”. E você ganhou um prêmio, mulher, de melhor atriz coadjuvante.
Vanessa Alves: Ganhei! Ganhei o prêmio de coadjuvante no 15° no Festival de Cinema de Gramado, KIKITO.
NP: Olha que chic a minha amiga!
Vanessa Alves: Eu nem esperava, eu estava voltando do Paraguai, rodando um filme lá. Tinham várias atrizes maravilhosas, dentre elas Marília Pera e tal. Eu ganhei o prêmio de melhor atriz coadjuvante e Bete Faria e Marília dividiram o de melhor atriz.
A influência de Reichenbach
NP: Olha, que chic a minha amiga!!! E o pessoal ainda fala “a pornochanchada não tinha grandes atrizes”. Claro que tinha! Deixa de preconceito, deixa seu preconceito de lado que é muito feio. Tinham grandes atrizes, sim, e você era uma delas. Eu sei que o Carlão Reichenbach foi muito importante na sua vida. Ele foi a pessoa que mais te influenciou no cinema? Como é que foi?
Vanessa Alves: Então, no primeiro filme que eu fiz com ele, se não me engano foi “O Paraíso Proibido”, eu não conhecia a importância do Carlão. Eu acho que eu fui imposta, me impuseram para ele, né, o Galante falou “Não, tem que ser a Vanessa para esse papel”. E depois desse filme, eu fiz, se eu não me engano, mais uns quatro com o Carlão. A gente se deu super bem no set, ele é uma amor, uma graça, um gentleman.
Demência
NP: Vamos falar do Carlão Reichenbach, porque você fez filme “Demência” que eu acho o melhor filme nacional que já existiu. Porque não teve nenhum outro que foi melhor que o filme “Demência”.
VA: Eu fiz uma pequena participação. Com o Carlão era assim: ele me convidava, me mandava o roteiro, mas sem ler eu aceitava.
NP: Claro!
VA: Eu não precisava nem saber, era filme do Carlão. Não importava se era papel pequeno, papel grande. O que importa é estar fazendo um filme dele. Porque, cinema era o diretor, né. Eu fiz uma participação, uma moça na rua pedindo carona. Eu acho que eu levei um dia só filmando, mas amei ter feito esse filme maravilhoso. E, naquela época, não existia facilidade de hoje em dia que filme e já está ali vendo, não existia isso, né.
NP: Eu adoraria ter sido a musa do Carlão Reichenbach. Eu falo isso com maior orgulho de ter sido você. Mas, se eu dissesse que eu não gostaria de ter sido a musa do Reichenbach, eu estaria mentindo.
VA: Ah, que bom!
Uma virgem na Pornochanchada
NP: Mas, eu fico feliz por ter sido você. porque você mereceu. E aí, tem uma história muito curiosa. Você era virgem quando fez a sua primeira pornochanchada.
VA: ERa, era virgem. Mas, voltando só um pouquinho na menina que ia fazer a filha e Emmanuelle, ela ficou doente ou sofreu algum acidente, não lembro muito bem. E o Galante me convidou, perguntou se eu queria fazer, ao invés do papel da amiga, fazer a protagonista. Eu falei “quero, né”. Já que eu aceitei, vamos ver o que acontece. Nunca tinha feito nada grande como atriz. E fiz o primeiro filme “A filha de Emmanuelle” virgem. Eu fui perder a virgindade no terceiro filme.
E muito engraçada a história, porque eu tinha que fazer uma cena de nu, sexo simulado, e eu estava menstruada. Cheguei para o Marinho, o maquiador, falei “Mário, e agora, o que eu faço? Vou ter que fazer a cena, mas estou naqueles dias”. Ele falou “ué, coloca OB, absorvente interno” e eu falei “eu não posso”, eu era muito ingênua nessa época. Ele falou “Não, não me diga que você é moça?”. Falei “sou”, “Mas como você é moça fazendo as cenas que você já fez? Como é que você consegue fazer um sexo, um orgasmo virgem?”. Ele até brincou “só no cinema nacional mesmo, só na boca do lixo acontece isso”!
