Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Mahmoud Baydoun, que é sexólogo e influencer no Instagram. No episódio 12 da sexta temporada de Pornolândia eles conversam sobre a sexualidade, o sexo para as novas gerações e os efeitos da onda conservadora na expressão sexual. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ele foi um estudante dedicado de Psicologia e hoje é dono de um dos canais mais bombados sobre sexualidade feminina no Instagram. Hoje nós vamos falar com Mahmoud, que já participou do reality show Big Brother Brasil 18. Ele vai passar a noite com a gente! E depois deste papo super sexual, ficamos com a nossa erotizada Xgirl.
Mahmoud!!!
Mahmoud Baydoun: Olá, tudo bem???
Mahmoud antes e depois do BBB
NP: Tudo ótimo! Bom, eu gostaria que você falasse sobre o Mahmoud antes e depois do BBB 18 e, depois, por que você escolheu trabalhar e estudar a sexualidade?
Mahmoud Baydoun: Eu entrei no BBB18 no ano passado. Antes do BBB eu era uma pessoa muito estudiosa, eu era um psicólogo recém formado eu estava fazendo meu mestrado, já tinha terminado a minha especialização em sexologia na USP, tinha me esforçado muito. Porque, eu moro lá em Por Velho, lá longe em Rondônia, mas o nosso DDD é 69, viu. Meu maior orgulho!!! Então, eu vinha comumente para São Paulo para fazer o módulo. Foi um investimento muito caro fazer a pós em sexologia e eu não estava tendo retorno. Assim, eu tinha um currículo ótimo de dez páginas e eu não tinha visibilidade. E quando eu fui para o BBB, meu pensamento era justamente ganhar essa visibilidade para conseguir trabalhar como sexólogo, disseminar a educação sexual e alcançar mais pessoas.
NP: E conseguiu né?
Visibilidade
Mahmoud Baydoun: Consegui, ajudou bastante! Eu entrei sabendo que eu não ia ganhar mesmo, mas o que eu queria eu consegui. Por que a sexualidade? Eu acho que é uma coisa de família. Meu pai era dono de um puteiro, uma casa de striptease lá em Porto Velho, meu avô também era dono de casa de strip.
Então, eu cresci em um ambiente muito sexo-afirmativo, apesar que toda a minha família no Líbano é toda muçulmana. Mas, meu pai tinha essa boate e quando eu voltei para o Brasil, por volta dos meus 18 anos, eu comecei a fazer faculdade em Porto Velho e frequentava a boate. Então, eu tinha contato com as garotas, via como as coisas aconteciam lá dentro e isso foi gerando curiosidade. Tanto que, desde o início da faculdade, eu fazia pesquisas sobre bundas, sexo anal, amor. Sempre tive muita curiosidade em sexualidade e relacionamentos amorosos, tudo que engloba sexualidade. Então, desde que eu terminei a faculdade, me inscrevi para a pós e comecei a focar só nesta área.
A hiperexposição e a sexualidade
NP: E você trabalhando, você foi superexposto, porque o BBB seja de qualquer ano expõe muito as pessoas. A hiperexposição das pessoas com relação a sexualidade, você acha que isso atrapalha, que desmistifica ou que mistifica?
MB: Com relação à minha sexualidade pessoal, acho que isso não atrapalha.
NP: Dá para perceber que você é bem definido!
MB: Eu sempre fui gay, entrei sabendo que eu sou e falando que eu sou, nunca tive problema com isso. Sou assumido desde os 17/18 lá no Líbano, tudo bem tranquilo. Como eu falei, minha família é muito sexo afirmativa, apesar de ser muçulmana, eu tenho esse privilégio de ter uma família muito aberta. Meu pai, meus tios chifaram tanto as esposas deles, fizeram tanto casamento triplo e quádruplo que nem tiveram coragem de falar. Então, cada um vivi a própria vida, ninguém se mete na vida do outro e eu sempre aprendi isso e cresci num ambiente desses.
Mas, em relação à minha profissão, ao meu trabalho, antes de entrar no BBB eu investia na minha carreira acadêmica. Então, eu publicava artigo, fazia palestra em universidades e mudou o foco depois. No entanto, quando eu tento me reinserir neste mercado, as portas se fecham. Mas, as portas se abrem para eu falar sobre sexualidade, mercado erótico, feira de sexshop, palestra particular com ar de humor, nas redes sociais. Então, abriram muitas portas e fechou uma única, que é essa.
O sexo para as novas gerações segundo Mahmoud
NP: Olhando você como psicólogo, sexólogo e falando dessa geração chamada Y e Z, dizem que estão transando menos. Por que isso acontece? Estão transando menos?
