Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Penélope Nova, apresentadora. No episódio 24 da segunda temporada de Pornolândia elas conversam sobre o programa Ponto Pê da MTV, sobre corpo e sexo. Uma conversa deliciosa que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Impossível falar sobre mulher e não falar sobre o corpo feminino. É sobre isso que a gente vai falar hoje, sobre o corpo feminino, sobre o corpo desejado, admirado, perseguido, vigiado. Mas, tem tanta exigência. E para falar sobre o corpo e a força da mulher, eu trouxe uma pessoa maravilhosa. Uma mulher forte em todos os sentidos, ela é linda, é inteligente, ela é bem sucedida. Eu estou falando da Penélope Nova. É, a Penélope mesmo, daqui a pouco depois da nossa Xgirl.
A nossa Xgirl
E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Carine Ivankio, uma loira deliciosa que ficou nua em um ensaio sensual com estilo street para você apreciar.
Penélope Nova no Pornolândia
NP: Penélope, que bom ter você aqui!
Penélope Nova: Muito obrigada pelo convite.
NP: Amei você ter aceito! Amei.
Penélope Nova: Eu amei a sua apresentação sobre a minha pessoa. É muito engraçado quando você não se reconhece na apresentação. Tipo, linda, bem sucedida.
NP: Nossa, eu adoro. Você tem um puta corpo, você é linda, você é bem sucedida.
Penélope Nova: Muito Obrigada! O corpo mudou né, eu consegui pelo menos melhorar. Não sei se ele é grande coisa, mas ele é bem melhor do que quando eu tinha metade da minha idade, então já está bom.
Como surgiu Penélope Nova
NP: Como é que surgiu Penélope Nova? Como é que você foi parar na televisão?
PN: Eu trabalhava em produtora, fazia divulgação de rádio e de tv alternativa. Na época, na verdade, eu sé atendia a MTV nesta gravador que eu estava. Então, eu conheci o pessoal do departamento artístico, que lá que era o pessoal que, digamos, era quem recebia o mercado fonográfico. E aí um dia abri uma vaga neste departamento, a diretora do departamento gostava de mim, a Ana Butler, querida, e todo o departamento. Aí ela falou “você não quer vir trabalhar aqui?”. Aí eu fui trabalhar lá, mas só que internamente. Como eu fui parar no vídeo foi bem por acaso, assim. Nunca foi intencional, mas acabou rolando e eu acabei me descobrindo, me descobrindo comunicadora meio sem querer.
O programa sobre sexo na MTV
NP: Eu adorava o seu programa. Assim de repente você falava sobre sexo. E como é que foi assim “Penélope, você vai apresentar um programa sobre sexo”?
PN: Na verdade, a MTV tinha um histórico muito legal. A MTV criou o Erótica. Na época, logo depois da AIDS e tal, quando a MTV surge, depois de uns anos eles identificaram a necessidade de falar de sexo, porque era de tremenda importância e ninguém falava. Então, a Erótica surge dentro deste contexto. Porém, chegou um momento em que começou a ficar muito evidente a problemática do sexo. Depois de um tempo falando sobre o sexo e todo mundo já sabendo como era a AIDS, como evitar e tal, ficou aquele clima meio de consultório. Foi nesta hora que a MTV percebeu que era a hora de tirar, porque sexo não é para ser sinônimo de problema.
Ali naquele momento eu me tornei VJ neste intervalo. Eles deixaram um ano sem programa, eu fui convidada do Erótica uma vez. E o Erótica foi muito engraçado no dia que eu fui. A diretora do programa gostou, eles deram só este hiato de um ano sem programa sobre sexo, mas ainda mantiveram a intenção de falar sobre o assunto de outra maneira. Aí, no outro ano, me chamaram para fazer parte de um programa que contava com outros dois VJs, o Jairo, que era remanescente do Erótica, a Didi e eu. Nós ficávamos, cada um em uma cabine atendendo telefonemas. Já era muito o formato do Ponto Pê.
Uma mulher que falava sobre sexo
NP: E como as pessoas do dia a dia encaravam uma mulher que falava de sexo naturalmente?
PN: Eu não se como elas encaravam, eu tenho alguns palpites. Acho que a maioria encara da maneira mais babaca que todo mundo encara dentro de uma sociedade machista, sem pagar de feminista. A associação mais simples é “ai, ela fala de sexo, ela gosta de dar, ela é vagabunda”, pronto. Imbecil assim.
NP: Infelizmente isso vem muito de mulher também, né?
PN: Sim. Eu acho que as pessoas mais machistas do nosso país, sem sombra de dúvidas, são as mulheres.
NP: Infelizmente, a Brasileira ainda não acordou para a real. E muitas pessoas são liberais para elas. Elas fazem e acontecem, fazem tudo que elas querem, mas para outra mulher é Boko Haram. É assim, estilo Estado Islâmico.
Olhar para o outro
PN: É muito mais fácil olhar para o outro do que para o próprio umbigo. O problema é sempre o outro.
NP: sabe de uma coisa, eu já fui agredida em 70 por mulher, porque eu fazia pornochanchada. Nunca fui agredida por homem. Por homem eu fui cantada de todas as maneiras horríveis, mas por mulher eu fui agredida fisicamente.
