Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Fernando Lessa, um fotógrafo. No episódio 3 da segunda temporada de Pornolândia eles conversam sobre a transição de Lessa da faculdade de biologia para a fotografia, sobre sexualidade e sobre fotografia de nudez. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ah, hoje eu estou me sentindo tão bonitinha, delicadinha! Hoje eu quero falar sobre arte. a arte não para de crescer, não é verdade? Não para de evoluir, é incontrolável. E arte vai muito além do que a gente vê na Tv e até mesmo na internet. Às vezes, a gente não conhece uma rtista e a gente precisa procurar e questionar, porque tem tanta gente boa que você não ouviu falar e o cara está produzindo, o cara está acontecendo. Nós precisamos ficar atentos à isso, porque senão ficamos parados no mesmo lugar!
Então, hoje eu vim aqui no centro de São Paulo, que eu amo esse centro de São Paulo, no apartamento de uma grande artista, um fotógrafo incrível e nós vamos conversar com ele sobre arte, foto, nudez e até sobre biologia! Biologia na arte? Na nudez? É, com nudez tem a ver!!! Vou conversar com Fernando Lessa, vocês vão gostar bastante! Mas, antes eu tenho certeza que vocês vão gostar mais ainda da nossa Xgirl. Vai que eu te aguardo…
A nossa Xgirl
E o programa começou com a maravilhosa Xgirl Ellen Tabarkiewicz, uma morena tatuada, que ficou nua em um ensaio sensual que revala delícias de um corpo rabiscado.
A primeira vez de Fernando Lessa
NP: Fernando Lessa, você se lembra da sua primeira vez?
Fernando Lessa rindo
NP: Na fotografia, rapaz, olha a sua mente! Com seu sorrisinho já percebi que você lembrou, né. Para você ver, está na cabeça das pessoas! Você se lembra da sua primeira fotografia?
Fernando Lessa: A fotografia começou na minha vida quando eu tinha uns 20 poucos anos, eu já estava na faculdade.
NP: Biologia!
Fernando Lessa: Biologia!
Biologia X Fotografia
NP: Como é que aconteceu? Você de repente numa faculdade de biologia e resolveu partir para a fotografia. Como foi essa transição?
FL: Eu me interessava pela fotografia, mas era um hobbie. E, em um trabalho de faculdade, a gente precisava ilustrar com algumas fotografias e eu achei que era uma boa desculpa para arrumar uma câmera digital, que eu não tinha ainda. Eu disse em casa que era para tirar as fotos, usamos para tirar as fotos do trabalho, mas comecei a brincar e me interessar. Aí na faculdade eu comecei a me frustrar um pouco com a biologia e foi bem gradual, foi uma troca bem gradual assim. Terminei a faculdade, eu já tinha meu estúdio, já trabalhava como fotógrafo. Mas, eu terminei a faculdade.
Fernando Lessa e a mistura de técnicas
NP: Eu vi uns trabalhos seus e percebi que você mistura fotografia com pintura, é isso? Você inventou isso? Como é que funciona? Perai, dá licença, só um minutinho, posso fazer isso? [Nicole Puzzi apoia os pés sobre a coxa de Fernando Lessa] Então, tá bom, está gostoso assim. Como é que funciona você misturar fotografia com pintura? Eu vi um trabalho fantástico seu até com uma pessoa que trabalha aqui com a gente!!!
FL: Na verdade, não é uma técnica que eu inventei, é uma técnica bem antiga, né. É uma técnica que a gente via nas fotos das nossas vós, fotos preto e branco coloridas a mão. Na verdade, eu me aproveitei desta técnica.
NP: Reciclou!
FL: Reciclei. Na realidade eu acho que deu uma atualizada, porque antigamente era toda analógica e hoje eu faço metade do processo digital, uso uma câmera digital para fazer a imagem. Depois eu passo essa impressão para um papel, faço uma impressão analógica no laboratório em preto e branco, depois faço a colorização com aquarela que era como se fazia antigamente. Na verdade, eu usei o bom de uma tecnologia e da outra, eu não inventei nada, só aproveitei o que já tinha por aí.
NP: Aí, entrou a nudez na sua vida. Posso tirar? [Nicole Puzzi tira seu tênis]
FL: Pode, fica à vontade!
A nudez na vida de Fernando Lessa
NP: Aí entrou a nudez na sua vida, como é que foi? Como a nudez entrou na sua vida e na sua fotografia?
FL: Eu era assistente em um estúdio que trabalhava com moda, com publicidade, mas eu morria de vergonha. Eu não consegui me imaginar fazendo o papel que a fotógrafa fazia de dirigir a modelo, fazer toda aquela interação, eu tinha vergonha!
NP: Você é tímido, eu percebi! Você estava falando falando e eu pensei “esse rapaz é muito tímido”.
FL: Eu sou!
NP: E como é que você lida com mulher pelada? A mulher fica pelada e você com toda sua timidez, como é que é?
FL: Com mulher pelada é bom!
NP: Sim, porque você não está ali para fazer o sexo com a pessoa, você está ali para trabalhar. Deve ser curioso, né?
