Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Noelle Pine, atriz e fotógrafa. No episódio 1 da primeira temporada de Pornolândia elas conversam sobre o cinema, filmes da pornochanchada e sobre arte. Uma conversa nostálgica que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ah, eu estou me sentindo a musa do Walter Hugo Khouri naquele filme “O Prisioneiro do Sexo”. Ui, como era gostosa a pornochanchada. E para celebrar a pornochanchada, eu trouxe uma amiga que também era atriz de pornochanchada. Ela tem muito o que falar! É a Noelle Pine. Ela é igual a mim: fala o que bem entende, o que vem à cabeça. Vocês vão gostar! Mas, antes, nós vamos com a garota Xplastic para um ensaio quente!!!
A Nossa Xgirl
E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Sweetie Bird, uma loira de corpo tatuado suculenta que traz a beleza de seu corpo curvilíneo!
Os homens enlouqueciam com Noelle Pine
NP: Agora, nós vamos à gostosa Noelle Pine. Os homens enlouqueciam com você! Não adianta mentir, eles enlouqueciam e você sabe disso!
Noelle Pine: Mas, isso é muito bom, né, Nicole. É o que eu sempre digo, o ator quer convencer as pessoas daquilo que ele está pretendendo. Por exemplo, eu acho que se eu tivesse feito papel de uma velhinha bem “coroquinha”, eu gostaria que as pessoas me vissem como tal. Mas como a gente fazia mulher gostosa, que as pessoas pagavam para ver aquela mulher gostosa, então eu me sinto orgulhosa, porque isso quer dizer que eu estava cumprindo o intuito do meu trabalho.
A pornochanchada deu orgulho
NP: Sabe, Noelle, o que eu gosto de você? É que você é tranquila. Você passou a nossa época de pornochanchada e você continua com o mesmo brilho como pessoa, como ser humano, nenhuma amargura, nada!
Noelle Pine: Mas é porque, Nicole, não me fez nenhuma mal. Ao contrário, eu acho que quando alguém me chama para falar daquela época, eu sinto um verdadeiro orgulho.
NP: Eu também!
Noelle Pine: Porque, primeiro: foi um trabalho digno, bem feito com as condições que a gente tinha naquele momento de estar todo mundo querendo ser produtor de cinema, porque aquilo era um boom. Tinha gente que arriscava até seus próprios bens para fazer cinema. Então, eu acho que além de esclarecedor , eu me sinto orgulhosa.
O sexo hoje e o sexo aos 20 anos
NP: Agora, eu queria saber de você a diferença do sexo hoje e de quando você tinha 20 anos na época da pornochanchada.
Noelle: Ele não muda a essência no sentido de que você tem 20 ou 30. Se você é uma pessoa fogosa, uma pessoa que gosta de sexo, você vai ser desde a adolescência, entendeu? E se você é uma pessoa mais recatada, com mais tabus, eu acho que isso também vai ser o resto da vida. Não vão ser as ocasiões que vão mudar a sua forma de ser internamente com relação ao sexo. Agora, socialmente falando, é claro que isso vai se liberando. As fases que a gente vai vivendo na vida, a gente vai se liberando conforme te dão esta abertura. Abertura para falar dele [sexo], para fazer um filme que tenha cenas mais picantes. Aliás, eu acho que quando fala em cenas picantes, a nossa pornochanchada seria hoje, praticamente…
NP: Uma novela.
Noelle: Na novela tem mais picante.
Para abrir a mente
NP: E agora você acha que a gente contribuiu… eu acho que a gente contribuiu, quero saber sua opinião. A gente contribuiu para liberar a mente dos brasileiros? Porque, era um tabu danado, né.
Noelle: Eu acho que totalmente, porque enquanto que aquele público ia disfarçado de executivo, de… Eu digo disfarçado, porque entrava gente de toda classe social para ver nossos filmes. Só que estas pessoas que entravam disfarçadas “aí, eu não estou aqui, ninguém me viu”, eu acho que estas pessoas hoje em dia entrariam em qualquer lugar, em qualquer filme e diriam “é a minha vida”. Porque, esta liberdade nós adquirimos.
Noelle Pine a as propostas
NP: Nós, eu e você, recebemos várias propostas de programa na nossa época. A gente sabe disso, todas nós recebemos. Você alguma vez se prostituiu?