MB: Eu não sei se estão transando menos. Mas, eu acredito que estão transando mais, mas com menos qualidade. Apesar de toda a liberdade que temos hoje em dia, as pessoas muitas vezes usam aplicativos de pegação, eles não dão esse tempo de conhecer a pessoa a fundo, porque quanto mais você conhece o seu parceiro, melhor é a relação sexual. Então, fica uma coisa mais superficial. Prima-se muito pela quantidade em detrimento da qualidade.
Os efeitos da onda conservadora para a sexualidade
NP: Você percebeu se mudou alguma coisa no brasileiro? Essa onda conservadora está atuante ou estão se abrindo mais?
MB: O que eu mais percebo de mudança é um sentimento de medo, de angústia entre mulheres e pessoas não heterossexuais. Eles têm muito medo dessa onda conservadora, muita angústia, porque essa onda conservadora traz um discurso muito de não aceitação, de intolerância, de discriminação, de uma imposição, uma matriz heterossexual, uma imposição de um modelo de família que a gente sabe que não é padrão, porque existem diferentes tipos de pessoas, diferentes tipos de relacionamentos. Cada um é cada um e parece que essa onda quer colocar a gente dentro de uma forma para todos serem iguais. E não é bem assim, nenhum ser humano é igual ao outro. Nenhum ser humano vivencia a sexualidade igual ao outro, cada um tem uma sexualidade que lhe é única e sua.
NP: Eu queria saber na sua opinião por que as pessoas aqui no Brasil têm essa hipocrisia de para ela o sexo é liberado, mas para o outro ele age como se fosse xiita, vamos dizer assim?
MB: Então, isso é um produto de uma história de sexualidade perpassada por endurecimentos dogmáticos, por proibicionismos. Ao longo da história, principalmente a sexualidade feminina era vista como um mau necessário para a procriação. Então, a gente carrega vestígios disso, ao mesmo tempo vem a repressão do sim. Porque, além da repressão do não que a gente carrega das gerações passadas, tem a repressão do sim. Tipo, seja bonita, use esse sutiã, goze.
O púbico de Mahmoud e uma questão de gênero
NP: Você está no Instagram, mas a maioria das pessoas que te seguem é feminina.
MB: Sim, a maioria são mulheres, 90 por cento.
NP: Por que?
MB: Porque é mais difícil para os homens assumirem que eles têm um problema sexual. Porque, se ele assume que ele precisa de uma pessoa para resolver o problema sexual dele, isso vai esbarrar naquilo que eu acabei de falar de que ele é menos homem. Porque na cultura machista ele precisa dar conta de tudo, ele é foda na cama, ele tem a piroca gigante, goza horrores, come todas, não fala não para ninguém. Então, essa primeira razão é que os homens têm essa dificuldade de assumir que têm problema sexual, tanto que as pesquisas mostram que eles têm dificuldade de procurar serviços de saúde, de procurar ajuda melhorar a saúde seja ela sexual, física, emocional. E também pela linguagem utilizada, que acaba chamando mais atenção das mulheres. Elas engajam mais, elas comentam mais. Isso é importante, porque quanto mais elas falam de sexo melhor.
Mahmoud no Instagram
NP: E como é que funciona o seu trabalho? É só no Instagram que as pessoas te encontram?
MB: Isso, no Instagram. Eu tenho canal no Youtube, Facebook e twitter, mas meu foco é no Instagram.
NP: Como as pessoas te acham no Instagram?
MB: Meu insta é @mahmoudbaydoun_.
NP: É só escreverem Mahmoud que já te encontram né?
MB: Provavelmente.
Dicas de sexo
NP: E como é que funciona?
MB: Então, eu tenho um trabalho que eu posto toda semana vídeos curtos que eu falo de algum tema de sexo. Como dicas, tipo “como fazer sexo oral”, mas eu uso uma linguagem mais direta. “Como chupar uma rola”, “como chupar uma pepeca”, “como dar o cu sem ficar frouxo”, “como dar de quatro”…
NP: “como dar o cu sem ficar frouxo” – rindo
MB: tem um exercício de contração anurretal. Toda vez que você liberar a roda, depois você vai apertar o músculo do cu durante 10 segundos, o máximo que conseguir. Ai, aperta e depois de 10 segundos relaxa, faz isso duas vezes.
NP: Isso resolve também para os homens?
MB: Resolve para os homens.
NP: Para os homens que gostam desta posição.
MB: Isso, para os homens que gostam deste tipo de prática. Esse é um exercício de contração anurretal, mas se eu falar isso é uma linguagem muito técnica. Então, aperta o cuzinho, ta ta ta…
Despedida de Mahmoud
NP: Adorei!!! Gostei muito de falar com você.
MB: Ah, eu também adorei falar contigo! Muito obrigado pela oportunidade!
NP: Ah, magina! Adorei falar com você!
Agora você vai ficar com a belezura da Xgirl.
A nossa Xgirl
E o programa terminou com a maravilhosa xgirl Tai, uma morena linda e gostosa, que ficou nua em um ensaio sensual que revala as sensações de uma experiência voyeur.
