Nas redes sociais o tráfego de visualizações e likes patrocinados por anunciantes de publicidade dominam cada dia mais o mundo virtual e exigem o banimento dos conteúdos sexuais que somam uma enorme porcentagem de acesso. Ou seja: uma guerra contra a nudez nas redes sociais foi instaurada.
Afinal, como citou George Orwell: “A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa”.
Novas políticas contra nudez nas redes sociais
Desde o fim de 2017, as redes sociais pesaram suas políticas para usuários utilizarem seus serviços. O pretexto é para combater o discurso de ódio, assédio e violação dos direitos privados e intelectuais. Mas nesse pacote todo, entra também o sexo, que é ameaçado por desastrosas leis governamentais. Basta ver a gerência moralista que o Google faz nas suas ferramentas de busca em conteúdos adultos. O que fez os ex-funcionários da empresa criarem o Boodigo, um motor de busca especializado em sites +18.
Na verdade, a perseguição aos “nudes” nunca foi novidade desde o surgimento das redes sociais na metade da primeira década dos anos 2000. Facebook e Instagram desde sua criação não permitem imagens de nudez, tendo diversas controvérsias do que realmente é um “nudes” ou uma “foto erótica”.
O Facebook chegou ao absurdo de punir um perfil de arte por ter postado a clássica foto da pré-histórica Vênus de Willendorf.
Derrubada em massa de perfis adultos
Mas a desagradável surpresa desde novembro pra cá é que até mesmo as redes sociais que permitiam nudez estão aderindo à censura. É o caso da principal rede que mantém o perfil dos principais trabalhadores sexuais e produtores de pornografia: o Twitter.
Um “Conselho de Confiança e Segurança” foi contratado para desenvolver um trabalho específico junto aos fundadores do Twitter. Desde então, pude me deparar com diversas contas que vieram caindo desde fevereiro. Assim, gigantes do mundo +18 tiveram seus perfis retirados do ar com o argumento de “novas regras do Twitter”. Mas basta uma olhadinha superficial nessas “novas regras” e iremos nos deparar com itens extremamente relativos, abertos para um julgamento incoerente e infindável.
Uma das contas que desapareceu foi uma arroba que se orgulhava muito em “amar putaria”. Era uma das maiores contas de conteúdo adulto da internet e talvez a maior conta sexual do Twitter no Brasil! Sua audiência de 1 milhão e 280 mil seguidores era maior que a das principais produtoras pornográficas do país juntas, do alt porn ao mainstream. Esse perfil vendia a publicidade do segundo site mais popular de camgirls do país e tinha seu conteúdo feito por teasers de vídeos pornôs, gifs e fotos de nudez explícita, sempre com frases referentes às relações convencionais e monogâmicas.
Tinha também tweets do cotidiano, como “açaí com leite em pó é melhor que sorvete”. Certamente era uma arroba de puro entretenimento, que atraía diversos interessados pelo gênero comum do erotismo, entre eles diversas jovens mulheres.
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Regras obscuras para banimento de perfis
Nesse caso da arroba que “amava putaria”, antes mesmo de eu me atentar aos novos regimentos legisladores, eu quis me convencer que o seu banimento se deu pelo copyright, que está dentro de um dos pontos que o Google quer combater: a distribuição de conteúdo privado sem autorização. Assim sendo, essa arroba acabou de certa forma justificando a própria punição, porque não dava créditos aos produtores oficiais do conteúdo.
No entanto, dias depois, outra conta gigante em importância foi retirada do ar. O perfil de uma das mais ilustres GP’s de luxo de São Paulo foi censurado com a mesma justificativa de sempre.
Porém, basta ler os itens relativos das “novas regras” e não encontraremos nenhuma violação cometida por ela, que recentemente havia sido capa de uma famosa revista nacional.
