O festival PopPorn foi o assunto retratado no episódio 2 da temporada 5 de Pornolândia. Nicole Puzzi conversou com Mayara Medeiros, Thamu, Marcelo D’Avila e outros convidados ilustres sobre os filmes, o acervo, a feira e tudo o que rola no PopPorn. Uma conversa animada que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Hoje nós vamos visitar um festival de cinema que exibe filmes pornográficos do mundo inteiro e que foi criado por uma mulher. E tem muitas mulheres em sua organização! Estou falando do PopPorn, um festival que tem em sua programação debates, workshops e uma feira de produtos independentes. E no final do programa, a nossa xgirl vem fechar a noite totalmente à vontade!
O que tem no PopPorn?
Então aqui é o lound?
May Medeiros: Isso, aqui é o lound, onde ficam os parceiros do festival. Então, aqui tem a Xplastic, o Safada.tv que é um site pornô e ali tem o Sexlog que é um site de relacionamento. Aqui é onde acontece o bate-papo.
NP: Agora, aquela sala ali, que parece uma sala linda, o que é ali?
May Medeiros: Ali é uma sala de cinema. É a nossa principal sala de cinema, onde fica passando todos os filmes, é gratuito para as pessoas entrarem e assistirem. Então, tem mais de 100 filmes no festival.
NP: Todos brasileiros?
MM: Não! A gente tem 15 países. Tem filmes de 15 países passando desde o meio-dia até Às 22 horas, sem parar!
NP: Eu nem sei o que eu falo, viu! Mas, eu vou ver, a gente vai visitar tudo isso, a gente vai mostrar para vocês, não é?
MM: Vamos mostrar tudo. Aqui a gente não esconde nada, né!
NP: Não?
MM: Não!
NP: Eu escondo gente, eu vou esconder alguma coisa, dá licença!
BDSM
May, a gente está assistindo um debate sobre BDSM e tudo isso. Ah, é quente! BDSM eu acho que eu não nasci para isso não!
MM: Eu acho que é interessante até a discussão do debate para que as pessoas entendam até onde elas podem ir, chega um momento que elas não precisam ir. Acho que é descobrir o prazer mesmo, né! Até onde eu gosto disso, até onde eu não gosto. E muito de desmistificar o BDSM entender que, a gente está aqui em um dia claro, em um lugar cheio de plantinhas, tem família aqui. A gente está discutinho uma coisa que é a intenção do PopPorn, que é naturalizar o sexo.
Workshop no PopPorn
NP: May, tem peixe aqui atrás!
MM: Tem! Estamos no Centro Cultural Rio Verde, que é um espaço lindo na Vila Madalena. A gente está fazendo… É a primeira edição, o festival está na sétima edição, e essa é a primeira no Centro Cultural Rio Verde que é um espaço maravilhoso. É uma delícia, parece uma fazendinha, né?
NP: E eu sei que acontecem coisas aqui dentro desta sala!
MM: Essa é a sala de workshop do festival. O festival ficou muito conhecido pelos workshops que ele apresenta em todas as edições, né.
NP: Quais são os workshops?
MM: Hoje, por exemplo, a gente tem um workshop de Shibari, tem workshop de presença digital e, por último, a gente tem o workshop de Pornô faça você mesmo versão hétero.
Tatuagens sacanas
NP: Thamu, que bom ter você por aqui!
Thamu Candylust: Oi, bom também ver você!
NP: Você está sempre no PopPorn?
Thamu Candylust: Sim. Acho que esse ano é o quarto ano que eu estou junto!
NP: O que a tatuagem tem a ver com sacanagem?
TC: Olha, não sei com sacanagem diretamente. Mas tem muita gente sacana se tatuando e fazendo tatuagens sacanas também!
NP: Onde e como?
TC: Lugares íntimos, eu tenho um cliente em especial que faz tatuagem relacionada ao BDSM.
NP: Pelo corpo todo?
TC: Só na bunda! Ele só tatua na bunda! Ele é escravo e tal. Então, eu tenho essa coisa com esse pessoal.
NP: Tem mulher que tatua a parte, a vagina, tudo?
TC: Tem! Teve uma edição especial do PopPorn que eu fiz uma buceta no cu de uma transsexual.
