Entrevistamos Autumn Sonnichsen, ela veio pro Brasil e trouxe frescor e modernidade para a cena de fotógrafos brasileiros.
Autumn Sonnichsen fotógrafa

Autumn Sonnichsen é uma fotógrafa norte-americana, que vive entre São Paulo e Nova Iorque. No Brasil, já fotografou para revistas Trip e Playboy.

1) Onde vc nasceu, quando veio para o Brasil e qual a maior diferença destas duas culturas no relacionamento com o próprio corpo e com o sexo?

Autumn Sonnichsen: Eu nasci em Los Angeles, a primeira vez que vim para o Brasil foi em outubro de 2005. Continuo tentando descobrir a resposta para a última questão.
2) Como funciona para você a diferença entre erotismo, pornografia e como os dois gêneros se encaixam no que podemos chamar de arte contemporânea?

Autumn Sonnichsen: Para mim a discussão sobre pornografia e erotismo é uma discussão semântica. Muitos dicionários apresentam estes termos como sinônimos.

O primeiro ensaio que eu escrevi na universidade era sobre “Origin of The World” de Courbet, que é um bonito par de pernas abertas, originalmente pintado para ficar pendurado no quarto de alguém, e hoje esta no Museo Orsay em Paris.

Pornografia disfarçada de arte (para posteridade) não é novidade, nem a arte disfarçada de pornografia (para ser mais vendável) é novidade .

A pornografia tem seu lugar na arte contemporânea, até Matthew Barney faz pornografia. Existiu (existe) uma fase onde muita Arte-pornô foi feita, Terry Richardson por exemplo, estilo documental com uma câmera ligada e tudo muito imediato.

Eu pessoalmente acho este tipo de trabalho um pouco cansativo, mas não necessariamente sem méritos, eu busco o tipo de pessoas que aproxima a pornografia de algum tipo de estética mais bem definida.

3) Sente, em algum momento, que seu trabalho seja um estimulo a perversão?

Autumn Sonnichsen: Espero que sim.

Autumn Sonnichsen fotógrafa

4) O que tem a dizer sobre a artificialidade da mulher na pornografia dominante? Ou talvez a artificialidade dos corpos, já que o padrão existe também para os homens.

Autumn Sonnichsen: Pornografia é sobre sonhos, sobre incorporar sonhos. Eu não qualifico o que você esta dizendo como artificial, mas como surreal.

Tudo existe, as pessoas acreditam em certas mulheres ou certas situações porque elas existem em algum lugar, estão embutidas em algum lugar, as mulheres que chegam a construir suas proprios corpos.

Eu adoro mulheres que nos devoram com suas imagens, como Dolly Parton, Terá Patrick, Pámela Anderson.

5) Vc trabalha acidentalmente com pornografia (como no titulo do seu antigo blog “Pornógrafa por Acidente”, agora ela mantem um blog no site nerve.com. como era seu relacionamento com pornografia antes de trabalhar com o tema?

Autumn Sonnichsen: Eu sou fotografa antes de me tornar pornógrafa.

The Accidental Pornographer foi um tipo de piada, não necessariamente a mais original.

Eu não sai procurando por pornografia, entretanto a pornografia se apresentou para mim na forma de varias mulheres das quais eu me tornei colega através de uma forma ou outra, e eu achei tudo isso fascinante.

Antes de eu conhecer estas garotas eu nunca tinha prestado muita atenção à pornografia, no entanto eu sempre prestei atenção a elas.

Meu trabalho tem sido sempre sexy de uma forma ou outra, mas não necessariamente explícito.

Eu sempre estive interessada na forma e nos níveis em que as pessoas valorizam a beleza e nas pessoas que lidam com isso todos os dias.

Eu adoro Strippers, prostitutas, atrizes pornográficas, modelos. Todas estas coisas são diferentes níveis de uma mesma idéia, a idéia de definir, definitivamente, o preço da beleza.

