Neste episódio Nicole Puzzi entrevista Mila Spook, atriz e diretora de filmes pornográficos. No episódio 1 da quinta temporada de Pornolândia elas conversam sobre a ascensão da carreira de Mila, sobre a visão feminina no pornô e as semelhanças entre Mila e as atrizes da pornochanchada. Uma conversa divertida que você poderá ler na transcrição a seguir, ou assistir diretamente no Canal Brasil na Globoplay.
Nicole Puzzi: Ela foi uma das primeiras modelos tatuadas a ingressar no mercado ponográfico. Mila Spook vai conversar com a gente hoje e contar tudo sobre sua trajetória no mercado adulto, de atriz a diretora de filmes pornográficos. E no final, veremos também a deliciosa xgirl.
Mila spook, você é tão linda!!
Mila Spook: Obrigada!!
Onde tudo começou para a atriz Mila Spook
NP: Onde é que você nasceu?
MS: Eu nasci no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira oeste, em Alegrete.
NP: Somos sulistas, eu nasci no Paraná. E como é que você chegou em São Paulo?
MS: Então, eu já trabalhava com fotografia e vim para São Paulo fazer umas cenas lesbo com a Xplastic. Vim especialmente trabalhar com eles.
NP: E as fotografias lá no sul você também fazia com conteúdo adulto?
MS: Sim, sim. Eu desde muito nova, desde meus 12 anos conhecia o “Suicide girl”, que é um site de minas alternativas e que fazem ensaios fotográficos que tem nu. Então, quando eu fiz 18, a primeira coisa que eu quis fazer foi tirar a roupa pra fazer foto pelada.
Reação da família
NP: Gente, mas como sua família reagiu? Porque família do sul é uma família super tradicional.
MS: Sim, sim. No Rio Grande do Sul as pessoas são muito conservadoras.
NP: Sim!
MS: Minha sorte é que a minha família não liga muito pra isso. Minha vó, que foi quem me criou, ela é muito tranquila, ela acha que as pessoas têm que ser livres, desde que não estejam matando nem roubando, pode fazer o que quiser ela disse. Então foi bem tranquilo pra eles.
Relação com o corpo
NP: A sua relação com seu corpo mudou? Porque você usa seu corpo como instrumento de trabalho. Sua relação com seu corpo mudou de fato quando você passou a usar ele assim?
MS: Eu comecei a fotografar pra me sentir confortável… ahn, com meu corpo, pra mostrar para outras meninas que elas não têm que ter vergonha e que é uma coisa natural. E me ajudou muito a me sentir mais confiante.
A carreira
NP: Você começou como modelo e depois, como que foi que desenvolveu sua carreira? Você passou a ser atriz pornô…
MS: Então, alguns anos depois de só fotografando e pousando, eu decidi vir para fazer este trabalho lesbo e acabei entrando pro meio da pornografia, trabalhando em outras produtoras.
NP: Aí você passou para atriz pornô e como você chegou a diretora? O que aconteceu, que deu na sua cabeça “agora eu vou dirigir”?
MS: Então, eu trabalhei uns três anos com pornô nacional e algumas coisas me incomodavam, muitas coisas me incomodavam em questão de saúde. Sem contar que o pornô nacional não tem uma produção bacana e eu queria fazer uma coisa própria, minha, com o meu olhar. E eu já faço isso com as minhas fotos, já produzia as minhas fotos, sempre organizei tudo. Então eu queria passar isso pro pornô.
O estilo de Mila Spook
NP: E aí você faz os teus filmes, os filmes que você dirige, você traz mais pra um estilo, além do próprio sexo, claro. Existe algum estilo que você conduz os teus filmes?
MS: Nos meus filmes, eu quero produzir aquilo que eu realmente gosto de assistir. Eu não quero poetizar pornografia e não quero transformar a pronografia em uma novela das 8. Mas, eu quero tudo bem objetivo assim e já partir pro sexo.
NP: É o seu estilo, a sua característica…
MS: É, uma coisa mais fofa, mais meiga…
Intimidade
NP: Ah, você é muito meiguinha, você é muito bonitinha, sorrisinho puro. Teu sorriso é puro assim. Posso te fazer uma pergunta muito íntima?
MS: Uhum.
NP: Você é lésbica?
MS: Não, eu gosto de tudo. Não só homem, não só mulher. Desde que me atraia, que me faça sentir bem e prazer, tá valendo.
NP: Você faz programa?
MS: Eu faço com quem eu quero. Não é assim aquela coisa que eu faço, que eu procuro…
NP: Você é seletiva.
MS: É, eu seleciono bem. Tem que ser aquele cara que é meu fã, que vai me tratar bem, que eu vejo que tem um carinho por mim.