Fet Wish
NP: Eduardo, me apresenta os teus produtos.
Eduardo: Esse aqui é um colar feito em vinil e com spikes em metal. A minha marca, que é a Fet Wish, faz acessórios em couro e vinil para o público BDSM e pessoas normais também. A maioria das peças são usadas para as práticas ou até se a pessoa quer ir numa baladinha e quiser usar um colar ou um choker.
Tino Monetti e o festival
NP: Esse é o Tino Monetti, um dos responsáveis e fundadores do PopPorn. Estou certa?
Tino Monetti: Está certíssima, Nicole! Eu estou desde o primeiro ano, a única pessoa. Eu fundei, co-fundei junto com a Susie. Ela teve a ideia, me ligou um dia “vamos fazer?”, uma loucura. Ela nos deixou há dois anos e a gente continua com uma equipe maravilhosa. Além disso, eu faço a curadoria dos filmes todos os anos.
NP: Eu vi aí, eu estava dando uma olhada em um filme que falava sobre pessoas mortas. Eu achei interessante, uma das atrizes principais já tinha morrido.
Tino Manetti: É, acho que esse é o “Circo escuro”. É um filme que envolve ritual satânico, ele está dentro do que a gente chamou de “feitos por mulheres”. Então, basicamente a gente está buscando pornografia dirigida por mulheres cis e trans que fogem do esteriótipo do machismo. São filmes muito mais frescos que estão sendo dirigidos por mulheres. Então, um dos focos é esse, e um dos filmes é esse! E trabalhadores dos sexo!” O festival começou ontem, que foi o dia internacional da prostituição e é uma bandeira que a gente quer levantar. Porque, os trabalhadores do sexo mudaram, a gente vive em uma era digital, não são mais só prostitutas. Existem strippers virtuais, pessoas que trabalham indiretamente com sexo, como nós. Então, a gente encontrou uma coisa importante como é isso, como é o profissional do sexo dentro de todas as categorias que isso pode ter.
Performance no PopPorn
NP: O Marcelo já esteve no nosso programa e o Marcelo é também um dos responsáveis pelo PopPorn.
Marcelo D’Avila: Correto! Faço parte da comissão e cuido das performances, do cabaré, que é a festa de abertura e este ano eu cuido da exposição de arte.
NP: E você, Marcelo D’Avila, eu sei que você é um dos maiores performáticos de São Paulo e do Brasil. O que você faz nestas performances? Eu sei, mas eu quero que você saiba!
Marcelo D’Avila: Bom, as minhas performances estão sempre conectadas à questão do corpo e aos limites sexuais e eróticos que a gente pode causar no público. Então, a grande maioria delas é relacional, elas tem interação ou possibilidade de interação com o público para ampliar a provocação. E tem a ver com erotismo, fetiche, questão de gêneros, a questão da própria identidade de quem atua sobre o sexo e fala sobre o sexo.
Os Debates sobre sexualidade
NP: Carol Parreiras, você é responsável pelos debates do PopPorn?
Carol Parreiras: Sim, eu sou responsável pelas mesas de debates já há alguns anos, na verdade. Eu participei desde a primeira edição do PopPorn em 2011. Sou uma das mais antigas eu acho. E tudo começou na mesa de debates, naquele momento eu ainda não organizava, eu participei como convidada. Depois assumi a posição de coordenadora, mas já fui mediadora, já falei um pouco também, já fiz de tudo um pouco neste festival.
NP: Qual o benefício que você acha que traz o PopPorn à população?
Carol Parreiras: Acho que o principal ponto é falar de sexualidade de uma maneira muito positiva e trazer questões fundamentais sobre gêneros, corpos, sexualidade, pornografia, desejos, prazeres. E ter um espaço livre para se debater tudo isso, onde a gente possa ver tudo isso e acho que é nesse sentido. Ele é muito libertário e positivo!
NP: Quer uma rapidinha? Assiste a nossa xgirl.
A nossa Xgirl
E este episódio termina com a maliciosa Xgirl Lilith Scarlet, uma loira muito gostosa que ficou nua em um ensaio que deixou bem claro que essa bunda é um pecado capital.