Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Carol Teixeira, filósofa e escritora. No episódio 7 da terceira temporada de Pornolândia elas conversam sobre os livros eróticos de Carol, a sua relação com a música, a coleção de jóias com conteúdo erótico e sobre o prazer feminino. Uma conversa filosófica e literária que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ela é inteligente, sexy e escritora. Entre os posts de seu blog e shows com sua banda, Carol Teixeira escreve livros, agita festas como Dj e faz ensaios para lá de sensuais. Hoje eu vou conversar com ela sobre filosofia, livros e jóias. E vamos terminar a noite com a nossa, também gostosa, Xgirl.
Bitch!
Bitch!
Carol Teixeira: Adoro! Começar a entrevista assim: bitch!
NP: Combinamos, eu também adorei! O nome do seu novo livro, estou curiosíssima, ainda não li, mas quero que você me fale sobre ele.
Carol Teixeira: Está muito legal, acho que é meu livro preferido! Eu lancei dois, de crônicas e contos. Mas, esse é meu primeiro romance. E é um romance erótico! Eu quis fazer um romance erótico que tivesse uma densidade psicológica. E ele é bem diferente desses contos eróticos tipo “50 tons de cinza” e outros que estão rolando por aí, porque o poder está muito na mão da mulher, o poder sexual, né.
Assim, diferente dos outros né, que têm um Christian Grey todo poderoso e não sei o quê. Esse, é uma mulher. Não vou contar a trama, porque é uma trama muito louca, tem que ler senão vai ser spoiler que eu vou dar. Mas, assim, a Princess, que é uma artista plástica, é uma menina de 26 anos e ela confunde um pouco a busca sexual dela, ela está insatisfeita com o namoro, no qual ela não tem sexo como ela gostaria de ter. E ela parte em uma busca sexual que se confunde um pouco com a arte dela. Então, é bem interessante assim.
Coleção erótica de Jóias de Carol Teixeira
NP: De livros, esse é o seu terceiro livro. Agora, você está lançando uma coleção de jóias?
CT: Pois é, eu lancei agora e vai ter a segunda parte da coleção. É uma coleção de jóias eróticas, fiz uma parceria…
NP: Jóias eróticas!!!
CT: Fiz uma parceria com a Essere Jóias. Não é uma delícia? Só que não é jóia erótica… Quando eu falo isso, as pessoas já pensam em brinquedos eróticos.
NP: Que vai usar um pinto pendurado no pescoço!
CT: Um pinto de ouro. Não, não é um pinto de ouro. Eu tentei fazer uma coisa mais sutil assim. Então, tem escapulários de prata que, ao invés de santos, tem posições do kama sutra cravejadinha. Subversiva, a louca, né.
NP: Total subversiva! Muito legal
CT: Então, em outro eu brinquei com essa dualidade feminina, por exemplo, tem esse pingentinho de coração que de um lado está escrito “love me” e do outro “fuck me”. Tem um pingente que é “saint” de um lado e “sinner”, santa e pecadora. Enfim, brinquei com questões eróticas do mundo feminino.
NP: Ah, mas isso é muito bom. Acho que isso ajuda a liberar a mulher!
CT: Eu acho. A gente tem que brincar mais com isso, as coisas não são tão sérias. O erotismo não é tão sério, não é tabu, não deve ser.
Revolução sexual
NP: Você acha que está surgindo uma nova revolução sexual?
CT: Eu acho que está. E tem muito a ver com o feminino. Me interessa muito ver como a mulher lida com a sexualidade, porque eu acho que nós somos privadas de dar a devida importância ao nosso prazer ao longo da história. Acho que tem a ver com o prazer feminino, que é tabu ainda.
NP: O prazer feminino?
CT: É o maior tabu ainda.
Os anos 70
NP: Ainda é. Imagine naquela época, a gente enfrentava em 70… Nossa estou parecendo velha “imagina naquela minha época”. Cadê o tricô?
CT: Ah, eu adoro, eu queria ter vivido nos anos 70! Eu acho a época mais incrível, queria ter feito parte.
NP: Foi! Porque estava tudo, parecia um bloco e a gente foi quebrando devagarinho. E a gente foi sofrendo as consequências! Mas, o que eu acho interessante agora é que está focado na mulher. Hoje a mulher pode falar buceta, antes não podia. Mesmo naquela época, não se podia falar isso.
“Tiro bucetas do livro?”
CT: Ah, no meu livro tem até demais a palavra buceta. Eu até pensei “gente, será que eu tiro um pouco”. Mas, mulher tem que poder falar.
NP: “será que tiro um pouco a buceta?”.
CT: Tirar um pouco, muita buceta tem o livro!
Carol Teixeira e a música
NP: Agora, tem buceta nas suas músicas também?
