Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Marina Caires, produtora e estilista. No episódio 19 da segunda temporada de Pornolândia elas conversam sobre o Sarau Erótico. Uma conversa divertida e poética que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ah, eu estou me sentindo tão bonitinha com tiara na cabeça, assim meio Frida Khalo, romântica. Falta uma poesia, mas falando em poesia eu lembro em sarau. Sarau lembra pessoas lendo poesia, lembra trechos de livros, gente ligada à literatura, um drink. Mas, eu vi que no nosso programa eu sempre me surpreendo! Eu vejo coisas que eu nunca tinha visto antes. Sarau.
Hoje eu vim conversar com a Marina Caires, uma mulher bonita que promove saraus eróticos. Gente, é muito, muito interessante. E vocês vão ver que neste sarau acontece… Não, eu não vou contar, não. Quer saber? Vocês vão ter que assistir. Vamos agora para Xgirl. E para a surpresa de vocês, a Xgirl é essa linda, a Marina Caires. É, meu amor, pensa que mulher nua não é inteligente? A Marina é inteligente. Vai assistir a Marina e depois a gente volta para conversar com ela.
A nossa Xgirl
E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Marina Caires, uma morena toda poética que ficou nua em um ensaio sensual que trouxe como tema o sarau!!!
O que é Sarau Erótico?
NP: Marina, o que é o sarau erótico? Quais são as pessoas que frequentam? E como você começou a fazer tudo isso, como é que nasceu esta ideia maluca de sarau erótico?
Marina Caires: Então, na verdade, eu faço vários eventos relacionados ao erotismo. Não só o erotismo, a gente trabalha com várias temáticas. Mas, com relação ao sarau, começou com o coletivo Eu Pará, que é um coletivo que eu faço parte também.
NP: O que é esse coletivo?
Marina Caires: É um coletivo em que o pessoal é ativista da rua, eles fazem a Festa da Vaca, o Sarau Erótico também em vários outros lugares. O Sarau Erótico sempre foi em outros lugares, já foi na rua, já foi em vários espaços de São Paulo. É um sarau antigo, já. Mas, quando ele foi para a nossa casa, ele mudou um pouco o formato. Ele acabou virando, além de sarau, virou uma balada também. Então, tem o momento em que o pessoa fica recitando poesia realmente, poesias eróticas, cantam das mais românticas às mais cabeludas que vocês possam imaginar.
Rola Sexo?
NP: E rola sexo?
MC: Não rola sexo explícito, não.
NP: Ninguém transa?
MC: Ah, no banheiro talvez, dark room…
NP: Mas este não é o objetivo.
MC: Este não é o objetivo do sarau. O objetivo, na verdade, é poder falar abertamente sobre esta questão que é o erótico tanto de uma forma séria quanto de uma forma escrachada, engraçada. Desmistificar essa linguagem que é o erótico que todo mundo se assusta quando fala, né.
NP: Mas, por exemplo, aí chega um cara mais desavisado e quer pegar a garota ou vice versa, né.
MC: Não, isso não é permitido. Na verdade, a gente fica bem atento quanto a isso. A intenção não é, caso tenha alguma performance de nu artístico ou se livremente a pessoa está a vontade em estar nu, as pessoas ficam, eu fico também tranquilamente. Mas, não é permitido que a pessoa invada o espaço da outra, a não ser que a pessoa permita. Se a pessoa fala que pode, a gente até brinca. Se fala pode, pode; não pode, não pode.
Sexualidade menos paranoica
NP: Então, eu estou vendo que o sarau de vocês contribui para uma sexualidade mais sadia, menos paranoica.
MC: Sim. Eu acredito que sim. Eu acredito que as pessoas fiquem cada vez mais tranquilas até de falar e de agir quando começa a frequentar o sarau e aí realmente começa a falar destes assuntos. E ver que o erótico não está limitado ao sexo, não é só sexo. Também te arte, também tem várias questões, tem poesia no meio, tem a imagem. Tem muita coisa que se dá para trabalhar com o erótico.
Um Sarau Erótico para chamar de seu
NP: E se uma pessoa que está aqui nos assistindo quiser fazer um sarau erótico na casa dela, na cidade dela, porque eu acho que esse negócio vai se espalhar.
MC: Acho digno!
NP: Quais as dicas que você dá?
