Poliamor no Pornolândia

Poliamor foi o assunto  retratado no episódio 14 da temporada 5 de Pornolândia. Nicole Puzzi conversou com Daia Coelho e Luiz Coelho sobre as possibilidades do poliamor, ciúmes e a liberdade nas novas formas de se relacionar. A escritora Nalini Narayan também deu um depoimento sobre a sua experiência com o poliamor. Uma conversa reveladora e divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Luiz e Daia Coelho, casal adepto ao poliamor, ao lado de Nicole Puzzi

Nicole Puzzi: Coisas boas a gente quer multiplicar e coisas ruins subtrair das nossas vidas. Mas para o amor, geralmente, não pensamos assim. Mas eles pensam. A Luiz Coelho vão contar tudo sobre poliamor e relacionamentos livres. E falando em liberdade, quem encerra a nossa noite é a nossa sempre polêmica xgirl.

Como funciona o poliamor?

Me conta, como funciona o poliamor na prática? Porque deve rolar um lance de ciúmes, aí você deve falar “ola, bem, eu vou ficar fora de casa porque eu conheci uma pessoa”, ou senão “olha, querido, esse aqui é o José”, sei lá “eu trouxe para casa”. Como é que funciona isso?

Luiz Coelho: É, o ciúmes todo mundo tem, né.

Daia Coelho: Verdade.

Luiz Coelho: Só que tem que tentar…

Daia Coelho: Dosar, ne.

LC: Ir aprendendo.

DC: Melhorar a cada dia. Para a gente acontece naturalmente, a gente não planeja nada. Aparece alguém legal, aí a gente traz para casa ou não. E depende da pessoa, né, como a pessoa é, do que a gente espera também, né. Não é todo mundo que leva uma namorada para dentro de casa, é a mesma coisa que um relacionamento fechado.

NP: Porque, olha, gente, eu não admitiria, vou ser bem sincera. Podia ser a Gisele Bundchen e eu, sei lá…

LC: É só dividir com ela que ela aceita.

DC: É verdade. Não, é brincadeira. Já teve relacionamento que era só dele.

Aceita de boa?

NP: Aé? E você aceita na boa?

DC: Tranquilo.

NP: Mas você aceita na boa também? Um relacionamento dela com um cara?

DC: Sim. É normal para a gente, porque a gente vê o amor de uma maneira diferente. Ele tem tanto amor que ele pode dar para mim e para outras pessoas também.

Nalini Narayan: Eu já vivi um relacionamento aberto e agora a gente optou, né, pela monogamia pela questão de formar uma família. Não que isso seja necessário, né, eu poderia continuar vivendo um amor livre. Mas foi uma opção da gente assim, acho que né, a gente cansou, entendeu? E ai tá rolando essa vibe mais intimista, mais caseira, né. E agora, o tema do amor livre está na minha literatura.

Sexo a três

NP: Vamos pensar em uma relação a três. Vocês fazem relação  três, a quatro…?

LC: sim, a três…

DC: Ah, independente, o amor que…

NP: Tô falando se pintar algo bacana, não tô falando nada forçado.

DC: Sim, sim, sim.

NP: Porque eu já percebi que vocês não forçar a trazer ninguém para casa e nem sair com outra pessoa. Não é forçado.

DC: Não, não é.

NP: Não é combinado, nada?

DC: Não.

LC: Não. Tem que ser uma pessoa legal, né, tem que fluir…

DC: É verdade.

A sexualidade

NP: Você, numa relação a três, vamos supor… você, uma mulher e ele. Acontece de ter você, ele e outro cara?

DC: Não, não. Ele prefere só garotas.

LC: Eu, no caso, não sou bi. Ela é bi.

NP: Ela é bi, aceita na boa, e você é hétero.

LC: É, infelizmente eu sou hétero, porque se eu fosse bi ou pan, aí…

DC: Ia abranger mais, né…

LC: Ia ser mais fácil, mais pessoas.

Nicole Puzzi com seu vestido de seda. Ela está sentada em uma poltrona segurando uma das pernas

Respeito

NP: Legal. Não, eu acho legal admitir isso. Acho legal assumir isso, acho bom, né. Mas se aparecesse uma menina lá, nossa…. Nossa senhora! Muitos casais têm ciúmes do amor e não tem ciúmes do sexo. Procede isso?

DC: Eu não sei como funciona isso.

LC: Só que eu, é difícil eu me relacionar com alguém sem sentimento, tem que ter assim. E ela também.

NP: Vocês se amam bastante, né?

LC: Sim!

DC: Sim!

NP: Porque se não tivesse amor, não dava para fazer isso.

LC: Não, não dá.

DC: Não tem… amor e respeito é muito importante.

Tem exclusividade?