NP: Só na Boca do Lixo mesmo a virgem fazendo cara e bocas de que está… E era virgem! E nunca tinha passado pela experiência!
VA: òbvio, que era só namorando, tirando o sarrinho que tirava na época. A educação que eu tive, que você deve ter tido também, aquela coisa de não poder nem beijar, não pode porque senão fica grávida.
NP: Não podia senão ficava grávida. Cuidado com a toalha!
VA: Colocavam muito medo na gente!
Vanessa Alves e Sady Baby
NP: Gente, Vanessa Alves já atriz e virgem na Pornochanchada. Só a Pornochanchada tinha isso! O Mário tinha razão. Só podia acontecer lá naquela rua. Aí, você trabalhou também com o Sady Baby. O Sady era muito louco! Eu nunca trabalhei com ele. Ele era louco também no set?
VA: Ele era bem agitadão, bem louco até certo ponto, né, porque o que ele fazia ele sabia muito bem.
Dublagem e outros trabalhos
NP: Agora, você continua trabalhando muito, né? Você nunca parou.
VA: Nâo, graças a Deus, eu nunca parei. Eu fui migrando. Cinema para teatro, teatro para o restinho de cinema que tinha para fazer. Alguma coisa de televisão, porque televisão eu fiz pouca coisa. Comercial também continuei fazendo, mesmo na época de estar fazendo Pornochanchada. Não bateu de frente, eu fazia Pornochanchada e fazia publicidade. Eu não sei se o povo da publicidade não sabia que eu fazia pornochanchada, mas eu fazia muito comercial. Daí, passando teatro eu caí na dublagem.
NP: Tem algum personagem específico?
VA: Não. Que eu dublei e fiquei conhecida pela voz não. Porque, eu fiz… na verdade, eu comecei dublando os nossos filmes, que a gente se dublava porque não era som direto. Mas, o que marcou para mim na dublagem foi a mãe do Caillou, no desenho. Eu fazia a mãe, não sei o nome dela. E a ma~e do Ash do Pokémon, que eu fazia e fiz recentemente também.
O Livro de Vanessa Alves
NP: Me fala sobre o seu livro.
VA: Meu livro foi bem bacana, foi uma experiência que eu nunca tinha nem pensado. Aí, veio o convite do Rafael, porque a editora Laços estava fazendo uma retrospectiva do cinema nacional, das musas da pornochanchada e tal. E ele me convidou para fazer e eu falei “Ah, então tá”. A princípio, era um fotobiografia, seriam só fotos dos filmes porque eu tenho muito material. Mas, uma coisa vai levando a outra e ele pediu para eu comentar sobre os filmes, pediu para vários críticos também comentarem. Aí ficou bacana.
NP: Ficou muito bacana, porque você tem muita história para contar.
VA: É, desde… Nós temos, você começou desde muito cedo e eu também. Acho que todas nós, né.
Saudosa Pornochanchada
NP: Que bom que nós trabalhamos na Pornochanchada, né?
VA: Uma época maravilhosa!
NP: Melhor fase da minha vida!!! Eu voltaria para os anos 70 com a idade que eu tenho, mesmo. Não é voltar a ser jovem, eu voltaria para viver tudo aquilo de novo, sabe, participar de tudo aquilo. Amor, eu adorei te receber.
VA: Ah, eu também, Nicole, eu adoro vocÊ, curto muito o seu programa!
NP: Obrigada!
VA: Curto muito seu trabalho também tanto em cinema, quanto em televisão. Seguia você antes de rede social, já seguia você nas novelas e filmes. Sou sua fã de verdade.
NP: Então, pronto, é recíproco. Porque, eu sempre assisti os filmes do Reichenbach e fica te olhando “nossa, que sorte que a Vanessa tem”! E agora, com toda essa emoção, toda essa energia positiva, eu vou convidar você para assitir a nossa Xgirl.
A nossa Xgirl
E o programa terminou com a maravilhosa Xgirl Mariana Gutierrez, uma ruiva linda e gostosa, que ficou nua em um ensaio sensual que vai mostrar que o corpo de uma mulher nada mais é do que arte!