aSbrina Anzuategui no Pornolândia
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e a escritora Sabina Anzuategui para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Sabina Anzuategui, escritora e roteirista. No episódio 8 da segunda temporada de Pornolândia elas conversam sobre a sexualidade dos jovens, as experiências de descoberta e sobre livros. Uma conversa gostosa que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e a escritora Sabina Anzuategui para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e a escritora Sabina Anzuategui para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

Nicole Puzzi: Ah, meus 16/17 anos! Meu Deus, que coisa maravilhosa! Eu também tive 16/17 anos, viu! Foi nos anos 70, foi. Não parece, eu sei. Mas, essa fase é difícil, complicada, mas é uma fase muito gostosa. Eu fico pensando se mudou muito ter sido adolescente nos anos 70 para ser adolescente hoje no século XXI. Quais são as dificuldades? Quem vai falar para a gente é a Sabina Anzuategui. Consegui falar o nome dela!!!! A Sabrina é uma escritora, roteirista que entende como ninguém o drama das jovens mulheres nestes anos loucos que nós estamos vivendo. Nós vamos falar com ela, mas só depois da Xgirl, que eu sei que você está esperando.

A nossa Xgirl

Xgirl Barbie B.

E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Barbie B., uma mulher linda de cabelo colorido e raspado que revela a beleza da personalidade forte!

Sabina Anzuategui e a escrita para jovens

NP: Oi, Sabina, é um prazer te receber aqui. Eu quero que você me fale sobre escrever para os adolescentes, para jovens de uma geração bem diferente da sua.

Sabina Anzuategui: O livro “Calcinha no varal” saiu em 2005, faz dez anos.

NP: Dez anos do “Calcinha no varal”. Já? Que beleza!

Sabina Anzuategui: Pois é. Na época eu tinha 30 anos. Eu não fiz uma pesquisa sobre a juventude daquela época. O livro é baseado em várias anotações que eu tinha desde a adolescência, 14, 15. Eu escrevi uns pedaços de coisa, não tinha forma de livro. Aí depois, quando eu tinha 30 e tinha a cabeça mais organizada, eu amarrei tudo, inventei uns personagens e fiz a história do livro.

O drama de ser adulto em um livro

NP: Para você, qual o maior drama de virar adulto hoje em dia no seu livro “Calcinha no varal” e mais recente o conto “Lésbicas procuram apartamento”? Mas, antes de você responder esta pergunta, você é lésbica?

Sabina Anzuategui: Atualmente, sim! Quando o livro foi lançado, eu tinha um casamento hétero na época. Mas, eu nunca fui aquela lésbica que nasceu, com 14/15 anos já tem certeza que é assim. Eu passei muitos anos indefinida, indo um pouco para cá, um pouco para lá.

NP: Então, foi por amor?

Sabina Anzuategui: Isso. Por vários amores eu a para cá e para lá.

Um reflexo de amores e desamores no livro de Sabina Anzuategui

NP: Por amor de uns e desamor de outros. E como você reflete tudo isso nestes teus livros?

SA: Eu acho que os anos 90 tiveram uma diferença. Quando eu entrei na faculdade, por exemplo, eu não via meninas lésbicas no meu colégio nos anos 80. E eu me lembro que foi no terceiro ano de faculdade que eu comecei a ver esses casaizinhos de garotas, destas lésbicas mais modernas que são as que existem na juventude até hoje. Aquilo me chamou atenção, na época, como se fosse uma coisa nova que eu nunca tinha visto antes. Então, a partir dos anos 90, já começou uma nova geração, que é mais nova que a minha, que aproveitou aqui na cidade de São Paulo uma sociedade mais solta, por causa da internet, por causa das mudanças de costumes.

Continuações

NP: Aí em “Calcinha no varal” você fala de uma experiência homossexual. E no conto “Lésbicas procuram apartamento” é óbvio que você fala sobre homossexualidade também. De uma certa maneira, é uma continuação do Calcinha?

SA: É um pouco, sim. No livro “Calcinha no varal” a personagem começa namorando um rapaz. A maior parte da história é uma relação complicada com esse rapaz e, no fim do livro, quando esse namoro não dá certo, é que ela resolve experimentar um outro lado. Aí, eu quis escrever um livro só sobre lésbicas, que todas as personagens fossem mulheres e todas praticamente fossem lésbicas. Depois, a partir deste conto, eu escrevi um novo livro. Este novo livro se chama “Materialismo dialético das lésbicas”.

NP: Nossa!

SA: E é uma continuação. Tem uma personagem que está chegando nos 40 anos e ela começa a sair com uma moça de 25 anos. Então, tem as diferenças de gerações entre essa que é mais velha e essa que é mais nova.