O olhar feminino
NP: Agora eu queria saber o seguinte: existem outras mulheres dirigindo filmes pronográficos, né. A direção, o mercado de filmes pronográficos não era um mercado para mulheres e agora está sendo. O que eu acho maravilhoso, porque a gente pode mostrar para os homens aquilo que a mulher gosta. E você acha que contribui nesse sentido para os filmes adultos?
MS: Acho que muito nesse sentido de ter um olhar feminino, de produzir para outra mulher. Eu acho muito importante de ter outras mulheres nesse meio.
NP: Não, eu acho importante. E acho importante também para os homens, até para os héteros também, porque os héteros, às vezes, são desinformados, meus amores, não adianta dizer que não. Né? Às vezes eles chegam na mulher com um jeitão… Não é isso, não é bem assim. Não é sempre que você tá afim de pá pá e pá. E acho que os filmes podem mostrar isso, né, a sensibilidade da mulher pode mostrar isso e ensinar os rapazinhos, né?
vamos com calma, homens!
MS: É que tem muito homem que, como você falou, chega naquela agressividade e não tem nenhuma preliminar, um jeitinho com carinho.
NP: E essa parte é tão gostosa, né?
MS: É, então. Já quer chegar já (fazendo gestos de sexo com as mãos) e deu.
NP: E ainda fala “foi bom pra você?”, pô. Cadê o jornal que eu tava lendo… E qual foi o primeiro filme que você dirigiu?
MS: Então, filme assim mesmo, foi o primeiro e o único até agora, que foi “Desconectados”, que foi minha primeira produção para o Sexy Hot. Ainda não ficou como eu gostaria, mas ficou bem… eu gostei bastante assim do ator, ficou bem… aquele negócio que a gente falou, de meigo assim, ficou bem bonito, foi bem carinhoso. Nessa parte eu curti muito, ficou bem o que eu queria. E, além do “Desconectados”, recentemente eu fiz umas cenas curtinhas da Emme white…
NP: Ah, ela teve no nosso programa também.
MS: E esses são os únicos trabalhos, por enquanto, que eu fiz.
Atriz Mila Spook e a semelhança com a pornochanchada
NP: Me disseram que você tem algo em comum com as atrizes da pornochanchada, quer dizer, com as atrizes dos anos 70.
MS: Tenho.
NP: E o que que é?
MS: É que agora, alguns meses… é que embaixo eu não posso mostrar, embaixo já é uns dois/três anos que tá desse jeito. Agora em cima… (Mostra as axilas peludas)
NP: Gente!!! Olha…
MS: É. E faz uns…
NP: Embaixo também tá?
MS: Embaixo já tá uns três anos que eu deixei assim. É a melhor sensação do mundo não ter que se depilar, não ter que sofrer e é gostoso.
NP: Ah, eu adoro
MS: E esse negócio de “ah, não é higiênico”, é tudo mentira.
NP: Ah, não é higiênico se você não lavar. E nem se você raspar tudo e não lavar não é higiênico.
MS: Embaixo do braço não é uma coisa comum das mulheres, mas é comum do ser humano e as pessoas têm que aceitar.
Feminismo?
NP: Eu diria que você é uma feminista dos anos 70, não digo feminista de agora. Agora esse tema feminista ficou muito pejorativo, né.
MS: Eu evito associar minha imagem ao feminismo, porque as feministas, pelo menos aqui no Brasil, elas são bem contra a pronografia, então…
NP: Ah, meu bem…
MS: Mas pra mim toda mulher é feminista, não tem isso. Elas têm que se apoiar, elas têm que aceitar e se a mulher quiser fazer o que ela quiser fazer… se é pornô, programa, elas têm que aceitar que é uma opção de cada uma.
NP: É uma opção de cada um.
MS: E a gente não tem que ficar se reprimindo umas às outras, porque isso é coisa do machismo, não é verdade?
Encontre o trabalho da atriz Mila Spook
NP: Eu acho, acho mesmo. E agora o seu trabalho, onde a gente encontra o seu trabalho?
MS: Tô com meu site pra lançar, que é o “milaspook.com” e o Instagram. O meu trabalho fotográfico, ele está no Instagram. Agora com meu site lançando eu vou por coisas mais pornográficas no meu site.
NP: Seu Instagram é…
MS: Meu Insta é @mila.spook.
NP: Mila, você já foi no Xgirl, né?
MS: Ah, já, lá no comecinho eu acho.
NP: Tá na hora de voltar. Agora eu quero te agradecer, porque você é uma fofa, é muito simpática, viu. Adoro essa sua posição liberada. Obrigada.
MS: Obrigada, você! Você é um amor, adorei te conhecer.
NP: Ah, ti bunitinha! E agora, a gente vai para a nossa bunitinha Xgirl.
A nossa Xgirl
E o programa terminou com a maravilhosa xgirl Duda Balbi, uma morena de olhos verdes linda e gostosa, que ficou nua em um ensaio sensual com estilo urbano para combinar com com esse corpo tatuado e cheio de curvas.