FL: É, sim! Na verdade, eu tinha essa vergonha mesmo e apareceu uma oportunidade. Apareceu uma menina, uma oportunidade de fazer umas fotos dela nua e fluiu muito melhor do que eu imaginava. Literalmente, ela chegou no estúdio e tirou a roupa e eu, na hora, fiquei meio assustado, meio sem saber o que fazer. Mas, no final, as fotos fluíram, ficaram legais e foi uma consequência. Depois dela apareceram outras e hoje faz parte do dia a dia.
Beleza para Fernando Lessa
NP: Você sabe que na Pornochanchada a gente tinha a beleza natural. Se a mulher tinha peito pequeno, peito grande, não se mudava, porque era aquilo que ela tinha. Não existia silicone e essas coisas, tinha que ter um corpo bom. Eu tive muita sorte, eu tinha o corpo perfeito. Tinha, tá! E hoje em dia voltou a moda de beleza natural, né. Antes eu vou tirar esse casaco, tá muito quente, né.
FL: Verão.
NP: O que é a beleza para você?
FL: A beleza natural entra no me trabalho, eu costumo sempre fazer uma mistura de uma situação que eu chamo de uma realidade meio exagerada, mas eu gosto de manter o pé na realidade. Eu teto sempre usar as pessoas do nosso dia a dia, né. Tem uma expressão, em inglês, que é a garota que mora do nosso lado, a vizinha. Acho que deve ser essa a forma que eu uso para ter um pé na realidade. Eu acredito que a gente tem uma tendência a sonhar, idealizar, mas no final das contas…
NP: No final das contas a Gisele Bündchen não está aí do lado, não é a sua vizinha!
FL: A gente não vê ela domingo à tarde, né.
Profissionalismo
NP: E no set? Você sabe que eu enfrentava um problema na época da Pornochanchada quando eu ir fazer uma revista, alguma coisa… Não na Pornochanchada, quando eu comecei a fazer fotos para as revistas. Eu só gostava de fazer com mulher, porque se fosse fazer com os homens, meu Deus, era um machismo! O cara já vinha achando que só porque você estava fotografando nua que isso era… Nossa! Aí eu falei “não, só quero fotografar com mulher”. Como é a sua relação no set com as suas modelos?
FL: Eu acho que hoje em dia não tem mais espaço para essa aura de fotógrafo pegador/comedor/idolatrado. Eu acho que hoje em dia não tem mais espaço para esse cara, para essa figura. A gente ainda tem nomes míticos na fotografia brasileira, gente trabalhando, super boa, que ainda tem essa aura. Mas, hoje em dia, todo mundo é mais profissional. Acho que existe esse tesão na foto, muitas vezes isso acontece, mas os dois profissionais, o fotógrafo e a modelo, têm que saber separar o que é o tesão para o trabalho acontecer do que o próximo passo, né. Mantenho o máximo respeito, não tenho problema, o pessoal que trabalha comigo também. Os meus dois companheiros também, hoje em dia, a gente segura bem a onda, é perigoso. Tem muito caso de pessoal que passa da linha, né!
Não tem como
NP: Mas se a mulher quiser…
FL: Na hora do set não tem como. Na hora da foto não tem como!
NP: Ah, não tem. Eu entendo você, porque na Pornochanchada também não tinha como! Não tem como você ter a relação, porque… Não tem a ver, é o profissionalismo, né.
FL: É uma situação no momento, né. É para uma foto, está todo mundo se esforçando, se colocando para fazer o melhor, né. Mas, a gente tem que saber separar bem o limite, né.
Biólogo como fotógrafo
NP: E você como biólogo, você acha que ter estudado biologia ajuda você no seu trabalho como fotógrafo?
FL: Eu vejo o ser humano como a gente faz parte do mundo, com um monte de bicho. A gente é só mais um bicho que faz parte dele. Então, isso dá uma visão um pouco mais crua da coisa.
NP: Uma visão fria?
FL: Crua. Mais direta, né. A gente faz parte deste mundo. A gente tem mania de achar que comanda ele, mas somos parte dele como qualquer outro.
NP: Como qualquer bicho.
FL: Como qualquer bicho, a gente tem vontade como qualquer bicho. Então, acho que me dá essa possibilidade, acho que foi bem benéfico para mim. Eu fico feliz, acho que faz parte do meu trabalho.
Encontre o trabalho de Fernando Lessa
NP: E se eu quiser encontrar o seu trabalho, procuro onde?
FL: Tem o site que é www.fernandolessa.com.br.
NP: Você pode me fotografar?
FL: Vamo embora!
NP: Gente, vamo embora! Mas, antes eu tenho que chamar duas safadinhas. A safadinha da Sweetie Bird que está aprontando com a assistente dela. Se uma gostosa na cozinha já apronta muito, imagine duas gostosas! Você vai ver isso!!!
Cozinha ao Ponto
E o programa termina com a saborosa receita de Bombeirinho, uma bebida preparada pelas deliciosas tatuadas Sweetie Bird e Grazzie.