A homossexualidade e a juventude

NP: Curioso, interessante! A homoafetividade, você acha que está sendo encarada com menos preconceito por esse pessoal mais jovem?

SA: Eu acho que pelos mais jovens, pelo menos os que eu vejo, eu sou professora em uma faculdade…

NP: Dá aula de quê?

SA: É um curso de rádio televisão, dou aula de roteiro. Eu acho que os alunos, as jovens desta parte mais moderna desses cursos de publicidade, jornalismo, artes, eu acho que é bem livre. Eu não vejo muita opressão. As meninas, de uns anos para trás, as meninas e os meninos, são bem à vontade.

Autobiografias?

Nicole Puzzi lendo o livro "Calcinha no Varal" de Sabrina Anzuategui
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e a escritora Sabina Anzuategui para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

NP: E você recorre à situações autobiográficas para escrever seus livros?

SA: Tem várias cenas que sim.

NP: Ah, é? Fala uma cena.

SA: Não tem nada erótico!

NP: Ah, não, tem que ser erótico!

SA: O que eu ia falar, por exemplo, é que a capa do livro tem uma calcinha e tem uma parte do livro que a personagem fala que ela aprendeu uma técnica para dobrar a calcinha, e a calcinha fica parecendo um envelopinho para ficar na gaveta. Isso eu aprendi com uma amiga minha coreana. Eu dividi apartamento durante três anos com uma amiga coreana e isso eu tirei literalmente. Vários detalhes são autobiográficos, mas o livro, em geral, não é a minha história nesta época. Eu era muito mais CDF, nunca faltava à aula…

NP: Você tem cara de nerd mesmo, geek.

SA: A personagem não! Ela abandona o curso, ela reprova nas matérias, começa a namorar e esquece da vida. Eu nunca fui assim.

Quebrar as regras

NP: Eu considero a minha geração de 70 como uma geração liberada, mas no nosso meio artístico, no meio que eu frequentava que era um meio de roqueiros e artistas em geral e, principalmente, na Pornochanchada. Agora, vocês acha que quem nasceu em 90, você disse que as pessoas aceitam um pouco mais, mas têm menos problemas de relacionamento do que no passado?

SA: Bem, eu acho a internet uma maravilha. A internet permite que, se você acha muito diferente, se tem coisas que você acha que só você gosta, você vai achar alguém.

NP: Sempre acha. Impressionante!

SA: Na minha época, eu tinha impressão que em uma turma de cursinho com 200 alunos, só eu gostava das coisas que eu gostava. Então, hoje é muito mais fácil você entrar em contato com pessoas parecidas, partilhar isso.

NP: Eu sinto falta só de quebrar as regras, porque hoje não tem tantas regras para serem quebradas.

SA: Embora, as pessoas são bem tradicionais. Às vezes, jovens muito modernos de gosto e comportamento, eles gostam muito de namorar, de fazer aqueles casaizinhos.

NP: É uma quebra de regras, né.

SA: É.

Encontre Sabina Anzuategui

Nicole Puzzi e Sabrina
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e a escritora Sabina Anzuategui para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

NP: E como é que eu faço para encontrar os seus livros?

SA: Os livros, é mais fácil pela internet. Livro, quando já passou alguns anos, ir na livraria não vai achar. Mas, nos sites das livrarias dá para encomendar pela internet. E eu tenho um blog, que chama Limas da Pérsia.

NP: Ah, eu amo Limas da Pérsia, gente! tem uma certa, vamos dizer, uma certa sensualidade, né. Ela fica vermelha.

SA: Você sabe que este título eu pensei em escrever uma história com este título, nunca escrevi esta história, mas ficou no blog. E porque também elas não engordam.

NP: Eu achei que fosse porque era gostoso de chupar.

SA: Bem observado.

NP: Isso passou pela minha cabeça.

SA: E no Facebook eu tenho uma página de exercícios de criação literária. São exercícios que qualquer pessoa que gosta de escrever pode fazer. Então, eu atualizo a cada 15 dias, um mês.

NP: Eu vou te procurar. Olha, obrigada, viu! Adorei receber você!

SA: Obrigada, foi um prazer!

NP: Você tem uma energia muito suave e muito boa. Muito obrigada!

SA: Obrigada!

NP: E agora a gente vai para a Sweetie Bird na cozinha, que as duas com certeza estão aprontando. Vamos juntos?

Cozinha ao Ponto

E este episódio termina com a receita de Rolinho de creme de avelã, preparado pelas deliciosas tatuadas Sweetie Bird e Grazzie!