Carlos Café é um dos diretores participando da mostra Pornô-BR no PopPorn 2012 com o filme “Autorretratos – SUcasa, SUbporn”
 

1. Qual sua formação?

Sou arquiteto e em meu escritório, para além dos projetos arquitetônicos, me dedico a trabalhos autorais relacionados ao corpo, seja por meio da fotografia ou do vídeo. Também estudei música em São Paulo e por isso tenho muito interesse pela composição das trilhas dos meus filmes.

2. E como começou seu interesse por vídeos eróticos e pornográficos?

Desde 2004 tenho um trabalho de intensa investigação sobre o corpo feminino, que compreende exposições de fotografia e mostras de vídeos. Mas antes disso sempre me interessei pelo tema, e lecionei durante um tempo em História da Arte no curso de arquitetura. O corpo na história da arte passa impreterivelmente pela pornografia.

3. Conte-nos sobre como surgiu a ideia de gravar esse vídeo

Sempre identifiquei ao longo dos meus ensaios fotográficos que há um interesse muito grande da mulher em ver o resultado da transformação do seu corpo na imagem registrada – não é a mesma coisa que se olhar no espelho! E por isso a idéia de apresentar uma abordagem sobre o autorretrato, que se transforma num grande fetiche pornô na cultura contemporânea… e nas redes sociais, blog e outros.

4. Como realizou este trabalho? Verba pública, privada, que equipamentos usou?

Este trabalho foi produzido de forma independente. Foi filmado com uma Canon 5D Mark II e editado no Final Cut Pro X. A trilha foi toda montada no SoundTrack Pro, com “participação” da voz feminina do google tradutor na narrativa.

5. Seu vídeo está em uma mostra onde parte da renda vem do apoio de pessoas que gostam da ideia. Você acredita que essas novas ferramentas de financiamento baseadas na internet (crowdfunding) podem contribuir para o seu trabalho? Isso tem te ajudado diretamente?

Para vários outros projetos de fotografia e vídeo utilizei algum tipo de captação, mas não especificamente o crowdfunding. Mas é fato que os financiamentos coletivos se configuram como uma ótima e eficiente alternativa às verbas públicas, principalmente para temas como este, onde sempre há um impasse por questões conservacionistas.

6. Qual a sua opinião sobre produzir filme no Brasil e aquilo que tem sido produzido?

Recentemente presenciamos exposições e mostras de filmes sobre questões relacionadas ao sexo e a pornografia que foram censuradas, e isto já responde quanto a questão de produzir filmes no Brasil. Depende também do tipo de produção audiovisual que estamos tratando. Esta ressalva é importante. Mas acho que de maneira geral e do ponto de vista qualitativo nossa produção atual é inferior ao resto da América Latina – cito Chile, México, Uruguai e principalmente Argentina.

7. Gostariamos de saber mais detalhes sobre o seu roteiro.

O roteiro pode ser resumido no argumento do filme: Uma mulher, uma câmera de revelação instantânea e sua excitação pela imagem do seu corpo e as possibilidades da web. E isto se desenvolve a partir de uma trilha, numa narrativa de imagens que não foram pré-estabelecidas no roteiro. Concordo com o Peter Greenaway quando fala que o cinema deve se organizar baseado em imagens e não em textos.

8. O que pretende com este vídeo?

Não há uma pretensão objetiva. É uma experiência que sugere aspectos sensitivos, tanto para a personagem quando para o espectador.

9. Quais suas influêcias?

Helmut Newton, Peter Greenaway, Vanessa Beecroft, Daikichi Amano, Jenny Saville, Lucian Freud, Marina Abramovic, Araki Nobuyoshi… é o que me vem na memória agora, mas tem vários outros. Acho difícil separar fotografia, cinema e artes visuais nas referências que me influenciam, pois estas linguagens se inter-relacionam e complementa-se!

10. Onde encontrar outros trabalhos?

Vídeos no Vimeo
https://vimeo.com/user326355/videos
Fotos no Tumblr
http://ih23.tumblr.com/
ou no meu site:
www.carloscafe.com.br