Pois, como bem dizem as normas do Twitter:
O Twitter permite algumas formas de (…) conteúdo adulto em Tweets marcados como mídia sensível. No entanto, não é permitido usar esse conteúdo em suas imagens de perfil ou de capa
O que, na teoria, daria o direito a qualquer pessoa se exibir livremente nos seus tweets ou divulgar seu trabalho de profissional do sexo seja lá qual for à área de atuação. Essa GP não violava o copyright. Os tweets não pregavam discurso de ódio e nem injúria.
A única justificativa que eu realmente vejo está baseada numa “nova política” obscura onde o Twitter, agora quase no mesmo nicho de outras redes ainda mais conservadoras, desde o fim de agosto de 2017, tem se baseado para excluir contas poderosas de conteúdo sexual, como se executassem um controle da liberdade de expressão.
Redes sociais que permitem nudez
Observando essas “novas políticas” aderidas pelo Twitter, intelectuais e produtores de pornografia têm tentado novas maneiras de divulgar seu conteúdo de trabalho sem correr riscos de banimento. Assim, alternativas surgem como o Uplust que é considerado um Instagram sem censura, onde a nudez nas redes sociais é permitida.
O recente Switter está ainda em fase de aprimoramento e foi anunciado pela GP de luxo australiana, Lola Hunt, cofundadora dessa nova rede social, com as seguintes palavras bem explicadas:
“Por favor, passe para os trabalhadores: Estou apresentando Switter, uma plataforma como o Twitter para os trabalhadores do sexo. Nós decidimos que ao invés de esperar para ver se as nossas contas serão banidas, que seria melhor criarmos uma versão censura livre para nós…”
Anunciante é sinônimo de dinheiro!
Antes de tudo, temos que lembrar que o anunciante quer sempre o máximo de pares de olhos possíveis nos aparelhos conectados e uma rede social que aceita +18, em tese, tem conflito de acesso em função de menores de idade, já que uma classificação livre tem muito mais alcance e reduzidos conflitos legais. Ou seja, a boca de funil do marketing aumenta e no final é sempre o dinheiro que está no controle.
Além disso, os atos SESTA/FOSTA, projeto de lei que introduzido pelo Senador americano Rob Portman e assinado pelo atual presidente Donald Trump no último dia 11 de abril, modificam um conjunto de leis de 1996 que prevê ‘o ato de “decência” nas comunicações’.
Essa lei, que combate abertamente à “prostituição” na rede e enquadra divulgadores desse tipo de serviço no crime de “tráfico de pessoas”, deletará mais perfis como o da famosa GP de luxo de São Paulo e vai contribuir para pegar muito “mal” legalmente para qualquer rede social que não se posicione favorável a essa modificação na lei e automaticamente contra a pornografia. E pegar “mal” para uma empresa na Bolsa de Valores significa ver as ações despencando e investidores bem putos. Dinheiro! Mais uma vez, dinheiro!
“Quando não pagamos pelo produto, nós somos o produto”
Achando falta de ética ou não, a rede social de uso não é nossa. Eles, os donos do mundo, só nos deixam usá-las enquanto a querem para observar nosso comportamento e vendê-lo para grandes corporações. Inclusive, prevendo adequações governamentais, as redes sociais afirmam nos seus “termos de uso” que as regras podem mudar a qualquer momento, sem aviso prévio.
Por fim, podemos concluir que essa guerra executada pelas mais tradicionais redes de comunicação contra conteúdo +18, e também com tantas leis anti-pornografia em vigência, é que estamos adentrando novamente para “A Idade das Trevas”.
Esse período que surgiu logo após o declínio do Império Romano e ficou conhecido também como “A Noite de Mil Anos”, onde todo o conhecimento era cerceado e toda sexualidade ideológica era violentada e proibida, como se fossem um reles e mitológico fruto do pecado que atrapalha o jogo de finanças de quem paga pelos lucros. Coisa que não é, nunca foi e nunca será, mesmo que a massa manuseada pelo dinheiro acredite no contrário.