Com os primeiros vídeos de pornografia feita por mulheres, veio junto um debate sobre estilo X e Y. Homens x Mulheres. Putanheiros de todos os níveis, de filósofos pornógrafos a masturbadores compulsivos, todos queriam nomear: “é biscoito”, “é bolacha”, mas… Que tal sentar, molhar o biscoito, ops, o bico e conversar sobre o porno feito por mulheres?

Uma breve história da pornografia para homens

Basicamente, a pornografia para homens é produzida desde muitos anos antes de John Stagliano (Produtor da Buttman), o foco sempre foi o prazer deles enquanto a mulher era uma coadjuvante na satisfação do prazer dos moços (nem sempre tão moços).

Quem nunca viu dos cartazes do Moulin Rouge pintados por Toulouse Lautrec, com pernas e calcinhas à mostra, ou aqueles cards vintages do final do século XIX, que no século XX se transformaram em pequenos livros ilustrados como os “catecismos” de Carlos Zéfiro, ou os baralhos suecos da década de 60/70 (isso pra falar de história recente)? Se não viu, deveria ver… Isso é História minha gente, da putaria, mas é.

Cartaz Moulin Rouge pintado por Toulouse Lautrec

Entenda, se mulheres comuns nem tinham acesso a esse tipo de material, e quando tinham acesso, sentiam como ultrajadas (outros tempos, outros tempos…), como curtir, e se curtir, como assumir sem ser considerada uma degenerada?

O mito que mulher não gosta de pornografia (Blehhhh…)

E então, surgiu o mito que mulher não curtia pornografia, quando na verdade (opinião minha) a maior dificuldade era acesso e interesse. Não sei se existe pornografia para homem ou mulher ver, mas como mulher afirmo: se nos anos 80 era pauleira ir na prateleira de filme porno escolher, e o pior, quando assistia, era mais pauleira ainda ver a mulher 100% do tempo objetificada em roteiros mequetrefes, ficava difícil até assistir com o parceiro. Melhor se ocupar num boquete, ou cavalgar de costas, sem prestar atenção à tela. Sério!

Afinal, mesmo existindo essa historinha sobre homens e mulheres serem sexualmente “muito” diferentes. Eles serem visuais e elas sensoriais, e blá, blá, blá… Parece que a humanidade evoluiu (não é mesmo?), mas o pensamento sobre o desejo sexual da espécie humana, independente de gênero, seguiu em marcha lenta. Mulheres diziam não curtir pornografia, talvez por achar nojento ser um depósito de porra e ponto. Simples assim.

A Insustentável leveza da Pornografia feita por mulheres

Brancas como leite - pornografia feita por mulheres

É fato, há uma diferença delicada em pornografia feita por mulheres e homens. Sem disputa. Apenas é diferente, gostar mais de um estilo ou de outro, pffff… Nada a ver, mas assistir a Handcuffs de Erika Lust, por exemplo, e comparar com qualquer outro vídeo porno, mesmo lésbico, produzidos por homens, a diferença é gritante. O olhar feminino está ali, a história acontece na tela, mas sobretudo na nossa mente, a pornografia é explicitamente implícita.

O que nos leva a refletir que as mulheres que diziam não consumir pornografia, afirmavam isso por N motivos, mas… Em suas fantasias eróticas a coisa mudava. Naquele momento íntimo estava lá o “inconfessável” desejo do sexo anal, daquela pegada mais forte com puxões de cabelo, dos tapas na bunda, da vontade de ter ido além daquele beijo “só por curiosidade” com a amiga enquanto estava de pilequinho, ou até imaginar como seria ver dois caras se pegando. Por que não?

Fantasias… Fantasias que, não necessariamente precisam ser iguais (do suave romance, ao rough sex com pegadas hardcore), ou que necessitam ser realizadas, mas que só outras mulheres tiveram esse insight também e ousaram produzir, realizar para o nosso deleite. Acho que não à toa um dos maiores sucessos de Petra Joy, tem o nome de “Female Fantasies”. E o melhor, é um mix de desejos eróticos, um “gang bang” de fantasias sexuais femininas, mas que excita quem assiste, homem ou mulher.

(Continua…)

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Sobre o Autor

Beth Vieira é carioca, designer de moda por formação e escritora por paixão. Desde 2003, vem internetando e desmistificando o sexo por aí..

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