Stanley Miranda no Pornolândia

Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Stanley Miranda, um empresário no ramo pornográfico. No episódio 2 da quarta temporada de Pornolândia eles conversam sobre a ascensão do império de Stanley, as novas demandas do mercado pornográfico e as pretensões de Miranda para os novos projetos. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Stanley Miranda sendo entrevistado por Nicole Puzzi

Nicole Puzzi: No final do século 20, ele dava as cartas na pornografia no Brasil. Stanley Miranda era o representante em nosso país do homem que popularizou o estilo gonzo. Com uma câmera na mão e sexo explícito, o famoso Buttman. Depois de construir um império e ver a pirataria e outros fatores, varrerem muitas produtoras do mercado, Stanley Miranda, prestes a completar 60 anos, está decido a começar tudo de novo. E fecharemos a noite com a nossa ninfeta pornográfica, bem sexy.

A vida de Stanley Miranda antes do pornô

Stanley, queria que você me falasse da sua vida antes da pornografia.

Stanley Miranda: Antes da pronografia.

NP: Existia sua vida?

Stanley Miranda: Existia uma vida. Eu trabalhei 8 anos na general Motors. Aí depois eu fui embora para os Estados Unidos, fiquei mais dois anos nos Estados Unidos morando. Conheci o John lá.

NP: O John Stagliano.

SM: Conheci o John lá e depois vim embora para o Brasil. E montei uma empresa de importação e exportação. Aí, eu estava na Argentina fechando uma compra e tal, e os argentinos “que passa no Brasil, que passa?”. Eu sei lá o que passa no Brasil. Aí me falaram que o Collor tinha pegado o dinheiro de todo mundo, como que eu ia pagar. Aí eu peguei o telefone e liguei para a minha esposa. E minha esposa na época, muito engraçadinha, falou “o Collor roubou o dinheiro de todo mundo”, ai eu falei “mas não roubou o nosso, não, né?” e ela “Não, inclusive ele ligou aqui em casa e falou que o do Stanley não ia roubar “. Roubou do Brasil todo, mas… pô, brincando, né. Bom, vim embora e comecei a trabalhar na extinta Video Lips, de vendedor também.

NP: Sim.

SM: Aí, sentado numa bela sala de reunião, eu vi um mapa do Brasil. “Eu não vou ficar aqui, eu preciso ganhar dinheiro”. Fui embora para o Nordeste. Aí peguei da Bahia até São Luís do Maranhão para vender vídeo.

NP: Vídeo pornográfico?

SM: Isso, vídeo. Aí aquela da Cicciolina fui eu quem importei. Aí comecei a importar os vídeos, o John… Quando o John veio para cá para o Brasil, para gravar porque ele gostava, a´comecei a ajudar.

Buttman e Stanley Miranda

NP: Pois é, você chegou a ser sócio dele aqui no Brasil?

SM: Sim, aí montamos a empresa.

NP: O John Stagliano foi conhecido como buttman, o cara que trouxe a pronografia para o Brasil ou para o mundo.

SM: Ele muito louco… é uma história muito louca porque é o seguinte, eu tinha acabado de me separar, me divorciar, ele veio para cá e falou “eu quero abrir uma empresa” tal não sei o quê. Aí eu falei pô, vamos. Comecei a apresentar a empresa que tinha no mercado para ele. “Não, eu quero fazer uma empresa com você” e eu fali “não tenho dinheiro nem para pagar essa Coca que eu estou tomando, você é louco, pega outro”. Na época, ele me deu 20 mil dólares.

NP: Nossa!

Sem nem papel

SM: Cash, cash.

NP: Foi em que ano?

SM: Foi 90 e … foi nos anos 90.

NP: Muita grana…

SM: Não fala assim… Não consigo lembrar tanto tempo atrás. Assim, deu 20 mil dólares e falou “eu volto para o carnaval e te dou mais”. Então foram 50 mil dólares que eu comecei a empresa. Eu falo para as pessoas , meu, para você ganhar dinheiro, é bom contar dinheiro. Porque, juro, eu fiquei 20/30 dias contando aqueles 20 mil dólares, sabe. Esse cara é louco, não deixou papel, não fez nada, foi embora. Me deu 20 mil dólares e foi embora.

NP: Fez certo, né?

SM: Um ano e quatro meses… É, vamos por um ano e meio, eu faturava 1 milhão de dólares por mês.

NP: Nossa! Só com filme pornográfico?

SM: A vida é assim, né ~os pulsos juntos e os dedos em direções concorrentes~ Só, só com filme pornográfico.

