Clery Cunha no Pornolândia
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e o diretor Cleury Cunha para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Clery Cunha, diretor de cinema. No episódio 14 da segunda temporada de Pornolândia eles conversaram sobre as histórias da Boca e sobre as maravilhas da Pornochanchada. Uma conversa nostálgica que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.

Clery Cunha e Nicole Puzzi
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e o diretor Cleury Cunha para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

Nicole Puzzi: Esse pessoal da minha produção quer me matar mesmo, gente! Quer me matar de alegria, de emoção, quer me matar do coração! Porque, este ano está vindo muita gente especial para conversar comigo. Nossa, Canal Brasil, eu te amo, viu! Eu vou conversar com uma pessoa querida! Ele faz parte da cambada da Pornochanchada, ele faz parte daquela marginalidade toda. Atuou em filmes como ator, dirigiu vários outros filmes que eu sei que vocês conhecem. Ele dirigiu “O Rei da Boca”, ele dirigiu “Joelma, vigésimo terceiro andar” e dentre outros filmes. Eu vou falar rapidinho para vocês, porque daqui a pouco ele vai estar aqui comigo, é o Clery Cunha que eu amo de paixão. Mas, antes, eu vou deixar vocês assistirem a nossa Xgirl de hoje.

Clery Cunha e a Cambada da Boca

NP: Ele faz parte da cambada da Pornochanchada, ele faz parte daquela marginalidade toda. Atuou em filmes como ator, dirigiu vários outros filmes que eu sei que vocês conhecem. Ele dirigiu “O Rei da Boca”, ele dirigiu “Joelma, vigésimo terceiro andar” e dentre outros filmes. Eu vou falar rapidinho para vocês, porque daqui a pouco ele vai estar aqui comigo, é o Clery Cunha que eu amo de paixão.

Clery Cunha: Sim, sim! Eu faço parte desta confraria, eu sou farinha do mesmo saco de Nicole Puzzi!!!

NP: Clery Cunha, nós somos a cambada da Boca.

Clery Cunha: Sim! Eu tenho muito orgulho disso e não renego, porque foi uma trajetória da qual eu tive vários amigos que estão indo e eu permaneço ainda. Eu fico muito grato, por exemplo, estou vendo os meninos aqui. Olha, ai, eu já fiz tudo isso! Comecei na televisão como cabo man na Tupi.

NP: Esta minha equipe lembra muito o relacionamento que nós tínhamos na Boca, que é um relacionamento amoroso, carinhoso, que respeitava.

Clery Cunha: Não houve animosidade nem tampouco problema. Pelo contrário, foi uma… Dos anos 70, 80, 90 quando o senhor Collor de Melo meteu a mão na Embrafilme. Então, quer dizer, não é o problema… Eu falo mesmo. Foram quase 20 anos que ficamos no ostracismo, porque ele acabou com a Embrafilme, acabou com a Lei de Obrigatoriedade do nosso cinema, ainda hoje não voltou, embora a nossa retomada é muito boa. Agora, voltando à Boca, eu vou te dizer uma coisa, é muito gratificante…

Na rua do Triunfo

Clery Cunha, diretor de cinema da Pornochanchada
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e o diretor Cleury Cunha para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

NP: Como é que você foi parar na Boca?

CC: Aliás, isso é muito interessante de esclarecimento para o público, principalmente essa geração. Os meninos agora que estão pagando caro uma faculdade e que devem estudar mais a origem do nosso cinema. Por que é Boca? isso é interessante, gente. Porque as latas de filmes, eram oito latas, pesando de seis a sete quilos cada, imagine oito latas. Então, se você montasse na Avenida Paulista uma produtora… O filme vivia, o Brasil inteiro de quê? Do transporte aéreo, o transporte terrestre e para chegar aos cinemas as latas que seriam… Aqui em São Paulo tinham cinemas que precisavam às vezes três, a sessão terminava e os meninos corriam para levar aos cinemas do centro para a programação ser exata.

NP: Tudo ali perto da Rua do Triunfo.

CC: Existiam os carroceiros que ficavam dioturnamente levando oito ou dez latas, um peso terrível. Se você montasse, por exemplo lá na Paulista, teria que vir na Boca quatro ou cinco vezes por dia. Agora, o convívio, isso era interessante. Nunca houve um assalto, o pessoal sabia. E tinham os marginais, mas que respeitavam. Alguma vez alguém desrespeitou você?

Muito respeito

Nicole Puzzi entrevista o diretor e parceiro de pornochanchada Clery
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e o diretor Cleury Cunha para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

NP: Nunca fui desrespeitada! Nunca nunca. Às vezes você via um cara que talvez mandasse no pedaço, ele ficava de longe olhando a gente, porque queria ver as atrizes, eles queriam ver a gente! Ficavam olhando de longe, mas não chegavam perto e ninguém mexia com a gente!