Tudo é possível, desde que feito com honestidade e beleza.

6) Vc, como editora de uma revista, diante das diversas possibilidades pornográficas para um ensaio,quais estariam dentro da sua escolha:

Autumn Sonnichsen: Tudo é possível, desde que feito com honestidade e beleza.

7) Em que pontos seu gosto pessoal diverge de sua opinião como editora ou fotografa? E como resolve estas questões?

Autumn Sonnichsen: Existem coisas que são bem feitas e que não são exatamente minhas preferências. Eu vejo a revista como algo separado de mim, não inteira minha ou feita com minhas vontades, é muito mais um projeto coletivo.

Os fotógrafos que trabalham comigo são incríveis, e eu acho editá-los muito prazeroso.

Eu gosto de ser capaz de apoiar o trabalho de outros fotógrafos que eu conheço e gosto, e seus respectivos pontos de vista, não apenas o meu.

8) O que aprendeu sobre relacionamentos humanos convivendo com pessoas da indústria pornô? Algo novo?

Autumn Sonnichsen: Talvez, mas isso não é algo que eu possa definir.

9) Sua vida sexual “pós-pornografia” incorporou algumas idéias que não existiam para você antes de trabalhar com a indústria?

Autumn Sonnichsen: As idéias são as mesmas, só que menos instintivas e mais pensadas.

10) Qual o “feedback” das mulheres sobre seu trabalho pornográfico?

Autumn Sonnichsen: A maioria delas adora meu trabalho.

11) Na sua opinão, por que as mulheres consomem menos pornografia que os homens?

Autumn Sonnichsen: Mulheres consomem vibradores no lugar de pornografia.

12) Cite os autores a autoras fundamentais para entender e pensar a pornografia (ou a “arte”) nos dias de hoje?

Autumn Sonnichsen: Martin Amis, Gore Vidal, Bukowski, Camille Paglia, e sempre e especialmente Susannah Breslin.

13) Quais suas ambições artísticas hoje? O que gostaria de fazer, fotos vídeos?

Autumn Sonnichsen: Eu gostaria de fazer mais projetos com vídeos, vídeos musicais e coisas de mal gosto, “trash”.

Eu gostaria de fazer um livro, grande, gordo, bonito, com uma textura que te de vontade de lamber, e tão pesado que vc possa usar para segurar uma porta.

Eu adoro revistas, eu adoro internet, eu adoro meu blog.

Eu gosto de coisas que podem ser reproduzidas, coisas que você pode esconder sob o seu colchão. Eu gostaria de ser escondida sob o colchão de outras pessoas.

Eu gostaria de fazer alguma coisa com Justine Jolie e Tera Patrick, não necessariamente ao mesmo tempo. E com Alice Braga, e com você, com todos vocês.

14) Fale de seus trabalho, e de sua carreira, onde começou, quando começou, e onde podemos encontrar suas fotos?

Autumn Sonnichsen: Eu comecei no quintal da minha escola quando estava no segundo colegial, e eu costumava fotografar uma garota chamada Ellen todos os dias no intervalo, sob as escadas.

Ela era uma linda garota Italiana, com os cabelos ondulados, e um corpo com curvas sinuosas, e ela tinha aulas de dança do ventre, e pintava, e se tornou bióloga. Este foi meu início.

15) Auto-retrato te atrai?

Autumn Sonnichsen: Eu nunca me senti muito atraída por auto-retrato.

Eu comecei a fotografar originalmente porque certas pessoas me tocavam de uma forma que me deixavam fascinada, e eu queria preservar os detalhes e gestos, eu queria manter isto de alguma forma. E ainda é assim.

16) Qual sua opinão sobre sites como: Supercult, Suicidegirls, Godsgrils, Vividalt, Burningangel, Belladonna.

Autumn Sonnichsen: Eu não estou envolvida com uma cena ou outra, eu acho todos estes sites legais, e a Belladonna tem sua genialidade particular.

autumn-sonnichsen

17) Quais seus fotógrafos e “film makers” favoritos?

