Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Edgar Reymann, jornalista. No episódio 6 da segunda temporada de Pornolândia eles conversam sobre sexo entre gerações, a mudança no consumo da pornografia e sobre padrões de beleza. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ele trabalhou nas revistas para adultos mais importantes do nosso país. Adora vinhos, boa música – quem gosta de vinhos, gosta de música! Ele vai falar com a gente hoje sobre revistas de mulher pelada, o sexo entre as gerações e as mudanças no padrão de beleza. Estou falando de Edgar Reymann. Ele vai conversar conosco logo depois da nossa Xgirl maravilhosa.
A nossa Xgirl
E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Lain, uma tatuada de cabelos coloridos e piercings, que ficou nua em um ensaio sensual que revela suas belas curvas.
A trajetória jornalística de Edgar Reymann
NP: Edgar, me fala sobre sua trajetória como jornalista e em quais revistas você sensuais, vamos dizer assim, vocês já trabalhou.
Edgar Reymann: Eu comecei como jornalista como muita gente começa, em assessoria de imprensa trabalhando com turismo e essa coisa toda. Depois, trabalhei em alguns cadernos culturais de alguns jornais, para alguns jornais. E no final dos anos 90 eu fui convidado para trabalhar na Sexy. Aí, eu saí da revista em 2008 e comecei a freela para a PlayBoy.
Fiquei na PlayBoy entre 2008 e 2014 fazendo freela, às vezes cobrindo férias, então tive muito contato com este mundo de celebridades e dessas pessoas também que… das garotas que vão posar nua, que querem utilizar esta oportunidade para fazer uma fama e tal. Então, eu acho que foi uma experiência bem interessante, acho que foi um escola boa, foram praticamente 20 anos assim com um trabalho de publicações muito populares. Mas de bom nível, onde já passaram bons jornalistas e belas mulheres, como a própria Nicole Puzzi que posou maravilhosamente para a Status.
NP: Para a Status, em 1981. E antes eu tinha feito algumas capas e muitas pessoas falam “você fez PlayBoy”, não! PlayBoy nunca. Fiz Status em 81. Em 1981 você estava onde?
Edgar Reymann: Em 81 eu estava terminando o curso de jornalismo.
Padrões de beleza segundo Edgar Reymann
NP: Então, mas você como conhecedor da beleza feminina, da sensualidade, qual o período em que teve o padrão de beleza que você mais gostou? O que você acha mais bonito mesmo.
Edgar Reymann: Uma coisa que me atrai muito e que não tem hoje, é a questão da atitude! Então, antigamente, as pessoas posavam nua, não sei se foi o seu caso, mas acredito que sim. Por um lado meio ideológico, a liberdade sexual. Acho que até uma pessoa que não fosse tão sensual na época, o fato de ela estar posando e ter esta ideologia por trás tornava ela interessante. Acho assim, comparando em termos de beleza, e gosto ainda dos anos 70 e início dos anos 80, acho muito muito bonito…
NP: Era bastante natural, né?
ER: Bastante natural!
O uso de anabolizantes
NP: O que você acha disso, da mulher que engrossa a voz? Porque anabolizante em excesso acaba engrossando a voz, aumentando o clitóris, modificando o corpo, a voz. Não só a voz, como o rosto da mulher.
ER: A questão da voz é um efeito colateral negativo. A questão do clitóris eu acho que é um efeito colateral positivo, porque hoje em dia existe, assim, eu não conheço um cara que adora pornografia que não seja completamente apaixonado por um clitóris grande. Então, eu acho que tem uns dois lados da coisa.
NP: Desculpa interromper, mas sempre eu fui tão pequenininha nessas coisas, pequenininha, delicadinha. Mas, continua.
Estilo HQ
ER: Eu acho que a gente vive em uma época de extremos. Encarna, de certa forma, um ideal de beleza que eu vi acontecendo nas histórias em quadrinhos, nas revistas Heavy Metal, com os ilustradores tipo Frank Frazetta, Richard Corbin e alguns outros autores de Heavy metal que faziam algumas HQs de aventura.
NP: E umas mulheres imensas!