CC: Você via por exemplo, dava trombada com o Pelé, com o Tarcísio Meira.

NP: Nossa, sim. E eu fiz filme com o Tarcísio.

CC: Nossa, o Ancelmo Duarte. Toda uma pleia de artistas famosos que estão aí até hoje e que viviam com a gente. Mas, ninguém mexia e à noite era aquela coisa.

Clery Cunha e o “Aqui e Agora”

NP: Ah, falando em televisão, você participou do “Aqui e Agora”.

CC: Fui um dos diretores do “Aqui e Agora”, que foi uma revolução televisiva. Até hoje está aí. Eu fico pensando, pô o Datena… Porque, naquela época, nós tínhamos batidas policiais, que ir em tiroteio na hora, era uma coisa incrível. Hoje a emissora tem helicóptero, tem motoboy e você tem uma facilidade muito grande de comandar um programa. Mas, voltando ao cinema…

NP: Quantos filmes você fez?

CC: Fiz 20 longas metragens. Agora, de projetos, daqui a pouco falo para você. Me fala o que você quer saber.

As recordações da Boca

Nicole Puzzi e Clery
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e o diretor Cleury Cunha para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

NP: Eu quero saber da Boca, eu quero saber das suas recordações da Boca, coisas engraçadas, coisas boas. Como você curtiu tudo aquilo, como foi para você?

CC: Foi uma coisa incrível, porque o cinema como nós fazíamos e hoje você tem o assistente do assistente. Não, a criatividade foi para a cucuia. E, naquela época, a gente fazia muito improviso, você sabe disso. Você tinha essa garra, o entrosamento da equipe técnica com roteirista. O Di Fraga por exemplo escrevia muito bem, o Francisco Cavalcanti, o Tony Vieira. Nicole, você sabe disso, você participou e você é muito querida! Atenção, Canal Brasil, segura aí porque não é brincadeira.

Clery Cunha e Chico Xavier

NP: Como é que foi a sua experiência de dirigir o filme “Joelma, vigésimo terceiro andar”? Mas, especificamente, como é que foi dirigir um espírita do quilate do Chico Xavier?

CC: Eu acho que na minha trajetória profissional, eu tenho tenho duas partes: antes e depois Joelma, que foi um desafio. Se eu não tivesse a habilidade e a carpintaria… Eu falo isso, porque eu tenho a agilidade da televisão e a carpintaria do cinema, porque você com uma câmera resolve. Mas, se tem um desastre, você tem que ter… Porque eu tive no Joelma um bombeiro chegando e eu não poderia gravar lá, oito câmeras de 16 mm, porque as cenas reais foram feitas em 1974 e quando eu lancei o filme foi em 1982.

Eu tinha um problema muito sério de figurino, na 9 de Julho se passasse um carro Fiat, por exemplo, na época, entendeu… Então, foi uma experiência incrível. E depois, no ponto de vista espiritual, estar dez dias com o Chico Xavier me deixou uma abertura na minha vida profissional e espiritual, porque aquele homem… Não vou falar de religião, mas…

O que Clery Cunha anda aprontando?

Nicole Puzzi e Clery
Bastidores do Pornolândia com Nicole Puzzi e o diretor Cleury Cunha para o Canal Brasil, produção de Luzvermelha.tv

NP: Não, mas é uma coisa estranha, é uma coisa de outro mundo mesmo, né? Clery, eu sei que você não parou. Mas, eu quero saber o que você está fazendo hoje em em dia. O que você está aprontando?

CC: Estou em fase de filmagem agora. veja bem “O jogo para ti é um carrero”. Um fato verídico, com narração do Almir Sater, com participação do filho dele. E tem um outro para ser lançado no cinema, um longa metragem que é “Memórias da Boca”, eu, Mojica, Francisco Cavalcanti, tem o Alfredo Sternhein, tem amigas suas que vai ser uma surpresa para você. Faltou você! Vamos ver se nesta retomada, aliás deste longa que eu vou fazer, para ver de você participar com a gente, Nicole! O cinema precisa de você, Nicole Puzzi, novamente!

NP: Se precisar ficar nua, eu fico toda pelada!

CC: Que bom, que bom!

NP: Amor, adorei falar contigo, obrigada! Agora a gente vai para a nossa cozinheira Sweetie Bird. Vamos ver o que ela está aprontando?

Cozinha ao Ponto

E o programa termina com a saborosa receita de Café Vietnamita, preparada pelas deliciosas tatuadas Sweetie Bird e Grazzie.