Autumn Sonnichsen: Helmut Newton, Andi Kuonath, David LaChapelle, Eikoh Hosoe, Siege.

18) Você assite videos pornográficos sem obrigação profissional? O que gosta e o que não gosta em filmes pornográficos?

Autumn Sonnichsen: Eu não separo minha vida privada do meu trabalho a este ponto. Meu trabalho não é das nove às cinco.

Tudo é potencialmente parte de uma foto, parte um pesquisa de um projeto em andamento.

Eu acho que boa parte da pornografia produzida é feita de maneira pobre, sem estética definida, mas com interação humana, as possibilidades de deslocamento e distanciamento em relação ao corpo e os pensamentos são sempre fascinantes.

19) Fetiches?

Autumn Sonnichsen: Eu gosto de fotos safadas, eu gosto da idéia da fixação em detalhes, mas não tenho interessa em uma ou outra particularmente . Mas vestir-se completamente de latex é bem difícil.

20) Quais países tem as pessoas mais bonitas, na sua opinião?

Autumn Sonnichsen: Colombia, mas essa opinião muda a cada semana. Se Los Angeles puder ser considerado um país também entra na lista. Essa opinião muda cada semana

21) Já fotografou homens nus? Qual a diferença entre fotografar homens e mulheres nuas?

Autumn Sonnichsen: Eu ja fotografei, e fotografo ainda, isso é divertido dependendo do pessoa e do assunto, mas é menos fascinante (para mim) e menos vendável.

22) Que equipamento vc usa? Com qual tipo de luz gosta de trabalhar?

Autumn Sonnichsen: Eu tenho usado muitos equipamentos digitais ultimamente. Eu gosto mais de sombras do que de luz.

Voce tambem encontra Autumn Sonnichsen aqui:
http://www.autumnsonnichsen.com/

—————————————-

1) Where you was born, and how long are you living in Brazil? What is the biggest difference between American and Brazilian behavior related to the way you deal with your body and sexuality?
I was born in Los Angeles; the first time that I came to Brazil was in October 2005. I’m still trying to figure out the answer to the last question.

2) In your opinion is there a difference between “erotic” and “pornographic” ? Do you think it’s possible to make a link between “porn” and “contemporary art”?

To me the debate over erotica and porno has a lot to do with semantics. Most dictionaries list them as synonyms.

The first paper that I wrote in college was on Courbet’s Origin of The World, which is a beautiful pair of spread legs that was originally painted to hang in somebody´s bedroom and now hangs in the Orsay Museum in Paris.

Porno disguised as art (for posterity) is not new. Neither is art disguised as porno (for marketability). Porno has a place in the contemporary art market; even Matthew Barney is making porno.

There was (is) a phase where a lot of art-porn is done much like Terry Richardson, documentary-style with an on-camera flash and everything very immediate.

I personally find that kind of work a bit tiresome, though not necessarily without merit, and I look forward to the sort of people that approach porno with a more defined aesthetic.

3) Do you feel your work is an incentive to perversion?

I hope so.

4) What you think about artificial woman (and man) in mainstream pornography?

Porno is about dreams; about incorporating them.

I don’t think I would qualify what you are referring to as artificiality, but as surreality. Everything exists, people dream of certain women and situations because they exist somewhere, are embodied somewhere, women that are able to build their own bodies.

I love women that envelop you with their image; Dolly Parton, Tera Patrick, Pamela Anderson.

5) The name of your former blog was The Accidental Pornographer (Now she manages a blog at Nerve.com. Are you are working with porn accidentally? How was your relationship with porn before you were involved with the industry?

I was a photographer before I became a pornographer. The Accidental Pornographer was sort of a joke, not necessarily a very original one.

I didn’t go searching for porno, but it presented itself to me in the form of various women with whom I became acquainted through one way or another and I found it fascinating. Before I met these girls, I never paid much mind to it, though I’ve always paid attention to them.