Stanley Miranda

O mercado pornográfico de antes x hoje

NP: Existe alguma diferença do mercado de sexo daquela época… mercado de sexo visual, vamos dizer assim, daquela época, para o mercado de hoje?

SM: Eu acho que sim. Eu acho que existia um pouco de glamour naquela época, mesmo sendo pornografia, sabe.

NP: Tinha mais glamour?

SM: Eu achava. Assim, a gente fazia umas histórias e, não só histórias… tem gente que fala “Ah, pizzaiolo bateu na porta e comeu a mulher”, não é isso, isso não é história. A gente fazia várias entradas, várias tomadas, não era só o sexo explícito. Eu posso falar alguma coisa sacana aqui?

Sem close, ok, Stanley Miranda!?

NP: Aberta?

SM: É.

NP: Meu amor, nosso programa se chama Pornolândia, você pode falar o que você quiser.

SM: É, então, é porque teve uma época que falavaassim “quem está estreando?”… Eu estou com vergonha de falar, Nicole!

NP: Ele olha pra mim…

SM: “Quem está estreando?” É cu, pau e buceta, porque eles só filmavam isso. Não saia de ninguém, não dava nem close. E, naquela época também, tinha outro detalhe, a gente fazia filme para homem. Eu não podia, por exemplo, tem você e o cara aqui e dar um close na cara do cara.

NP: Não, não, não. Eu não tenho coragem de fazer filme de sexo explícito assim… tô brincando.

SM: Não, não, eu digo… você entende?

NP: Sim, sim.

SM: Eu não podia dar um close na cara do rapaz. Você pode ver, muitos filmes antigos…

NP: Não tinha close…

O homem não aparecia. Por quê? Porque a gente fazia filme para homem. Um cara estava se masturbando, imagina, se masturbando, daqui a pouco eu dou um close na cara do cara, o cara me xingava. Ficava louco “que porcaria de filme é esse, o cara nem sabe comer a menina”, falavam um monte de coisa.

Nicole Puzzi de vestido azul

Pornô para novas gerações

NP: Você acha que você tem algum receio de fazer novos filmes para um público de outra geração, que não da nossa geração? Porque nós dois temos quase a mesma idade.

SM: Nicole, assim, eu acredito que a geração de hoje ela tem… ela quer carinho. A mulher pode namorar com menina, pode namorar com menino e está tudo bem. A gente tem que aprender essa linguagem deles, entendeu? O que eu acho estranho, mas eu ainda prefiro… não é ensinar, quem sou eu para ensinar, mas… Eu prefiro o romantismo, eu prefiro ensinar a beijar na boca, entendeu? Porque eu acho isso… pô, você vai em uma balada, as meninas estão lá, os caras forçam as meninas, passam a mão, vem cá, dança. Pô, que merda é essa, mano? Entendeu? E hoje, as mulheres mudaram.

NP: Mas eu acho que não existe esse viés romântico com sexo explícito, não! Vai nessa, acho legal!

Romantismo e sexo explícito

SM: Oh, obrigado. Eu quero esse tipo de coisa.

NP: Tem um público necessitado disso.

SM: Por exemplo, o homem gosta de duas mulheres se beijando e se abraçando, entendeu? Hoje, tem muita mulher que gosta de ver duas mulheres se beijando.

NP: Então, você pretende direcionar…

SM: Para você ver como eu sou preconceituoso, eu disse duas mulheres, né, eu não disse dois homens. Mas as mulheres também gostam de dois homens se beijando.

NP: Hoje tem para tudo. Mas eu acho que esse nicho de querer buscar, como você está querendo buscar, o romântico com sexo explícito, você vai ter sorte. Porque tem muita gente querendo.

SM: Obrigado!

Despedida

NP: Olha, me dá as suas mãos.

SM: A melhor parte, gente!

NP: Muito sucesso para você e muito obrigada por ter participado do nosso programa.

SM: Muito obrigada você por ter convidado, eu me sinto muito lisonjeado mesmo de estar em sua presença. Muito obrigado, mesmo!

NP: Se eu ficar olhando para ele, ele não para, vai se atropelando, se atropelando…

SM: Vou engasgar mais ainda.

NP: Adorei, viu, brigadão, mesmo. E agora nós vamos assistir a nossa xgirl, olha tá fantástica!

A nossa Xgirl

Xgirl Dri Sexy

E o programa terminou com a maravilhosa Xgirl Dri Sexy, uma morena gostosa que ficou nua em um ensaio sensual bem molhadinho de espumante para te deixar louco em todos os sentidos!