Noelle: Nunca. E outra coisa que tem que ficar muito claro, Nicole, para que as pessoas saibam, porque as pessoas que gostam de cinema acho que já têm isso muito claro… Mas, por exemplo, nós, algumas destas atrizes estavam casadas com alguns produtores, alguns diretores.
NP: Eu era solteira e namoradeira. Tinha tanta proposta! E vou falar uma coisa, que pena que eu não aceitei, porque eu ia estar rica agora! Ah, deixa para lá, eu dei para quem eu quis e de graça.
Noelle: Isso é o mais prazeroso.
A arte na vida de Noelle Pine
NP: Eu acho muito prazeroso! E como a arte está hoje na sua vida?
Noelle: Hoje e sempre, porque ela nunca saiu. Eu não posso viver fora da arte, Nicole. Por exemplo, eu como atriz, a profissão de atriz, eu digo que os atores são eternos desempregados, eu digo entre um trabalho e outro, né. Como a arte está presente, eu nasci com este vírus e não tem cura, então eu sempre tenho que me dedicar a algo relacionado à arte. Por isso que eu me formei em fotografia e me dedico a isso nos ensaios sensuais, porque também tem que ser algo que relembre a nossa pornochanchada.
E dirigir mulheres comuns para fazer este tipo de trabalho está sendo muito prazeroso, porque eu acho que eu uso esse meu lado de atriz de pornochanchada. Por exemplo, estas que chegam bem tímidas, elas querem fazer para o marido, mas elas chegam bem tímidas “ai, será que eu não estou gordinha?”. Eu falo assim “você olha para a câmera como se você estivesse seduzindo o seu marido”. Mas, eu acho que isso veio para mim daquela época.
NP: Daquela época, a arte e a sedução.
Noelle: A arte e a sedução, porque era o que a gente fazia. Então, está sendo rentável para mim até hoje em questão de trabalho. Agora, na pergunta concretamente se referindo à arte, eu não poderia fazer outra coisa.
Os filmes favoritos de Noelle Pine
NP: Ah, não, com certeza! E destes filmes todos você trabalhou com o Fauzi Mansur… Destes filmes, teve algum que você gostou mais?
Noelle: Olha, eu gostei muito de trabalhar com o meu grande amigo Clery Cunha que eu fiz “O Rei da Boca”.
NP: Ah, que fofo!
Noelle: Que filme bom! E também tive a oportunidade de estar com a Zilda Mayo nesta filmagem. Ela é muito amiga minha, uma pessoa maravilhosa!
NP: Ah, eu quero ela aqui.
Noelle: Não, pode deixar que ela vem! E outro que me trouxe assim uma… Porque, tem aqueles que você acha que a bagagem foi maior, porque te deu mais oportunidade como atriz. Por exemplo, “Anúncio de Jornal” foi para mim um desses, “Mulher de Proveta” também foi. Mas, a importância desde o pontinha que eu fiz em “Noite em Chamas” que foi onde eu conheci a Odine com o Jean Garret. Aquele para mim teve uma importância tremenda, porque era o meu primeiro contato com o cinema, eu vinha do teatro. Então, para mim foi maravilhoso, é importante tanto quanto o protagonista.
Despedida
NP: Agora, eu queria agradecer a sua presença, porque eu quero que você volte outras vezes. Foi muito bom falar com você!
Noelle: Para mim foi maravilhoso!
NP: Eu sei que você lançou um livro, como é o nome?
Noelle: “Luz, cama ação!”. Não podia ser outra coisa, gente! E o subtítulo é Hollyboca, porque nós também temos o direito de ter nosso Hollywood. Hollywood e Boca de Cinema, subtítulo Hollyboca.
NP: Muito bom, obrigada!
Noelle: Eu que agradeço, Nicole. Foi um prazer muito grande, porque resgatar estas lembranças está sendo algo assim, um presente.
NP: Não tem preço, é uma delícia!
Agora, nós vamos aproveitar para aprender uma receita com a nossa cozinheira suculenta. Você vão amar!
Cozinha ao Ponto
E este episódio termina com a receita de Picolé de creme de avelã, preparado pela deliciosa tatuada Sweetie Bird!