Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Lay, cantora de rap. No episódio 15 da terceira temporada de Pornolândia elas conversam sobre o coletivo “Bucepowers Gang”, sobre a mulher em um mundo machista e o poder das bucetas no empoderamento feminino. Uma conversa engajada que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Lay no Pornolândia

Nicole Puzzi: Ela é uma mulher empoderada e não tem medo de dar o nome certo para a genitália feminina. Estou falando da Lay. Ela é uma cantora que desponta entre os grandes nomes do rap nacional e é também a criadora do coletivo Bucepower Gang, em que mulheres dentro e fora de qualquer padrão. Exibem a própria nudez como forma de afirmar a sua liberdade. E vamos terminar grudadinhos na Lay, porque ela é também a nossa xgirl da noite.

Nicole Puzzi, Lay e o poder das bucetas

O poder das bucetas assusta

Lay, o poder das “buças” assusta muita gente?

Lay: Com certeza. A mulher sempre foi muito oprimida e nos dias de hoje isso continua. Então, na história, vemos todas as mulheres que foram fodas e poderosas assustaram muita gente! Então, óbvio, assusta sim!

NP: E o que é o “Pussy Power Gang”? Para o que serve o “Pussy Power Gang”?

Lay: Então, é muito louco, né, porque existe o pussy power. Pô, legal, pussy, pussy, mas aqui no Brasil é buceta, né. Aí, eu tive um surto. “Bucepower, né, Gang” Qualquer uma é Bucepower, qualquer mulher que se achar foda, se achar libertada, feminista. Eu só “embrasileirei” um termo vai, digamos assim.

O preconceito

NP: Sabe de uma coisa que eu estou gostando? O Homem tem muito poder no pau. “Eu coloco o pau na mesa, meu pau isso, meu pau aquilo”. E se a gente fala assim “a minha buceta” pega mal, todo mundo olha assim para você. Você não pode falar “eu boto a buceta na mesa” que todo mundo… Então, existe um preconceito, você não acha?

Lay: Sim, muito. Eu, realmente, não tenho muito uma visão de quando isso pode acabar, porque o machismo existe desde que o mundo é mundo. E, caralho, a gente está em 2016 e isso ainda existe né. Isso, sei lá, as grandes cantoras fazem clipes de empoderamento aos negros, às mulheres e isso assusta. Então, a buceta é de fato o poder como diz Valesca, né ” My pussy é o poder” e eu estou muito nesse corre.

A mulher no Rap

NP: Você faz parte do mundo do rap, que é totalmente másculo. Como é que é isso?

Lay: É tipo pau na mesa. É muito louco, porque, desde que eu me vi como uma bucepower”, eu realmente não temia isso, né. Eu entrei para a música faz pouco tempo, eu fiquei em gravação por 10 meses com o Léo Grijó para lançar o meu ep. E, tipo, antes eu era público e agora eu sou artista. Eu como público, eu via que mesmo a Lay se expondo muito na internet, eles não sentiam a liberdade de chegar em mim. Por exemplo, eu nunca fui cantada em um rolê de rap. Eu sempre fui aquela mina que eles “pô, é gostosa, pago um pau”, mas não tinham cu para chegar e não tinham o pau na mesa, né, para chegar em mim para trocar uma ideia. Ou seja, assusta de fato. E no rap é muito louco, porque eu sou uma mulher cantando rap feminista, digamos assim, algo que para eles é exótico.

Uma mulher que apresenta uma música sem rótulos, normalmente aqui no Brasil, seriam as cantoras de funk, que é um outro estereótipo. Aí, eu venho fazendo parte do rap com esse mesmo conceito, o que é muito louco, porque, para mim, eles me respeitam. Nunca me desrespeitaram, nenhum homem veio me tirar. Na verdade, eu vejo que eles têm medo e não tem voz, não tem ideia para trocar. Então, eu tenho um trabalho e eles só respeitam. E eu também não ligo muito se eles quiserem proferir sexismo linguístico ou me dar nomes. Eu vou botar nele, foda-se os caras.

O apoio da família de Lay

Nicole Puzzi e Lay

NP: E a sua família? Eles te dão apoio, apoiam suas músicas, a Bucepaower Gang?