My work has generally been sexy in one way or another, though not necessarily sexually explicit. I´ve always been interested in the ways and degrees to which people valorize beauty, and in people that deal with that on a daily basis.

I love strippers, prostitutes, porn stars, fashion models. All of these things are different degrees of the same idea, the idea of defining, definitively, the price of beauty.

6) As an editor of a magazine, facing all sort of possibilities for a pornographic material which one would you choose?

Anything is possible, so long as it´s done with a certain amount of honesty and beauty.

7) At which point do your personal preferences differentiate from your opinion as a photographer or editor? How you deal with these issues?

You have to be aware that there are things that are well done that may not be exactly to my personal preference, but I look at the magazine as something apart from me, not entirely mine or made up of my whims, more of a collective project.

That said, the photographers that we work with are incredible, and I find editing very pleasurable. I like being able to support the work of other photographers that I know and love and their respective visions, not just my own.

8) What you learned about human relationships through working in the porn industry? Something new?

Perhaps, but it´s not something that I can define.

9) Has your sexual life “post-porno” has come to include ideas that didn’t exist for you before you work with this industry?

The ideas are the same, but less instinctive, more realized.

10) What kind of feedback do you get from women in response to your work with pornography?

Most of them love it.

11) In your opinion why woman use less pornography than man?

Women buy vibrators instead.

12) Which writers do you consider important to understand and think about pornography today?

Martin Amis, Gore Vidal, Bukowski, Camille Paglia, and always and especially Susannah Breslin.

13) Which are your artistic ambitions today? What you would like to make: videos, photos?

I’d like to do more video projects, music videos and skanky things. I’d like to make a big, fat, beautiful book so glossy that you want to lick it and so heavy that you can use as a doorstop.

I love magazines, I love the internet, I love my blog. I like things that are reproducible, things that you can hide under your mattress. I’d like to be hidden under somebody’s mattress.

I’d like to do something with Justine Jolie and Tera Patrick, not necessarily at the same time. And Alice Braga. And you. All of you.

14) Talk about your work, career, where do you start, and where we can find your photos?

I started out in the yard of my high school when I was in tenth grade, and I used to photograph this girl named Ellen every day at lunchtime under the stairs.

She was this beautiful Italian girl with all this curly hair and an undulating figure, and she was taking bellydancing clases and painted and ended up being a biology major. That was the beginning.

15) How do you feel about self-portraiture?

I’ve never been particularly attracted to self-portraiture. I came into photography originally because it was a way of touching certain persons that I was infatuated with, whose details and gestures I wanted to keep, to hold onto in some way. It still is.

16) What is your opinion about sites like: Supercult, Suicidegirls, Godsgrils, Vividalt, Burningangel, Belladonna, etc.

I’m not “involved” in any one scene or the other.

I think that all of those sites are great, and Belladonna has her particular element of genius.

17) Talk about your favorite photografers and film makers.

Helmut Newton, Andi Kuonath, David LaChapelle, Eikoh Hosoe, Siege.

18) Do you watch porn movies without professional obligation? What you like and dislike in a porn movie?

I don’t separate my private life and my work life, to that extent; I don´t have a nine-to-five job. Everything is potentially part of a picture, sort of an ongoing research project.

I think a lot of porno is poorly made, aesthetically, but the human interaction, the displacement and detachment of and from the body, is always fascinating.

19) Fetish?

I like pictures of kinky stuff; I like the idea of fixation on details, though I’m not particular about which ones. Latex is a bitch to get on though.

20) Which countries have the most beautiful people in your opinio?

Colombia, but that’s this week. If LA can be considered a country that too.

21) Have you photographed male nudes? What is the difference compared to photographing female nudes?

I have, and I do; it´s pleasurable depending on the subject, but less infatuating (for me) and less marketable.

22) Which kind of equipment do you use? What kind of light you like do use?

I use a lot of digital equipment lately. I like shadows more than light.