Por Manddy May
Quando falamos sobre pornografia contemporânea e de pornô feito de
mulheres para mulheres, sempre há opiniões divididas, como se fosse um assunto novo ou uma adaptação do mercado para acompanhar a emancipação da mulher perante a sociedade.
Se engana quem pensa que pornografia para mulheres é uma onda
recente, a pioneira do segmento de pornô feito para mulheres foi Candida Royalle, atriz na década de 70 e que abriu a sua primeira produtora a Femme Filmes em 1984.
O Sexo é um meio de interação libertadora que sempre foi tabu para
mulheres. Fomos criadas em uma sociedade onde todas as atitudes de
protagonismo feminino, principalmente em âmbito sexual, sempre foi criticada.
Pornô feito para mulheres
Desde meninas, as mulheres são ensinadas a não tocarem em seus genitais, a não se comportar de forma inadequada e a não fazer nada que lhe dê prazer sexualmente. Porém, os homens são expostos a pornografia tradicional machista desde cedo. O resultado disto é uma sociedade onde os homens são viciados em um tipo de pornografia onde tudo é muito fácil, as mulheres estão sempre lubrificadas, sempre tem orgasmos e gemidos altíssimos, sempre vão ter orgasmo muito rápido. Pois, afinal, o herói desse tipo de filme é o “Super Pênis” que com penetrações rápidas e movimentos britadeira são capazes de fazer qualquer mulher gozar em minutos.
Por isto, o pornô para mulheres foca em uma narrativa mais real e no
prazer feminino, onde a mulher está curtindo e recebendo atenção tanto quanto o homem. Temos que quebrar a ideia de que sexo é algo que os homens “tiram de nós”, nós fazemos sexo porque queremos, ou melhor, porque gostamos, e gostamos muito. Mulher vê pornô, mulher se masturba, mulher tem variedades de fantasias tanto quanto os homens. A pornografia para mulheres pode ser romântica, mas não quer dizer que toda mulher gosta de rosas e vinho. Chega de estereotipar que a mulher só gosta de coisas básicas e que o sexo tem que ser conquistado.
Mulher não goza só com penetração
O pornô feito de mulheres para mulheres mostra isso. Sexo quando bem feito é bom para as duas partes, mulher não goza só com penetração, não existe um “Super Pênis” que vai tornar tudo mais fácil. Chegou a hora de mostrar que talvez não seja difícil uma mulher atingir um orgasmo, mas que talvez o amiguinho não esteja se esforçando direito.
Mulher tem orgasmos, e eles são de vários jeitos, desde aqueles que
ultrapassam decibéis até aqueles tímidos e igualmente gostosos. O pornô feminino tenta acabar com a ideia de que é normal a mulher não gozar. Passou o tempo em que a mulher estava em cena para ser um divertimento para o homem, agora é fogo no parquinho: é mostrar para o homem o que a gente gosta, é não ter medo de pedir um oral diferente do que estamos recebendo é mostrar o que nos excita é curtir aquele momento tanto quanto ele ou até mais.
“me sinto mais respeitada dentro do set do que em alguns encontros causais”
Analisando a minha própria vida pessoal e profissional cheguei à
conclusão que me sinto muito mais respeitada dentro do set de filmagem do que em alguns encontros casuais, no pornô eu fico sabendo o roteiro antes, tenho liberdade para falar abertamente com quem irei contracenar sobre meus limites, e ouvir o limite das pessoas, eu escolho o que vou fazer e quando acaba saio com um sorriso no rosto e um mix de sensações que variam entre: “Meu Deus eu não acredito que estou sendo paga pra fazer essa cena maravilhosa” e aquela sensação de missão cumprida.
Pornô para mulheres e a voz feminina
Fazer pornografia além de me dar perspectiva profissional me deu voz para falar sobre assuntos ligados a sexo. No meu Instagram recebo dúvidas sobre várias coisas que ainda são tabu e sempre que tenho tempo procuro responder e as pessoas me ouvem.
Isso é tão incrível, ajudar pessoas a compreenderem a própria sexualidade de uma maneira mais clara e quebrar tabus me faz perceber que eu tenho o meu papel de contribuição para a sociedade, eu posso dizer que o pornô preencheu o meu vazio existencial
Seja santa ou seja puta, o pornô para mulheres está aí para mostrar que
somos livres para transar como e quando queremos. Por isto esse tipo de
pornografia tem alcançado cada vez mais o público geral e revolucionando o conceito de pornô, um dia vamos olhar para trás e ver que o estilo de pornô com macho alfa não cola mais.
Faço sim
Uma pessoa segura não quer a parceira fingido orgasmo para massagear
o ego, uma pessoa segura quer ver a parceira tendo orgasmo até ficar cansada.
Enquanto eu tiver disposição irei atuar em filmes que eu goste para mostrar que faço o que quero, como quero e quando eu quero. E que a sociedade aceite nossa afronta, porque eu gosto muito do que eu faço sim.