Lay: Eu sou filha de vó, né. Eu sempre morei com a minha avó. Minha mãe é a buce mais power que eu já conheci e ela é mãe do mundão. Ela gosta do rolê, gosta de se expor, gosta de expor o corpo. Então, sempre tive contato com essa mulher independente, minha avó sempre me deixou livre para eu ser quem eu era, nunca me criticou. Eu sempre gostei de moda e a minha vó é costureira, então, de certa forma, ou dessa forma que ela tinha para me ajudar, ela sempre estava me incentivando nessa descoberta do ser. E, quando eu comecei na música… Não sei, eu tenho uma música que chama “Mar vermelho” que eu falo vaticano queima. Essa eu não mostrei para a minha avó ainda, eu estou meio assim, porque ela é católica, puts ela vai me matar. Mas, eu lancei o clipe do “Ghetto Woman”, minha avó curtiu para caralho. Minha família me apoia, eles não me oprimem, então eu tenho essa liberdade para ser quem eu sou, assim.

O debate, as recepções e as críticas

NP: E o seu relacionamento com outras feministas, você recebe críticas, como que é?

Lay: Geralmente, sempre tem debates. Eu sou muito foda em encontrar outras mulheres e discutir coisas com elas. Na internet, eu não fomento muito textão. Eu prefiro o boca a boca, na rua, dar entrevistas e expor o que eu penso. Então, crítica diretamente eu não recebo. Tipo, não recebi até o momento, mas com certeza que vai acontecer e eu estou preparada.

NP: Vai ter sempre gente querendo falar mal. Mas, eu acho que as pessoas não vão ter coragem de falar mal de você, não.

Lay: Ah, se os caras não tem coragem de por o pau na mesa, né. Mas, tudo que é vindo de mulher, o meu som é de mulher, então é para elas. As mulheres se identificam, porque eu estou mostrando o meu lifestyle, minhas vivências. Da mesma forma que eu escuto cantoras e acho elas fodas, elas estão cantando coisas que eu também estou vivendo. Então, eu também tenho essa preocupação de sempre ser real na arte. Então, eu recebo mais abraço das mulheres do que crítica, Mas, pô, se uma mulher me criticar eu vou escutar também, se aquilo me servir, eu vou guardar. Senão…

Nudez política

Nicole Puzzi e cantora de rap fazendo sinal lambendo buceta com as mãos

NP: Você acha que as pessoas sabem diferenciar uma nudez de contestação, vamos dizer assim, e uma nudez sem nenhuma conotação política assim? Como você vê tudo isso?

Lay: Hoje em dia, tem muito mais informação para que elas compreendam a nudez. Mas, eu por exemplo já fazia retrato de corpo em época de Orkut. E ainda não tinha esse conceito do nu em prol da libertação da mulher, desse autorretrato. Então, era muito mais criticado por uma não compreensão e tudo bem, né. Aí, eu vi uma necessidade de, mais do que imagem, aquilo vir com uma mensagem, porque se você quer passar algo, aquilo tem que ser muito claro para as pessoas entenderem.

Encontre Lay

NP: Lay, onde que eu posso encontrar você, encontrar as suas músicas?

Lay: Meu EP acabou de sair. EP 129129, que é muito louco, porque é a inversão da minha data de nascimento que é mês 12, dia 29 e ano de 91, que acho que cheguei meio atrasada com a questão das Bucepowers. Então, tem músicas como “Busca”, “Tandera”, “Mar Vermelho”, “Ghetto Woman”, músicas fodas de empoderamentos para todas nós que vocês podem encontrar em todas as plataformas. Spotify, Youtube.

NP: Facebook, Instagram…?

Lay: Face, Insta também Lay Dirty.

NP: Eu vou te adicionar hoje!

Lay: É isso!!! Vou te seguir, lógico.

NP: A gente não vai mais se desgrudar.

Lay: Não, é isso. Eu quero você no meu clipe, nossa “Onças e peixes”…

NP: Eu vou, estou nessa!

Lay: Nossa, quero!!! É isso, vou chamar.

NP: E eu vou.

Lay: Fechado.

NP: E você sabe quem é a nossa xgirl de hoje? É você!!!

Lay: Ah, é isso, gente!

NP: A nossa xgirl de hoje é a Lay.

Lay: Olha como ela vem!

NP: É a Lay e a música dela, você vai amar!

A nossa Xgirl

Xgirl Lay

E o programa terminou com a maravilhosa Xgirl Lay, uma tatuada linda e gostosa, que ficou nua em um ensaio sensual que revela o poder das bucetas.