NP: Agora, vocês têm algum vínculo exclusivo que só acontece entre vocês?

DC: Nós dois só. A gente não tem isso. A gente é super tranquilo quanto a isso.

LC: Se rolar de alguém quiser só ficar com ela, fica. Se quiser ficar comigo e com ela, fica.

DC: Se quiser ficar só com ele, fica.

LC: Tudo normal.

DC: Amor livre.

NP: Tá, uma coisa meio hippie, né?

DC: Sim, mas nós não somos hippies.

LC: Alguma coisa hippie sem os ácidos.

NP: Sim, claro. Eu fui hippie, mas sem ácido e poliamor. Não, não, não.

LC: As duas melhores coisas dos hippies. Brincadeira.

E deu errado…

NP: Vocês conhecem algum caso de poliamor que não deu certo?

DC: Sim. Mas eles conversaram e se acertaram. Eles decidiram que não dava para ser poliamor, eles tentaram no começo, e decidiram que não dava certo e voltaram a ser… monogâmico?

LC: É.

DC: Monogâmico.

Nicole Puzzi com seu vestido de seda com as saias levantadas, exibindo suas pernas. Ela está olhando para baixo.

Nalini Narayan: Eu recomendo amor livre sim, como experiência de vida. Eu acho que todos podem tentar, né, experiências diferentes. Eu acho que tudo é válido mesmo, se for verdadeiro, se não for magoar ninguém… Se for magoar alguém também você tem que pagar o preço, né?

Os filhos

NP: E vocês tem um filho, né, uma filha?

DC: É, temos uma filha. Uma menininha.

NP: E quando ela crescer assim, dentro da vontade dela, né, de repente ela pode ser totalmente monogâmica. E se ela for adepta do poliamor, quando ela tiver a idade dela para assumir qualquer tipo de relacionamento que ela desejar?

DC: Ah, ela pode fazer o que ela quiser.

LC: Pode fazer o que quiser.

DC: É, ela pode fazer o que ela quiser, ser o que ela quiser. Ela pode decidir não ficar com ninguém. Mas eu quero netos.

LC: Então, qualquer coisa, adota, né?

Nalini Narayan: Então, assim, a gente planejou a gravidez. Então, por isso até que a gente tá em um momento mais fechado, mais família mesmo, só nós dois, entendeu? E o nenê. E acho que… eu tô achando legal também, uma amiga minha falou que é bacana o fato de ser um menino, para a gente criar uma sociedade menos machista, né. Porque assim, várias pessoas me perguntaram “ah, mas você não tem medo do seu filho ver na internet? Você saiu em vários lugares como deusa da orgia” e tal. Não.

Eu tenho orgulho que meu filho veja, né, que as mulheres podem experimentar novas coisas diferentes. Inclusive sexo na gravidez, né, que é um tabu. Então assim, por que você tem que ter uma imagem virginal? Por que é que eu tenho que ter sido virgem, né, e tal? Eu acho uma grande bobagem. Então, eu acho que é uma grande oportunidade para a gente tentar fazer do mundo um lugar melhor, né.

A relação no poliamor

NP: Me dê uma dica. Não para mim, é claro, mas para o pessoal que está assistindo. Como um casal pode entrar nessa onda de poliamor? Como é que vai fazer para não sentir ciúme do outro? Porque não tem nada a ver com swing, tem a ver com poliamor, né. Como é que um casal pode assim entrar nessa onda? Que dicas vocês dão?

DC: Primeiro tem que saber conversar. E o mais importante de tudo é o amor.

LC: Conversar sempre, falar o que está acontecendo, falar dos sentimentos. Expressar para o parceiro, se for vontade do parceiro também, né, tentar.

Encontre casais que querem poliamor

NP: E onde as pessoas encontram casais que querem poliamor?

DC: Vish, isso é mais difícil. A gente conheceu uns por amigos, outros por aplicativos e assim vai indo.

LC: Nas redes sociais, né.

NP: Com rede social ficou tudo mais fácil, né?

LC: Tem grupos de poliamor…

NP: Vocês sabem que eu gostei de falar com vocês?

LC: Obrigada.

DC: Obrigada, a gente também gostou.

NP: Porque eu achei que vocês são autênticos, se mostram assim sem pudor, sem falso pudor. Gostei muito, vocês são muito sinceros. Parabéns.

LC: Muito obrigada!

DC: Obrigada!

NP: Podemos ser amigos, simplesmente amigos, apenas amigos.

LC: a gente tem vários amigos, várias amizades coloridas né? Outras, não.

DC: Muitas começaram coloridas e terminaram não coloridas.

NP: Para mim vai no preto e branco.

LC: Amizade monocromática.

NP: Obrigada de verdade. E agora com o mais livre e puro amor, a nossa xgirl.

A nossa Xgirl

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