Autoconhecimento
PN: É muito louco, porque na minha opinião, é um ciclo vicioso. Você já não educa a mulher, por exemplo, se masturbar. Então, o autoconhecimento feminino não é só não estimulado, como é censurado, tratado como proibido, é um “tira a mão daí”. Então, se a mulher não se conhece, não tem prazer, como é que vai crescer depois disso? Você não encontra o seu prazer, porque você transfere a responsabilidade do seu prazer para o seu parceiro. “Ah, meu namorado não me faz gozar”, mas filhinha, a xexena é sua, não é ele que vai te fazer gozar. Faça você mesma, cabe a você saber o que você precisa para poder gozar. Você não precisa de um homem para gozar e se precisar, que dó!
NP: Dó que o homem que você tem não te faz gozar. Dó!
PN: Mas, eu não acho que é o homem que não faz gozar, é a mulher que não consegue gozar porque não se conhece. E aí, fica fácil, porque se você não se conhece sexualmente, quando você olha uma outra mulher que é mais bem resolvida e aparentemente ela tem a chave para este acesso, o recalque vem e ela é vagabunda. É mais fácil.
Penélope Nova e o corpo
NP: é mais fácil você falar daquilo que está dentro de você. Agora, vamos falar sobre o corpo feminino. Você tem o corpo esculpido e acho que, hoje em dia, a vontade de ficar bonita é legítima. Todo mundo quer ficar bonita e quer ter saúde. Mas, tem umas pessoas que caem na vaidade de ser bonita e extrapola.
PN: É, eu não vou chegar e afirmar se extrapolam ou não. Mas, eu acho que existe uma linha muito tênue entre a autoestima e a vaidade vazia, a coisa de provar para o outro. Acho que a autoestima, o você se sentir bem esteticamente, aí não está atrelado necessariamente à padrão. A gente sabe que na maioria dos casos vai estar e que isso é compreensível. Se você vai se sentir melhor com você mesmo ficando de determinada forma, seja ela qual for, mas se você faz, isso é só a minha opinião, faz para se sentir melhor consigo, acho super legítimo e super válido. Agora, a diferença está entre… a partir do momento que você começa a fazer e a buscar um resultado estético e começa a achar melhor que os outros por causa disso, eu acho um pouco deprê.
O processo de mudança
NP: E você começou a mudar o seu corpo, como foi todo este processo?
PN: Eu fui criada por vó, então eu fui uma criança gordinha.
NP: Nossa, minha filha também foi criada por vó. Foi uma menina gordinha.
PN: Tinha uma época que o alimento industrializado era muito prático, então ninguém tinha muita noção do mal que isso poderia fazer, que poderia engordar. Cresci comendo, juro, pão francês, queijo, chocolate, e era praticamente isso. Eu comi frango, carne não comia peixe, não comia absolutamente nenhuma fruta. Eu só tomava suco de laranja e limão, só. Quando eu olho o restrospecto assim, é muito bizarro. Então, logicamente, eu me tornei uma adolescente gordinha.
Eu tive também, de novo, a sorte, e aí é inexplicável, de ter ido parar em uma academia com 12 anos de idade por vontade própria. Não tive nenhum estímulo quanto a isso na minha casa e eu me encontrei ali. A atividade física na academia me despertou um interesse muito grande desde muito cedo. E com o advento da internet, depois de uns anos, quando a internet começou a ter conteúdo mesmo, eu descobri este conceito de alimentação que ia me proporcionar o resultado que eu queria. Aumentar a proteína, controlar a glicemia. E aí eu comecei a ter resultado. Isso foi em 2004. De lá para cá, esteticamente com relação ao corpo, eu posso dizer que na minha opinião realmente eu melhorei.
Penélope Nova na Internet
NP: E aí você tem um canal no Youtube e um blog.
PN: Isso, o blog é o acreditabonita.com.br que surgiu por conta da mulherada que me seguia na MTV. Como a mudança do meu corpo aconteceu ao longo do período em que eu era VJ na MTV, as pessoas começaram a me perguntar sobre isso na rua, na academia, no shopping e por aí vai. O meu canal no Youtube é nada além de matar a saudade do Ponto Pê. Ele chama Pê e Ponto e é isso, é uma versão para a internet do Ponto Pê. Então, além de telefonema, que não é só telefonema é ligação por via Skype. Se a pessoa quiser aparecer ela aparece, senão ela vira de cotas, coloca uma cueca na cabeça. Dá para responder pergunta por email, por Twitter, Facebook e também tem convidado no programa para falar de sexo da mesma forma que eu falo nas minhas ligações.
NP: Amor, eu adorei você aqui!
PN: Eu também, de verdade! Obrigada mais uma vez.
NP: Adorei mesmo!
PN: Valeu!
NP: Agora, depois desta conversa quente, só a Sweetie Bird para manter o clima.
Cozinha ao Ponto
E este episódio termina com a receita de Alexander Young, preparado pelas deliciosas tatuadas Sweetie Bird e Grazzie!