ER: Umas mulheres extremamente musculosas, aqueles peitões e tal. Provavelmente para a mulher chegar nisto, hoje em dia, tem que fazer academia, tem que tomar o tal do anabolizante para ficar realmente seca, né. Porque, eles fazem aquelas mulheres extremamente musculosas e com cinturinha, essas coisas todas. A gente sabe que mulher tem um pouco mais de gordura no corpo, então tem que secar para ficar daquele jeito. E secar, às vezes, não é o jeito natural, né.
A mudança no consumo
NP: Eu queria saber qual é a diferença do público das revistas, porque hoje em dia você escreve para o seu leitor. Qual a diferença das revistas adultas do leitor de 10/15 anos atrás para o leitor atual? Você sentiu essa mudança de geração?
ER: Houve uma mudança. Mas, eu acho que houve uma mudança tempos anteriores na verdade. Tinha um perfil muito claro nos anos 70 e 80 quando surgiram as revistas masculinas brasileiras, né. Era um cara que queria ver um nu feminino, mas também lia matérias. E com o advento da internet, o nu ficou uma coisa banal, vamos dizer. Qualquer criança, se quiser ver, digita alguma coisa e vai ver um nu. Isso se não vir sexo explícito mesmo!
O advento da internet
Mas, eu acho que teve uma mudança também que eu acho muito interessante, que é o seguinte: hoje em dia, as pessoas viram um fenômeno social. Ficar nu é uma coisa que qualquer um pode ficar e de repente ter as sua imagem vazada na internet.
De início, isso gerou uma polêmica muito grande, um receio, afinal “vou me ver nua”, aquela coisa. Teve vários problemas com atrizes e tal. Entendo, tem todo o direito, ninguém tem que hackear. Mas acho que, por exemplo, hoje em dia você vê vídeos super amadores de garotas que vão parar na internet e elas não ligam. E aí você entra no sistema de celebridade. “Ah, eu vi essa menina, ela transou, vi 15 vídeos dela”. Tá, mas ela é bonita, ela é bacana, ela é super gata, todo mundo quer sair com ela e ela é a rainha do pornô. E é engraçado isso, eu acho que está tendo uma mudança social.
NP: Eu sou da época que apanhei na rua, porque eu ficava nua no cinema que você pagava para entrar. É muita hipocrisia, né. Em pouco tempo, as filhas de quem me bateu estão aí botando de graça.
ER: Já estão ali postando, apareceu e não estão nem aí. Elas se filmam “Ah, olha, foi bacana” e não sei o quê. A gente tem que pensar assim: houve uma mudança. Não estou aqui para criticar e nem para fazer apologia. A gente sabe que está tendo uma mudança e a gente tem que acompanhar e ver. Se você quer embarcar nesta, você embarca e se não quer, não embarca.
Edgar Reymann fala das modelos e os editores
NP: Agora que quero perguntar para você como é que é a relação das modelos com o editor da revista que elas vão posar?
ER: Eu acho que neste caso, sempre me vem à mente uma resposta que o Duran deu quando foi perguntado sobre isso. Porque, todo mundo que trabalha em revista de mulher pelada, vamos colocar assim, é perguntado, é questionado. “Afinal, já saiu? Já fez?…”. Eu acho que ele responde bem, ele diz “Não, nunca é durante os ensaios. Nunca é em situação de ensaios e etc. ” O que não impede que fora do ensaio você tenha um relacionamento com essa pessoa.
NP: Estão me falando aqui que você já visitou a nossa cozinheira, a Sweetie Bird. Você já visitou?
ER: Já, já visitei. Foi uma coisa bem interessante, porque primeiro eu acho ela muito inteligente e ela cozinha bem também. Aí eu fui convidado para falar, tentar fazer uma harmonização de vinhos, que é uma coisa que eu gosto bastante, com alguns pratos que ela fez. Então, a gente pensou juntos e foi um prazer!
NP: Ah, Edgar, eu adorei falar com você!
ER: Eu que adorei, foi muito bom!
NP: Obrigada!
ER: Eu que agradeço!
NP: E agora a gente vai para a nossa cozinheira que você já conhece. Vamos ver o que ela está aprontando para hoje.
Cozinha ao Ponto
E o programa termina com a saborosa receita de Lagoa Azul, preparada pelas deliciosas tatuadas Sweetie Bird e Grazzie.