MC: Ah, eu acho que você tem que ficar bem atento com relação a essa questão de direcionar o que é um sarau erótico, que não é putaria, não é casa de swing e de suruba. A não ser que seja a intenção. Mas, chamar poetas desinibidos, pessoas que curtam fazer performance também, porque o nosso sarau não é só poesia, é performance também. É bem multimídia, na verdade. A gente coloca projeções de filme de pornochanchada também rolando.
NP: Vai pornochanchada também, oba!!!
MC: Vou colocar você lá.
NP: Coloca o meu “Ariela”.
MC: E aí, na verdade, este é o formato. É um formato bem cômico também, a gente fala no erotismo não de uma forma moralista ou séria e nem vulgar. A ideia é bem cômico mesmo e escrachado.
É estilo anos 70
NP: Sabe o que me parece, desculpe te interromper. Parece a liberação sexual dos anos 70.
MC: É, lembra.
NP: Por exemplo, durante as filmagens, tinham grupos que você só fazia sexo se você quisesse, não era obrigada, você podia andar da maneira que você quisesse. Eu acho que isso é saudável.
MC: Eu também acho!
Uma pessoa espiritualizada x Sarau Erótico
NP: Eu soube que você é uma pessoa espiritualizada. Fui bem informada?
MC: Foi.
NP: E como é que você relaciona…? Porque, muita gente não entra na cabeça pequena que uma pessoa pode trabalhar com o sexo ou realizar-se sexualmente e ser espiritualizada. Parece que ficaram lá na Idade Média, em que para se realizar espiritualmente tinha que crucificar o sexo.
MC: Para começar, ninguém nasce sem o sexo. O sexo é uma coisa diviníssima. Ele traz a vida. O sexo não é só prazer e reprodução, tem aquela troca incrível de energia que é uma coisa maravilhosa, uma coisa super espiritual também quando você está se relacionando com outra pessoa. Claro que tem o sexo também que as pessoas fazem só por fazer, mas se também a pessoa está bem resolvida com ela mesma, por que não? Eu, independente de ser espiritualizada e de trabalhar com o erotismo também, eu acho que uma coisa não interfere na outra. Eu posso ser espiritualizada e falar sobre sexo, por que não? Por que sexo é do diabo?
Na Idade Média
NP: É voltar para a Idade Média. Mas, acho que tudo isso, demonizar o sexo…
MC: Vulgarizaram completamente a nudez e o sexo.
NP: É uma posição machista.
MC: O maior símbolo do tabu perante as religiões é o sexo e a nudez.
NP: Era uma maneira de dominar as pessoas.
MC: E é a coisa mais natural e mais linda que existe no mundo, é o sexo e a nudez. As pessoas nascem nuas, nascem do sexo e vivem para o sexo também.
Tá tudo escrito
NP: E falando a verdade, se você pega o antigo testamento, não estou nem falando do novo, se você pega o antigo testamento e lê Salomão, o livro de Davi… Não mete o pau em mim não, não estou falando mal de nenhuma religião, mas que tem muito sexo em Davi e Salomão tem.
MC: Toda história.
NP: Toda história bíblica tem sexo.
MC: Falar, tampar o olho e fingir que ninguém transa é ignorância absurda, né.
Um poema estilo Sarau Erótico
NP: É a cegonha, né! Ah, é uma pena que eu já vou terminar! Eu adorei você. Agora eu quero o Sarau Erótico do Pornolândia!!! Eu quero que você faça um pouco, no nosso programa, o que você faz no Sarau Erótico, pode ser?
MC: Pode!
NP: E depois, nós vamos direto para a nossa Sweetie Bird e sua assistente. O que será que elas estão aprontando hoje?
Marina terminou o programa recitando uma poesia estilo Sarau Erótico, escrachada e pesadinha em suas palavras.
Soneto 139 – O erótico
Segundo especialistas/ a chupeta depende do ato de chupar/ Se o pau recebe tudo acomodado/ ou fode a boca como uma buceta/ Pratica irrumação/ O pau que meta e foda a boca até ter esporrado/ Prática Felação se for mamado ou a boca praticar uma punheta.? Em ambos os casos, a mesma conclusão? o esperma ejaculado caminho certo tem/ deglutição./ Segunda conclusão: de nada adianta negar que a boca sofra humilhação/ Pois só de pensar nisso, o pau levanta.
Cozinha ao Ponto
E este episódio termina com a receita de Torta de limão preparada pelas deliciosas tatuadas Sweetie Bird e Grazzie.