CT: Nas minhas músicas não! Ali eu dou um tempo de falar de buceta. O álbum da minha banda, eu escrevi as letras todas, são letras em inglês. E é uma outra relação que eu tenho com o inglês do que eu tenho com o português. Sai de outras maneira.Mas, eu tenho uma ligação muito forte com a música que dá para ver no meu livro também. Tanto que o Chico Sá escreveu a orelha e…
NP: Gente, o Chico Sá?
CT: O Chico! Eu adoro, ele é demais!
NP: Boca aberta. Chico, vem no meu programa, por favor!
CT: Nossa, tudo a ver ele vir no teu programa. E o Chico comentou que a trilha sonora do livro é algo à parte assim, porque é muito musical, eu cito muita música, muitas cenas eu falo com a trilha. Então, eu tenho uma relação especial com a música. Mas, uma relação diferente da que eu tenho com a literatura.
Carol Teixeira, Nicole e os fetiches musicais
NP: Eu vou perguntar para você sobre o apelo sexual que você tem, que é muito forte, qual a mensagem que você quer transmitir com seus textos e músicas. Mas, eu vou te confessar uma coisa: eu sempre quis transar com qualquer um do Kizz dos anos 70. Mas que eles viessem daquele jeito AAAAAAA. Noooosssaaa!
CT: Maquiados e tudo mais!
NP: Maquiados e com botão, né.
CT: Fantasia sexual. Tá vendo, tem gente que tem com bombeiro de uniforme e ela tem com os caras do Kizz.
Vem, faz a fila
NP: Não é só do Kizz não! Tem Led Zeppelin, tem muito aí na fila.
CT: Led Zepellin é…
NP: Tem Airon Maiden, Megadeth… Pronto!
CT: Hendrix!
NP: Nossa, tem um monte!
CT: Eu adoro. Uma boa trilha sonora para sexo é Hendrix. Demais, aquela guitarra, é muito erótica.
Foda no ritmo de Led Zeppelin
NP: Nossa, muito! Eu gosto do Led Zeppelin, porque é suave, aí de repente é pá, metalzão. Nossa.
CT: Led Zeppelin dá um ritmo para a transa. Se tu seguir aquele ritmo no sexo é meio que garantia de um…
NP: De um bom gozo!
CT: De uma boa trepada!
Carol Teixeira e o apelo sexual
NP: Estou amando! Agora me fala, esse seu apelo sexual, o que você quer transmitir, o que você quer passar para as mulheres e para os homens?
CT: Foi interessante, porque quando eu lancei o meu livro, eu saí na capa da revista Trip. E eu me lembro que na época, as pessoas… Eu senti um questionamento tipo “Mas está ali sensual na capa da revista, mas é filósofa”, porque eu sou recém formada em filosofia também, “e é escritora também”. Isso é uma dicotomia machista! Me espanta que muitas mulheres se prestem a se encaixar nessa dicotomia. Porque, essa visão de que a mulher que está se expondo tem um grau de submissão ao patriarcado. Eu acho isso muito chato, porque, na verdade, quem detém o desejo do outro é que está no poder.
Encontre Carol Teixeira
NP: Me fala da sua coluna e como a gente te encontra e todas as coisas que você está fazendo. Gente, ela faz um monte de coisas! Um monte, um monte, um monte.
Blog e coluna na revista
CT: Imperativa! Então, Eu tenho uma coluna na VIP desde 2010, faz um tempão. Tenho um blog, aobscenasenhoritac.com.br, no qual eu falo com as mulheres. Então, eu falo com os homens na VIP e com a mulheres no blog.
NP: Eu vejo seu blog! Vejo direto, acho um máximo!
CT: Eu tento falar de uma forma mais aberta, né, sem hipocrisia. Porque, quando falam com mulheres geralmente, as pessoas ficam cheia de dedos “ah, não pode ter uma escrita muito direta”. O quê? A mulher é uma retardada que não entende sobre sexo, que não transa? Me irrita isso! Não, a mulher é um ser sexual, tão sexual quanto o homem. Então ali eu falo com mulheres como seres sexuais. Eu não vou ficar cheia de dedos, mudando os termos, “se falar buceta a mulher vai achar pesado” que isso, gente. Para!
NP: Recatada!
CT: Recatada!!!
NP: Ah, eu adorei você!
CT: Ah, eu adorei também. Adorei o papo, adorei!
Competição saudável
NP: Nossa, quando eu li, eu falei, nossa, essa mulher tem tudo a ver com a minha cabeça! Só que você está anos a frente bem, eu tenho umas coisas que eu dou uma…
CT: Magina! Você atuou na pornochanchada dos anos 70, tem coisa mais legal que isso? Como é que eu vou competir com isso? Adorei, querida, obrigada!
NP: Obrigada, eu agradeço mesmo! E agora vamos para a nossa obscena Xgirl.
A nossa Xgirl
E o programa terminou com a maravilhosa Xgirl Mandhory, uma mulher maravilhosa de cabeça raspada, que ficou nua em um ensaio sensual que mostra que para ser delicada não precisa deixar de ser forte.